Cinco dias de cultura em Paraty

Amanda Damasceno, de Paraty / Especial para O Hoje  Cinco dias, 39 autores de diferentes países e um público de 23 mil

Postado em: 11-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Amanda Damasceno, de Paraty / Especial para O Hoje 

Cinco dias, 39 autores de diferentes países e um público de 23 mil pessoas. Esse foi o balanço da 14ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que ocorreu entre os dias 29 de junho e 3 de julho. O público foi maior que o do ano passado (quando a organização estimou em 21 mil os presentes), entretanto as pessoas que compraram ingressos ou tinham convites para a Tenda dos Autores diminuiu de 13,2 mil, em 2015, para 12,2 mil neste ano.

Entre as justificativas para o menor público, o diretor da Casa Azul, que organiza a Flip, Mauro Munhoz, citou o período em que o evento teve de ocorrer. Segundo Munhoz, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos fizeram com que a festa fosse antecipada para o fim de junho, o que teve impacto junto aos professores e estudantes universitários – parte importante do público – que acabaram não podendo ir à festa por ainda não estarem em férias.

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Izabel Costa Cermeli, diretora da Flipinha e membra da Casa Azul, destacou ainda que as ruas mais vazias – algo percebido por quem costuma frequentar a Flip – mostram que o público que estava presente foi pela literatura. “Talvez não tenha algo de anos anteriores, de um público que vem pelo oba-oba e nem sabe muito bem o que está acontecendo”. Munhoz ainda declarou que vê de forma positiva a diminuição do fluxo de pessoas em Paraty, porque dessa forma a festa não sobrecarregou a infraestrutura da cidade.

Sim, havia menos pessoas dentro da Tenda dos Autores e nas ruas, mas havia mais pessoas no evento. Como? A explicação é a Tenda do Telão, espaço logo ao lado da estrutura principal do evento e que transmitia as mesas para o público que ficava do lado de fora. Curador da Flip neste ano, Paulo Werneck lembrou que o telão foi criado há dois anos e, desde então, conquista cada vez mais pessoas. “O público está comprando a ideia do telão, de assistir lá”, garantiu.

Cermelli destacou ainda dois pontos. De acordo com a diretora da Flipinha, se as ruas estavam mais vazias isso se deu também em razão das programações alternativas, que aconteciam nas mais diversas casas, e da crise econômica, que afasta aquele turista que aproveitava a época apenas para passear em Paraty, sem participar do evento.

Mais que a Flip tradicional, com as mesas de autores, a festa tem duas programações para atingir públicos de diferentes faixas etárias: a Flipinha e a Flipzona. Enquanto a Flipinha é voltada para o pública infantil e traz contações de histórias e autores de literatura para crianças, a Flipzona é direcionada para o público jovem e trouxe, além de debates, oficinas de mídias sociais, escrita e empoderamento para meninas e audiovisual. 

A Flip deste ano, além de homenagear pela segunda vez na história uma mulher a poeta Ana C., também foi a que mais teve participação feminina. As mulheres estavam nas mesas de poesia, literatura erótica, humor e, na mais aguardada, figurava Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do prêmio Nobel de Literatura por suas obras que retratam as tragédias humanas a partir de quem as viveu. Não foi, portanto, uma surpresa que as mulheres dominassem a lista de livros mais vendidos durante a festa. Aleksiévitch figurou com seus dois livros publicados no Brasil em primeiro e terceiro lugares. A poeta homenageada teve o livro A Teus Pés em segundo lugar. Apareceram, ainda, Tati Bernardi (8º) e Valeria Luisieli (9º). 

Clarice Lispector veio em quinto lugar com seu livro de contos organizado pelo participante da Flip Benjamin Moser.  

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