Golpista do Tinder: lutador de Jiu-Jitsu apresentava vítimas à família como namoradas

“Ele coleciona vídeos íntimos de mulheres e depois fica chantageando essas mulheres”, diz vítima

Postado em: 08-04-2024 às 16h01
Por: Rauena Zerra
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“Ele coleciona vídeos íntimos de mulheres e depois fica chantageando essas mulheres”, diz vítima I Imagem: Arquivo Pessoal

No último sábado (6/4), um lutador de Jiu-Jitsu foi detido por policiais militares no Ginásio Rio Vermelho, em Goiânia, durante um torneio internacional de Jiu-Jitsu. Ele é investigado por utilizar maneiras fraudulentas no Tinder e, de acordo com informações, há suspeitas de que ele tenha gravado encontros íntimos com mulheres e, posteriormente, as ameaçado para impedir a divulgação dos vídeos. O homem teria feito vítimas em Goiânia e Brasília.

Segundo o relato de uma das vítimas ao O Hoje, T.G.O, de 41 anos, é pai de dois filhos, não tem emprego, e ele possui um modo de agir bastante particular: geralmente mira em mulheres recentemente separadas ou divorciadas, mães que criam seus filhos sozinhas ou viúvas.

Ao começar um novo relacionamento, ele se mostrava amigável e prestativo, levando a namorada/vítima para sua casa, apresentando seus filhos e fazendo com que sua mãe recebesse a mulher como a única nora, preparando bolos, quitandas e outros mimos para elas levarem. Por vezes, o golpista poderia estar envolvido com mais de uma mulher durante a semana.

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A vítima gradualmente se torna emocionalmente dependente de maneira discreta e orgânica, estabelecendo assim um laço de confiança no qual confia sua privacidade, incluindo detalhes como celulares, convívio familiar e ambiente de trabalho. O golpe emocional começa disfarçado de abuso patrimonial, onde o vigarista se auto intitula programador, mas na realidade não trabalha, diz à vítima que o mercado está ruim e ela, por ser namorada, não hesita em arcar com despesas como viagens, jantares, transporte, entre outros.

Posteriormente surgem pedidos de empréstimos, quitação de contas, custos com esportes, dieta e até pagamentos de advogados e fianças que, até então, vinham encobertos por mentiras de que ele estava sendo injustiçado, de que suas ex-companheiras eram insanas e de que ele sairia ileso dessa situação.

Ainda de acordo com a vítima, a violência patrimonial surge após a violência psicológica, permeada por um comportamento machista que restringe a liberdade da parceira, proibindo-a de interagir com amigos homens, de postar fotos de biquíni ou roupas mais reveladoras, e criando situações em que a vítima se sente culpada, sendo manipulada a acreditar que seu comportamento é inadequado. O ciúme doentio é acompanhado por agressões verbais, evoluindo para agressões físicas, principalmente em locais fechados como carros e em casa. Isso faz com que a vítima se sinta acuada e manipulada pelo agressor.

Em certas ocasiões, ele repetidas vezes coagiu o ato sexual ou estupro em algumas vítimas. Outra vítima também denunciou um crime de estupro de vulnerável, onde o agressor forçou o ato sexual com a vítima sem consciência e embriagada, gravando a cena e mantendo o vídeo contra a vontade dela. Outro delito cometido por ele é o armazenamento de vídeos de suas parceiras para depois chantageá-las e ameaçar expor o conteúdo.

Uma das vítimas decidiu denunciar após sofrer ameaças por intermédio de terceiros. Ela havia encerrado o relacionamento dois anos atrás e estava em um novo relacionamento, não bem aceito pelo agressor, que sempre tentava se comunicar com ela. Diante das ameaças, a vítima entrou em contato com outras duas vítimas, e juntas formalizaram suas denúncias na delegacia. 

No último sábado, o suposto agressor a teria insultado e ameaçado durante o campeonato de jiu-jitsu, levando a intervenção da Polícia Militar, que o levou para a central de flagrantes. Atualmente, ele está sob prisão preventiva aguardando o desenrolar das investigações.

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