Goiana será a 1ª mulher trans a disputar concurso Miss Brasil

A competição, que aconteceria no fim de outubro, foi adiada para 4 de março de 2021 por conta da pandemia| Foto: Reprodução

Postado em: 04-09-2020 às 11h00
Por: Redação
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A competição, que aconteceria no fim de outubro, foi adiada para 4 de março de 2021 por conta da pandemia| Foto: Reprodução

Eduardo Marques

Pela primeira vez na história, uma mulher transexual disputará o posto de Miss Brasil. Quem protagoniza o feito é a goiana Rayka Vieira, de 25 anos, anunciada oficialmente nessa quinta-feira (3) como representante do Centro Goiano no Miss Brasil Mundo 2020. A competição, que aconteceria no fim de outubro, foi adiada para 4 de março de 2021 por conta da pandemia 

“Nunca tinha imaginado estar neste lugar até pouco tempo atrás. Era um sonho que parecia tão distante, nunca achei que seria possível realizá-lo. Ainda estou encantada com tudo isso. A ficha de que estarei em um dos maiores concursos de miss do país está caindo aos poucos. Hoje sei que isso é totalmente possível e é um marco histórico para nós, mulheres trans. Me orgulho de ser pioneira no Miss Brasil Mundo”, disse ao colunista Fábio Luís de Paula. 

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Rayka agora se prepara para a competição, que inicialmente aconteceria no fim de outubro, mas, por conta da pandemia, foi adiada para 4 de março no Iloa Resort, em Alagoas. Mesmo com a ansiedade a mil e as emoções à flor da pele, Rayka não esquece da representatividade que seu título traz, e acredita que isso pode abrir a mente de muitas pessoas, inclusive das próprias mulheres trans.

“Muitas meninas trans, assim como eu, têm medo de se arriscar. É uma oportunidade que eu não tinha noção de que poderia existir. Estou aqui para mostrar que é possível, um sonho que está se realizando. Não quero ser só mais uma miss, e sim mostrar que nós, mulheres em geral, não precisamos provar que temos algo mais que beleza. Somos inteligentes, fortes, guerreiras, trabalhadoras e humanas acima de tudo”.

Cobrança dobrada 

Rayka tomou a decisão de correr atrás de seu sonho de ser miss após ser desligada, recentemente, da empresa em que trabalhava havia quase dois anos na cidade de Anápolis (GO).

Ao colunista Fábio Luís de Paula, a miss disse que se considera uma mulher batalhadora e que tem que lutar dobrado pelo seu espaço. Apesar disso, Rayka ressalta que não quer privilégios e sim respeito, como outra mulher qualquer.

Desde criança, ela sempre se interessou por roupas e sapatos femininos. Vestia as roupas da mãe escondida e era fascinada pelas vitrines das lojas no comércio. Quando tinha que cortar os cabelos, Rayka recorda que chorava em frente do espelho, pois não se reconhecia. Foi então que, aos 15 anos, não suportou mais viver com a sua identidade de nascimento e decidiu se assumir e começar a transição de gênero.

Um fato curioso sobre a miss, é que ela tem uma irmã mais velha que também é transexual. “Foram alguns anos depois que iniciei minha transição. Hoje somos mais que irmãs, somos metade uma da outra e juntas compartilhamos todos os momentos e experiências, o que nos torna mais próximas ainda”, afirma.

Primeira vez

Em mais de 60 anos de realização, esta será a primeira vez que um concurso de Miss Brasil desenhado inicialmente para mulheres cisgênero, recebe uma trans -seja na versão Mundo, Universo, Terra ou qualquer outra.

Antes de Rayka, a carioca Náthalie de Oliveira disputou o estadual Miss Rio de Janeiro (versão Universo) no início de 2019, mas não chegou a se classificar para o nacional.

O concurso que Rayka vai participar elege uma brasileira para competir no internacional Miss Mundo, que até hoje também não teve candidata transexual. O Miss Universo, por sua vez, em 2018 contou com a presença da modelo trans Angela Ponce, que defendeu a Espanha na disputa e foi homenageada ao vivo no show da final. 

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