Aline Bouhid e Eduardo Marques 

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã de hoje (4) o ex-prefeito
de São Miguel do Araguaia, Nelio Pontes Cunha (PSDB), e Leonardo Dias Mendonça,
de 55 anos, conhecido como o “Barão do Tráfico”. 

A operação aponta que o grupo investia em
empresas, desde Faculdade, passando por garimpo e postos de combustíveis na
tentativa de dar aparência lícita ao dinheiro obtido com os lucros do tráfico
de drogas. Durante o cumprimento dos mandados, as equipes da PF apreenderam um avião, 15 carros de luxo, avaliados em cerca de R$ 2,5 mi, e joias. Além disso, os investigadores encontraram mais de 1 tonelada de cocaína nos portos de Itajaí e Santos – SP.

As investigações contaram com a ajuda de diversos países que não foram revelados. A expectativa é de que o grupo tenha movimentado cerca de R$ 200 mil em diferentes moedas. 

De acordo com a corporação, as investigações se iniciaram no início do ano, através de suspeita de recebimento de entorpecentes que eram transportadas em aeronaves e pousadas em pistas de voos no interior goiano. 

Leonardo Dias Mendonça é ex-aliado de Fernandinho Beira Mar. Já cumpria pena e usava de
tornozeleira eletrônica. As investigações indicam que mesmo assim ele coordenava
a internalização da cocaína dos países produtores e enviava a droga de navio
para a Europa. Segundo a Polícia Federal, os investigados responderão por
tráfico internacional de drogas, cuja pena máxima pode alcançar 25 anos, sem
prejuízo de demais implicações penais ao final das investigações.

Segundo a Polícia Federal, a participação do ex-prefeito ocorria pelo suporte logístico do tráfico internacional de drogas. Sem detalhar, o delegado Bruno Gama afirmou que Nelio, assim como Leonardo, recebia os entorpecentes da Bolívia e revendia para a Europa, por meio dos portos de Santos (SP) e Itajaí (SC). A corporação justificou que os detalhes das investigações não seriam repassados, devido o caso estar em segredo de justiça. 

A diligência, a princípio, está centrada apenas no tráfico de drogas, mas será apurado posteriormente a prática de lavagem de dinheiro, numa segunda fase da operação.

Os ilícitos eram transportados via aeronaves de pequeno porte. Os investigadores trabalham com a possibilidade de Goiás ter funcionado como local estratégico de armazenamento da carga. Há indícios de que o grupo também despachava parte da droga por meio de conteiners em navios e utilizando mulas no transporte da droga em voos comerciais para outros países. 

A operação Ozark-Narco cumpre 50 mandados judiciais
expedidos pela 5ª Vara Federal de Goiás, sendo 25 mandados de prisão e 25
mandados de busca e apreensão. Cerca de 130 policiais federais atuam na
operação. Até o momento foram apreendidos veículos de luxo, materiais usados no
embalo das drogas e notas de real e dólar. O grupo criminoso atuava no tráfico
internacional de drogas em Goiás, São Paulo, Pará, Minas Gerais e no Distrito
Federal.

As defesas dos citados não foram localizadas, mas O Hoje esclarece que o espaço continua aberto, caso haja interesse.