Veja como está o 1º sobrevivente da raiva humana no Brasil

Marciano Menezes da Silva tornou-se o primeiro brasileiro a sobreviver à raiva humana, aos 15 anos, em 2008.

Postado em: 17-04-2023 às 15h35
Por: Julia Kuramoto
Imagem Ilustrando a Notícia: Veja como está o 1º sobrevivente da raiva humana no Brasil
Foto: Arquivo Pessoal

Marciano Menezes da Silva tornou-se o primeiro brasileiro a sobreviver à raiva humana, aos 15 anos, em 2008. Feliz por estar vivo, Marciano sente que renasceu, embora precise conviver todos os dias com as sequelas da doença.

“A principal [sequela] é que antes eu corria. Agora, não.”, conta. Além de precisar de cadeira de rodas, o sobrevivente tem dificuldades na fala e na mobilidade das mãos.

O garoto de 15 anos levado ao hospital após ser mordido por um morcego em 2018 se torna o adulto de 30 anos que precisa de ajuda para se locomover. Hoje, Marciano, marcado pelo trauma, não consegue ficar fora da casa em que mora durante a noite.

Continua após a publicidade

A rotina do homem agora é acordar, tomar café da manhã fora de casa, volta para dentro e passa o dia assistindo TV. Por uma vez na semana, sai para fazer acompanhamento fisioterápico no centro de Floresta.

Infecção

Marciano foi mordido no tornozelo em setembro de 2008, por um morcego, enquanto dormia. Dessa forma, foi levado para um posto de saúde da área rural no dia seguinte e encaminhado a um pronto-socorro de Floresta.

Portanto, quando foi atendido por um médico, não recebeu a vacina antirrábica por “não apresentar sintomas”. Um mês depois, começou a manifestar esses sintomas, quando teve dormência nos braços e febre alta.

Chegou a ouvir de especialistas que teria, no máximo, 10 dias de vida. Uma equipe do Hospital Universitário Oswaldo Cruz iniciou o protocolo de Willoughby, aplicado à primeira sobrevivente humana de raiva do mundo.

No protocolo, estava a indução do coma e aplicação de antivirais.

Por fim, a cura chegou a Marciano, se tornando a quarta pessoa do mundo a sobreviver à raiva, confirmado pelos médicos pernambucanos no dia 13 de novembro de 2008.

Marciano ainda passou um ano no hospital e voltou para casa em 2009.

Limitações

O jovem tinha o sonho de uma cadeira de rodas motorizada, para ajudá-lo a se locomover sozinho. Embora tenha ganho o veículo em 2017, o par de baterias da cadeira acabou no final de 2022. Devido ao alto custo (superior a R$ 1 mil..), ele já não consegue mais mover sozinho o equipamento.

“Agora, na maioria do tempo, quando preciso subir para dentro de casa, são os outros que me empurram”, relata.

Marciano continua vivendo com o pai e dois dos irmãos. Ele depende deles e de cunhados para a locomoção.

Pandemia

Durante a pandemia da covid-19, a situação tornou-se ainda mais complicada. Desse modo, entrou para o grupo de risco da doença, por conta das sequelas da raiva, e um irmão e uma cunhada ficaram infectados.

Sendo assim, dentro de um isolamento ainda mais rigoroso do que o rotineiro, ficou livre de contaminação. Porém, estando ainda mais confinado ficou impedido de uma das poucas atividades que fazia fora do sítio: os exercícios para melhorar a movimentação dos membros.

!Tive de ficar em casa, porque se eu pegasse [covid-19] não ficaria mais vivo. Foi um período complicado, eu parei a fisioterapia, mas voltei no começo de 2022.”, explica.

Leia também:

Veja Também