Mais de 3 mil casos de câncer de mama e próstata estão previstos para 2024 em Goiás

O câncer é uma alteração no comportamento da célula, transformando-a em uma célula tumoral. Esse processo ocorre em várias etapas. O presidente da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) e oncologista do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), Alexandre João Meneghini, explica que existem as predisposições do indivíduo. 

Tais tendências podem ser genéticas, onde são passados hereditariamente de pais para filhos, por exposição a agentes cancerígenos, e também podem estar associadas ao estilo de vida, bem como a alimentação e hábitos de saúde. Para além desses, o envelhecimento é outro fator que está vinculado ao desenvolvimento de um câncer, já que a incidência aumenta com a idade.

Este mês de abril é conhecido como o mês de combate ao câncer. Em todo o mundo, especialistas reforçam o alerta sobre a incidência dessas anomalias que são responsáveis por milhões de óbitos todos os anos.

No Brasil, os cânceres mais incidentes continuam sendo o tumor de mama, nas mulheres, e o câncer de próstata, no caso dos homens, seguidos do câncer de cólon e reto na terceira posição, segundo afirma o presidente. 

Em Goiás, a estimativa é que surjam neste ano, mais de 1900 casos de câncer de mama e 2500 novos casos de câncer de próstata. “Esse número é alto e nos alerta para a importância da detecção precoce, a partir dos exames de rastreio, para que os prognósticos de tratamento sejam mais efetivos, menos invasivos”, afirma o oncologista. 

Em 2023 o Estado registrou 13.778 casos de câncer, segundo dados do Painel Oncologia Brasil divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO). De acordo com os números, o câncer de pele somou 1368 casos; a neoplasia maligna da mama somou 1118 diagnósticos e o câncer de próstata teve um total de 924.

Em Goiânia, a incidência das doenças é de cerca de oito mil por ano, é o que afirma José Carlos de Oliveira, oncologista do Setor de Cabeça e Pescoço do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) e responsável pelo Registro de Câncer da capital.  Os dados fazem com que a doença seja uma das  principais preocupações para a saúde em todo o mundo, uma vez que esta é a segunda causa de mortes no país e no resto do mundo, de acordo com o especialista.

Desenvolvimento do câncer

Meneghini destaca que, no geral, a formação de um câncer no organismo humano é lenta e pode demorar anos para que os primeiros sintomas sejam percebidos, por isso, a importância da atenção integral à saúde e os exames de rotina.

O câncer é uma doença tratável e tem percentuais altos de cura, em especial se detectado nos estágios iniciais. O médico explica que, quando descoberto no início, o paciente tem mais chances de cura. “ Isso porque o corpo responde positivamente ao tratamento, o que é bom em todos os aspectos, tanto para o sistema de saúde, que terá menos gastos com esse paciente, e para a própria pessoa que passará por um tratamento menos invasivo, em um período mais curto e com mais chances de cura”.

Porém, essa detecção precoce só ocorre caso o paciente cuide da saúde e faça periodicamente os exames necessários para identificar os diferentes tipos de câncer que podem acometer a população. “Para isso, a população precisa ter acesso à assistência básica de saúde, com a condição de ser avaliada e diagnosticada corretamente”, chama atenção o médico, ao afirmar que os tratamentos especializados,  ainda são desafios no Brasil.

Para o presidente, o câncer precisa ser visto como um caso de saúde pública e, por isso, é tão bem-vinda a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovada no final de 2023. A política trata sobre toda a jornada do paciente, desde o diagnóstico até ao tratamento, passando pelos cuidados com equipes multidisciplinares, acesso aos medicamentos e acompanhamento individualizado. 

Ao falar sobre os fatores de risco, o especialista destaca o estilo de vida como um fator muito importante a ser avaliado quando se pensa em saúde. Assim, o uso de cigarros – incluindo os eletrônicos -, abuso de álcool, uma dieta alimentar pobre em nutrientes e fibras, além do sedentarismo, são os principais fatores para doenças que vão além do desenvolvimento de câncer, segundo o médico.

Tipos de Câncer

Ainda de acordo com o oncologista, os tipos de câncer estão relacionados às diferentes células do corpo, por isso, para cada tipo existem características específicas, incluindo sua capacidade de multiplicação das células e de invadir tecidos e órgãos no caso da metástase, o que define a doença. 

Em relação aos tipos mais agressivos, ou seja, com maior letalidade, o médico destaca o câncer de pulmão, associado ao tabagismo ou à exposição, e o câncer colorretal. “E como eu disse, o diagnóstico tardio agrava o prognóstico de qualquer tipo de câncer”, alerta.

Os tratamentos, principalmente quando a doença já está em estado avançado, acarreta uma série de procedimentos, como cirurgias de alta complexidade, sessões de radioterapia e quimioterapia, dentre outras intervenções.

Alimentação pode ser uma aliada na prevenção do câncer

Assim como o estilo de vida pode estar associado ao surgimento do câncer, a alimentação quando feita de forma adequada, pode prevenir contra a doença ou ser uma importante aliada dos tratamentos, segundo estudos

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 30% dos casos oncológicos no Brasil podem ser prevenidos com uma alimentação saudável.

A nutricionista oncológica Lays Serafim Ribeiro, afirma que, enquanto alguns alimentos funcionam como gatilho para o desenvolvimento de doenças, outros podem ser cruciais para a prevenção delas.

“A alimentação saudável é fundamental, porque estamos falando de melhor consumo de macro e micronutrientes, fontes melhores de carboidratos, de proteína e de gordura de qualidade”, destaca a nutricionista ao afirmar que essas substâncias são essenciais na prevenção tanto do câncer quanto de outras doenças crônicas.

Para além da prevenção do câncer, uma boa alimentação é essencial durante o tratamento após o diagnóstico da doença. Dados da OMS, apontam que cerca de 40% a 80% de todos os casos diagnosticados desenvolvem algum grau de desnutrição durante a doença.