Música popular em cena – Marcelo Fedrá volta às raízes familiares durante confinamento

Novo trabalho traz reflexão sobre as conexões com o passado e a relação com sua filha

Postado em: 29-03-2022 às 07h40
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Música popular em cena – Marcelo Fedrá volta às raízes familiares durante confinamento
Novo trabalho traz reflexão sobre as conexões com o passado e a relação com sua filha | Foto: divulgação

Por Elysia Cardoso

Conectar-se ao passado pode fortalecer os laços com o presente. Esse é o ponto de partida do clipe de “Um Dia Só”, o primeiro da carreira de um dos compositores mais atuantes e influentes da nova cena da MPB, Marcelo Fedrá. A novidade, disponível no Youtube e nas redes sociais do multiartista, vem da canção composta por ele em parceria com Renato Frazão, que integra o seu álbum solo inaugural, “Gravidades”.  

A relação do homem com o tempo é assunto central da letra da música, que, entrelaçada ao clipe, conta a história familiar de Fedrá através da casa em que vive há 15 anos, onde já viveram seus bisavós, avós e seu pai. Passando por várias etapas, como a morte da sua avó, os anos da casa vazia, a sua deterioração e renascimento, ele se aproveita dessa temática para criar um paralelo entre o legado deixado por sua avó e a renovação despertada por sua filha, Lavínia Fedrá, de 6 anos, protagonista do clipe.

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Todas as imagens foram capturadas pelo próprio artista em 2020, no período de confinamento máximo por conta da pandemia de Covid-19. Cinco meses ininterruptos que representam o maior convívio com sua filha, sem os escapes da vida cotidiana, que divide essa relação com atividades escolares, sociais, de trabalho, entre outras. Nesse contexto, ele transcende a relação primária de cantor e compositor da canção para ser também realizador do clipe em todas as suas etapas, do desenvolvimento do roteiro, do texto introdutório, até a edição do clipe.

“Eu vivo há 15 anos nessa casa onde viveram meus avós, meu pai e onde agora vive minha filha. Quanto mais eu cuido da casa, mais amo minha avó. Um amor que se dá através da vida que dela restou. Nessa casa, viveram também meu tio e seus 2 quadros que jamais saíram daqui. Meu tio não era pintor, mas pintou dois quadros em 1968. Eu adoro fazer parte dessa história familiar e, ainda que meu pai não trate sobre isso, sei que sente como eu”, recorda.

Reflexões sobre a paternidade

A experiência da paternidade é o elemento condutor de “Gravidades”, primeiro álbum solo de Fedrá. Após lançar três projetos coletivos, “Mundo Grande”, de 2012, “Ás, Nove”, de 2016, e “O Bem do Tempo”, de 2018, no novo trabalho, o cantor e compositor apresenta reflexões sobre as questões existenciais que acompanham os diferentes cenários da vida. Com melodias que propiciam uma imersão intuitiva, ele cria um eixo central capaz de alinhar todo repertório, que começou a ser desenvolvido no final de 2014, pouco antes de saber que seria pai.

“A partir dessa experiência, percebi que a ideia simbólica em torno da palavra ‘gravidade’, que remete ao macro, serviu precisamente para remeter o micro quando percebi na minha filha, no feto, meu principal eixo centralizador. Corrobora a ideia de que íntimo e externo, micro e macro são facetas mais próximas do que parecem”, reflete. (Especial para O Hoje) 

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