Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Saiba mais sobre a doença de Alzheimer e como tratá-la

Geriatra tira dúvidas sobre a doença e fala sobre as formas de tratamento

Postado em: 07-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Geriatra tira dúvidas sobre a doença e fala sobre as formas de tratamento

Elisama Ximenes

Quem lê Ainda Estou Aqui, livro do jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, espera uma documentação sobre a vida e a morte de seu pai, que foi assassinado durante a ditadura militar. Esse relato não está fora do livro, no entanto o que é mais forte na narrativa é a história de sua mãe, Eunice Paiva, que foi diagnosticada com o mal de Alzheimer quando chegou à terceira idade. Marcelo, inclusive, prefere chamar só de Alzheimer, porque, para ele, a palavra passa uma imagem negativa. “Não se diz mal de câncer, mal de distrofia muscular, mal de gripe, mal de alergia. Mas Parkinson e Alzheimer são um mal”, associa o escritor. De acordo com o Instituto Alzheimer Brasil, a doença atinge 1,2 milhão de brasileiros. Ainda, segundo o IBGE, ocorrem 100 mil novos casos por ano.

Esquecimento, confusão mental, apatia, alterações de humor e perda da cognição para realizar tarefas simples como contas matemáticas são alguns dos sinais que auxiliam no diagnóstico da doença. Ela não tem cura, é neurodegenerativa, ou seja, age na destruição progressiva e irreversível de neurônios, e é controlada por meio de medicamentos e terapias. Entretanto essas medidas têm efeito temporário. As pessoas diagnosticadas, como Dona Eunice, vivem, então, sob tratamento e sob os cuidados de profissionais da saúde com o apoio de familiares ou pessoas próximas. 

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Existem as terapias complementares, que estimulam o cérebro por meio de música, arte, fotografias antigas de família, jogos de memória e suplementos nutricionais. “Quando estimulados e submetidos a atividades que conseguem realizar, os pacientes apresentam ganho de autoestima e iniciativa e, assim, tendem a otimizar o uso das funções ainda preservadas”, garante a médica geriatra Zélia Santana, diretora técnica do Instituto Viva Bem. A mãe de Marcelo encontra na paciência e nos cuidados dos filhos sua terapia. No livro, ele conta que às vezes ela demonstra uma ponta de lucidez e lembra-se de uma coisa outra, mas logo volta aos seus devaneios.

O único fator de risco para a Alzheimer é a idade. Existem dados que dizem que, após os 65 anos de idade, a chance de desenvolver a doença dobra a cada cinco anos. Então 40% das pessoas com mais de 85 anos têm chances de desenvolver a Alzheimer. “Mas há casos em que os sintomas surgem precocemente – aos 40 ou 50 anos de idade. Quando isso ocorre, a evolução da doença é bem mais agressiva do que em idosos, por isso é fundamental procurar um médico ao primeiro sinal de perda de memória”, alerta a geriatra. Segundo ela, todo lapso que surgir deve ser investigado. A especialista explica também que o histórico familiar pode colaborar para o aparecimento da Alzheimer. “Fatores ambientais podem ajudar na prevenção como alimentação adequada, prática de exercícios físicos, socialização, manutenção de uma vida ativa, além do tratamento e do controle de doenças como diabetes, hipertensão e dislipidemia”, lista.

Segundo a Associação Brasileira de Al­zheimer, a doença pode ser dividida em três fases: leve, moderada e grave. No livro sobre Eunice, o narrador trata as fases de maneira poética para falar de sua mãe. A geriatra ressalta que, muitas vezes, o estágio inicial é confundido com o processo natural de envelhecimento. É na primeira fase que “o paciente pode apresentar problemas na fala, alterações de humor e sinais de esquecimento”. As limitações ficam mais evidentes,  na segunda fase, quando “a pessoa se torna mais dependente, se perde com facilidade, repete perguntas, não consegue realizar tarefas cotidianas como cozinhar e fazer compras, além de não se lembrar de eventos recentes”. No estágio avançado, a doença complica mais e tem grave prejuízo à memória, incapacidade de registro de dados e dificuldade na recuperação de informações antigas. “O paciente também passa a ter dificuldade para se alimentar e se orientar, mesmo dentro de casa. Existe ainda tendência de prejuízo motor, que interfere na capacidade de locomoção”, finaliza. 

Além de Ainda Estou Aqui, o cinema e a literatura estão repletos de narrativas que giram em torno de um ou mais personagens com Alzheimer. Entre os filmes, estão Para Sempre Alice, em que Julianne Moore interpreta uma linguista que foi acometida pela doença – esse foi, inclusive, inspirado no livro de mesmo nome. Amor, Iris e O Filho Da Noiva são outras produções cinematográficas que trazem o Alzheimer como costura principal da trama. Ausência, de Flavia Cristina Simonelli; Onde Estou?, de Darcy Brito; Quem eu? Uma avó. Um neto. Uma lição de vida, de Fernando Aguzzoli, e Sete histórias de Alzheimer, de Márcio F. Borges, são outras literaturas sobre a doença. Entre as literaturas infantis, destacam-se Vovô Volta A Ser Criança, de Paula Di Caterina, e Vovô É Um Super-Herói, de Fernando Aguzzoli.  

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