Saiba quais foram os maiores desastres nucleares da história

Maior usina nuclear da Europa foi atingida por bombardeios em meio à invasão da Rússia na Ucrânia, e acabou reacendendo temor mundial de um acidente mais destrutivo que Chernobyl

Postado em: 20-03-2023 às 17h14
Por: Cecília Epifânio
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Saiba quais foram os maiores desastres nucleares | Foto: iStock

Em meio a invasão russa na Ucrânia, os bombardeios acabaram atingindo um dos prédios do complexo onde está localizada a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior em operação na Europa. Felizmente, os ataques não atingiram os reatores e não teve vazamento de materias radioativos.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que esta ligada às Nações Unidas, pediu para que as tropas russas e ucranianas deixassem de combater na região, pois existia o risco de novos acidentes no perímetro da usina. A embaixada dos Estados Unidos no país classificou o ação como crime de guerra.

Embora não houveram consequências catastróficas, o evento reacendeu um temor mundial de um potencial acidente nuclear. De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, caso ocorresse alguma explosão, o ipacto poderia ser 10 vezes maior do que ocorreu em Chernobyl, considerado o pior acidente nuclear da história, atingindo o nível 7 na Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos (INES, na sigla em inglês).

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Criada em 1990 pela AIEA, a escala é uma ferramenta para comunicar ao público sobre a gravidade dos eventos nucleares e radiológicos, que podem ser classificados em sete níveis a depender de uma série de fatores, como o impacto ambiental, a exposição das pessoas e o próprio dano ao reator. Cada subida de nível na escala indica que a gravidade dos eventos é cerca de dez vezes maior.

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Agora, conheça os maiores (e piores) acidentes nucleares da história, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica.

Chernobyl (1986) – Ucrânia, ex-URSS

O desatre de Chernobyl ocorreu durante um teste no sistema do reator 4 da central nuclear, perto da cidade de Pripyat, localizada na antiga República Socialista Soviética da Ucrânia. Na madrugada do dia 26 de abril de 1986, diversas explosões liberaram na atmosfera terrestre um volume de partículas radioativas 400 vezes maior que o liberado pela bomba atômica lançada pelos Estado Unidos em Hiroshima, no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial.

Mais e 200.000 km² de terra foram contaminados. A ONU estima que mais de 5.000 casos de câncer na Bielorússia, Ucânia e Rússia pode ter relação com o desastre.

Fukushima Daiichi (2011) – Japão

Em março de 2011, uma tragédia dupla levou caos e destruição ao Japão. Um terremoto seguido de um tsunami danificou a usina nuclear de Fukushima Daiichi, ocasionando em um acidente de nível 7 na escala INES, o segundo pior da história.

As ondas gigantes acabaram destruindo os sistemas de energia e segurança da usina, gerando a perda de resfiamento e colapsos em três reatores. O desastre também provocou vazamentos radioativos, contaminação das águas e provocou a retirada em massa de diversos trabalhadores e moradores das regiões que foram afetadas. Mais de 60 mil pessoas foram forçadas a saírem de suas casa. As consequências do acidente seguem sendo estudadas, assim como as medidas de desmonte da central, que podem perdurar por anos.

Kyshtym (1975) – Rússia

Após a Segunda Guerra Mundial e decidida a tomar o poder bélico nuclear dos Estados Unidos, o governo da URSS patrocinou diversos programas de desenvolvimento de armas e usinas atômicas, incluindo a construção da central Mayak, próximo da cidade de Kyshtym. Centenas de prisioneiros de guerra foram obrigados a participar da construção. Na pressa para erguer a estrutura, a segurança foi deixada de lado.

No dia 29 de setembro, após uma falha no sistema de refrigeração do compartimento de armazenamento de resíduos nucleares causou uma explosão potente que liberou toneladas de material radioativo na atmosfera. As partículas liberadas contaminaram Mayak e cidades na proximidade. Estima-se que cerca de 10.000 pessoas deixaram suas casas. Como a sede da tragédia não integrava oficialmente o mapa soviético, o acidente nuclear ficou conhecido como “O Desastre de Kyshtym”, fazendo uma referência à cidade vizinha.

Three Mile Island (1979) – Estados Unidos

Em março de 1979, um colapso parcial de um reator na usina nuclear de Three Mile Island, perto da capital da Pensilvânia, Harrisburg, resultou em uma série de tragédias que resultaram no acidente nuclear mais grave dos EUA. Uma válvula foi aberta para aliviar a pressão do reator, mas, por conta de falhas técnicas e humanas, a vávula não fechou e acabou causando no vazamento de água fervente dentro do núcleo, que já estava superaquecido.

O acidente foi controlado e não causou moretes nem ferimentos entre trabalhadores e membros de comunidades vizinhas – embora alguns gases radioativos tenham sido liberados na atmosfera.

Windscale (1975) – Reino Unido

Após a Segunda Guerra Mundial, durante a corrida armamentista, a Inglaterra resolveu construir uma bomba atômica, na cidade de Windscale. Em pouco tempo, o Reino Unido acabaria registrando o pior acidente nuclear de sua história.

Em 10 outubro de 1975, uma falha técnica causou um incêndio em um dos reatores central, que acabou liberando materiais radioativos nas áreas ao redor. Na tentativa de evitar o pior, os dutos de saída de ar do reator foram selados e os cartuchos de combustível foram removidos. O segundo reator também foi desligado. É estimado que a radiação possa ter ocasionado em dezenas de casos de câncer.

Tokaimura (1999) – Japão

O primeiro desastre nuclear japonês ocorreu nas instalações de urânio, localizado em Tokaimura, no ano de 1999. A região, localizada a 140 Km de Tóquio, é sede de uma indústria nuclear japonesa há várias décadas.

No dia 30 de setembro daquele ano, funcionários da fábrica de reprocessamento usaram uma quantidade excessiva do elemento radioativo para preparar o combustível nuclear para um reator que já estava desativado há mais de um ano. Uma reação nuclear descontrolada no reator causou a morte de dois funcionários e expôs vários outros a altos níveis de radiação. Cerca de 200 moradores do entorno foram impactados por diferentes doses de radiação.

Goiânia (1987) – Brasil

Em 13 de setembro 1987, um acidente radiológico em Goiânia envolvendo uma cápsula do Césio-137, considerado tóxico e sem níveis seguros de exposição, colocou o Brasil na lista dos grandes eventos radioativos. Tudo furto de negligência. O manuseio de um aparelho de radioterapia abandonado indevidamente onde funcionava o antigo Instituto Goiano de Radioterapia impactaria direta e indiretamente centenas de pessoas.

Uma parte da máquina contendo o elemento foi encontrada nos escombros e revendida para um ferro velho por conter chumbo (metal de valor financeiro). Após do desmantelamento da peça, a luminescência do césio despertou a curiosidade das pessoas, e fragmentos do material foram distribuídos para moradores da região, resultando em contaminações e mortes.

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