Grupo musical se apresenta na boate Diablo, em Goiânia

Após passar por vários países, banda francisco, el hombre finaliza sua turnê, nesta quinta, em Goiânia

Postado em: 14-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Após passar por vários países, banda francisco, el hombre finaliza sua turnê, nesta quinta, em Goiânia

Guilherme  Melo* 

Em setembro de 2016, a banda brasileira francisco, el hombre lançou o seu primeiro disco de estúdio, intitulado Soltasbruxa. A banda rodou pelo  Brasil, ultrapassou as barreiras geográficas em turnês pela América Latina e comemorou passagens pelos países México, Chile, Argentina, Cuba e Uruguai. Após a longa caminhada, o grupo desembarca em Goiânia com a reta final da turnê do disco. Em uma apresentação nesta quinta-feira (15),  a partir das 22h na boate Diablo, o grupo traz suas maiores composições a Goiânia.

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Com explosões rítmicas, o show da francisco, el hombre se despede do álbum percorrendo por músicas como Calor da Rua, Bolsonada e Triste, Louca ou Má, que integram o repertório do álbum. Segundo o baixista e o vocal segundário da banda, Rafael Gomes, o nome do disco, Soltasbruxa, é uma oportunidade de colocar para fora todo o sentimento guardado.

“Queremos colocar as ‘bruxas’ para fora. Assim, colocamos todo o sentimento de revolta ou que não concordamos na letra das músicas”, revela o artista.  Rafael é natural de Goiânia e afirma ser um prazer retornar à cidade do rock independente. “A banda é formada por brasileiros, chilenos e outros. É muito bom mostrar a cidade natal, o calor da cidade para os outros integrantes”, explica.

Francisco, el hombre é uma banda conhecida pela sua música com críticas sociais, políticas e econômicas. A ‘acidez’ das melodias é um reflexo dos acontecimentos vivenciados pelos integrantes da banda, e a verdade no que eles falam é o que impulsiona o sucesso. “Cantamos sempre um verdade para gente, então as apresentações saem do coração”,  conta o baixista.

A transparência nesta verdade está no sucesso da música Triste, Louca ou Má, que  virou um hino feminista e tem um clipe,  que foi gravado em Cuba, com mais de 11 milhões de visualizaçõe  no canal da banda no Youtube. Todo a fama veio por que a canção foi parte da trilha sonora da novela O Outro Lado do Paraíso, exibida pela Rede Globo entre 2017 e 2018. 

Nova música  

Além das faixas do álbum, aos poucos as novas canções que irão compor o novo disco da banda estão sendo incorporadas ao setlist, dentre elas, O Tempo é Sua Morada.  A música foi disponibilizada no canal da banda, no dia 2 de novembro, feriado de Finados, e a data não foi escolhida por acaso: a música estabelece uma relação com a morte, propondo um novo olha sobre o fenômeno natural.

“A banda fez uma viagem para o México, na época do Dia dos Mortos, e tivemos uma experiência completamente diferente, uma visão de agradecer o tempo que tivemos com aquela pessoa e de boas lembranças”, conta Rafael.  O objetivo do grupo com essa música é apresentar um novo olhar sobre a morte, além da dor e sofrimento. Nesta quinta-feira, Rafael não confirmou a presença da música no repertório, mas, como os fãs os conhecem, tudo pode acontecer. Somos meio loucos, então podemos tocar a nova música e apresentar para o público sem avisar”, briga. 

A música foi apresentada junto a uma bela obra audiovisual, com produção assinada pelos irmãos Piracés-Ugarte, Sebastian e Mateo. Com coreografias sutis, cenários graciosos e fotografia impecável, o clipe mostra uma mistura de cores quentes e frias que nos remetem ao contexto da letra.

Além disso, o clipe chega ao fim com um tema importante: a doação de órgãos, que teve o apoio da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), para falar sobre.

“Cada um de nós tem uma percepção da morte. Há quem consiga aceitar mais facilmente que somos meros passageiros; há quem não. #OTempoÉSuaMorada é uma tentativa de trazer novos significados para o nosso luto, nossa dor da perda. Não há porque tristeza, devemos celebrar a vida, a memória, o amor! Essa música é muito especial para nós, um trabalho lindo feito a muitas mãos. Que no dia de hoje ela possa trazer um novo significado para a data. E ela está pronta pra fazer o coração de vocês bater mais forte”. 

Com letras em português e em espanhol, a francisco, el hombre se tornou uma peça fundamental na conexão latino-americana. Em suas apresentações, coloca o público de língua portuguesa para cantar em espanhol e as pessoas de idioma latino para entoar as canções em português. Para eles, não há fronteira que não possa ser cruzada.

Origem da banda  

Após viajarem pelo mundo com seus instrumentos, os irmãos mexicanos Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte se mudaram para o Brasil em meados dos anos 2000, naturalizaram-se, firmaram-se no distrito de Barão Geraldo, em Campinas (SP), e formaram a banda com o objetivo de “largar os empregos, faculdade e todas as ‘amarras com a sociedade’”. O nome do grupo foi inspirado em uma figura de mesmo nome do folclore colombiano, conhecida por tocar acordeão pelas ruas das cidades. “Conhecemos esse movimento, graças ao Gabo (Gabriel Garcia Marquez), que eternizou esse folclore no livro Cem anos de Solidão, revela o baixista Rafael  Gomes. 

Em abril de 2015, lançaram seu EP La Pachanga!, com seis faixas autorais. O evento de lançamento se deu no Centro Cultural São Paulo, no dia 7 do mês seguinte, onde também gravaram um vídeo para a faixa Dicen (cuja versão de estúdio traz a participação da cantora chilena Francisca Valenzuela), que, segundo os irmãos fundadores, surgiu para que pudessem falar a seus pequenos sobrinhos sobre a ditadura. O EP traz também a faixa Minha Casa, a única totalmente em português, escrita na África. 

Em 2016, iniciaram a campanha #VaiPraCuba, por meio da qual pretendiam financiar um documentário sobre a cultura da ilha comunista, aproveitando uma viagem à capital, Havana, para participar do projeto El Sur Suena, no festival AMPM – América por Su Música. No meio do ano, realizaram também uma turnê latino-americana.

Em junho de 2016, lançaram um clipe para a faixa Calor da Rua, produzida por Curumin e Zé Nigro, que trata de violência doméstica e figuraria no primeiro álbum completo do quinteto. O álbum Soltasbruxa, lançado no dia 2 de setembro do mesmo ano, foi produzido por Zé Nigro e trouxe participações de Liniker e Apanhador Só, além de letras politizadas e com comentários sociais.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE 

 

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