‘Todo o intercambio cultural é positivo para as duas as partes’

GABRIELLA STARNECK*

Da Ucrânia para o mundo: esta é uma boa forma de explicar o trabalho de uma das companhias mais renomadas de balé no mundo, a Kiev Ballet. Isso porque, segundo o representante do grupo na America latina, Odemir Gonçalves Santos, após o fim da União Soviética, em 1991, o grupo, que antes só se apresentava pela Europa Central e em países socialistas, passou a ir para outros locais com o objetivo de manter e tornar conhecida a cultura ucraniana tradicional. 

Pensando nisso, alguns bailarinos da companhia desembarcam em Goiânia para apresentar as obras Dom Quixote e Paquita, neste sábado (28), no Teatro da PUC. A turnê no Brasil ainda passa por outras cidades: Paulínia (SP), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF) também fazem parte do roteiro dos dançarinos pelo País em 2018. 

Companhia

Com origem e sede no Teatro de Ópera da Ucrânia, o Kiev Ballet é uma renomada companhia de dança que mantém a cultura de sua terra natal. Inclusive, segundo o representante do grupo na América Latina, esse é um dos motivos que fizeram com que a companhia fosse tão reconhecida no mundo: “A manutenção da originalidade das composições e coreografias, além do rigor técnico, fizeram com que o Kiev Ballet fosse tão prestigiado. Outro fator é que o lado interpretativo dos bailarinos é muito dramático – eles são muito expressivos”. Dentre as principais menções e o reconhecimentos ao grupo, está Estrela de Ouro, maior prêmio da Academia Francesa de Dança.

Outra característica marcante do Kiev é que, em quase todos os espetáculos, os bailarinos fazem uma aula preparatória para apresentação e abrem para dançarinos locais assistirem: “Eles são muito abertos ao intercambio, não só de passarem ensinamento do que sabem, mas também de aprenderem”, afirma Odemir Gonçalves. O representante ainda ressalta que isso acaba sendo um grande incentivo para os bailarinos que estão iniciando carreira, porque poder acompanhar uma grande companhia de balé é um estimulo para aquelas pessoas que querem fazer igual: “Acaba sendo um exemplo, e isso é positivo. Todo o intercâmbio cultural é positivo para as duas as partes”. 

Apresentação

O público poderá apreciar duas obras apresentadas pela Kiev Ballet em Goiânia: Dom Quixote e Paquita. Segundo Odemir Gonçalves, o critério de escolha dos trabalhos foi feito pensando em adotar uma política de variação em relação às apresentações de anos anteriores, além disso, “a companhia sempre escolhe uma obra popular, como Dom Quixote, e outra que não é muito conhecida – o caso da Paquita”. Contudo ambos os trabalhos tem uma característica em comum: “As duas têm um fundo meio baseado na cultura espanhola”, afirma o representante da companhia. 

Em Dom Quixote, de Miguel Cervantes, os personagens Kitri e Basilio trazem como característica fundamental os traços hispânicos, com seus animados cavaleiros e espevitados signoritas, que vão totalmente ao contrário da política de seu país de origem, a União Soviética. A versão para o balé de Dom Quixote não prova apenas a genialidade de Cervantes, mas sim de Marius Petipa, que provou que se pode fazer lindas coreografias, saindo um pouco dos padrões. Já Paquita tem origem na Ópera de Paris, em 1º de abril de 1846, por Joseph Mazilier e Paul Foucher, com música de Édouard Deldevez e Ludwig Minkus. A obra sempre faz sucesso devido, principalmente as suas alegres danças espanholas. O enredo traz a narrativa de Estão, que realiza os preparativos para uma festa que Dom Lopez oferecerá ao general francês. 

“Dom Quixote é um trabalho mais dramático e interpretativo, já Paquita é mais clássico”, afirma Odemir Gonçalves. O representante ainda explica que, na obra mais popular, quase todos os bailarinos sobem junto ao palco para apresentação, diferentemente da outra, que por ser composta por um elenco mais feminino, tem menos pessoas ‘em cena’. Os espectadores vão poder acompanhar a performance de grandes nomes do ballet como: Tatiana Golyakova, Jan Vaña, Kateryna Kozachenko, Stanislav Olshanskyi, Khrystyna Shyshpor, Ruslan Avramenko, Ekaterina Kruk e Yevheniy Svyetlitsa. Ao todo, o grupo desembarca no Brasil com 38 integrantes – desses, 32 são bailarinos. 

Turnê

Odemir explica o que foi levado em conta para a escolha dos locais das apresentações: “Principalmente o interesse de cada produtor local, a logística para montagem do espetáculo e a disponibilidade dos teatros em receber a companhia nas datas em que a turnê passaria pelo Brasil”. 

Outro aspecto que o representante do Kiev Ballet ressalta é o fato de avaliar se o lugar que receberia a apresentação comportaria a estrutura do espetáculo: “A gente, às vezes, tem que adaptar o cenário, porque, lá na Ucrânia, os teatros são altos, e, aqui, não. Então tentamos fazer o possível para ajustar o ambiente de forma que não interfira na beleza da apresentação”. Odemir também destaca outro fator: o alto custo do espetáculo para o espectador devido à grandeza da apresentação. Foi necessário observar se companhia iria passar por cidades que tivesse um público interessado em comparecer ao evento.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da 

editora Flávia Popov

SERVIÇO

Kiev Ballet em Goiânia 

Quando: sábado (28)

Onde: Teatro PUC Goiás (Avenida Engler, s/nº, Campus II – Goiânia)

Horário: 20h

Entrada: Entre R$ 50 e R$ 140 reais – a depender do setor (valores referentes ao primeiro lote e sujeitos a alterações)