Exportações podem salvar frigoríficos da crise

A queda do consumo e a cotação da arroba têm feito com que indústrias trabalhem com margens praticamente zeradas

Postado em: 06-08-2016 às 06h00
Por: Redação
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A queda do consumo e a cotação da arroba têm feito com que indústrias trabalhem com margens praticamente zeradas

Com esse ambiente de negócios, o escoamento da produção para o mercado externo tem sido essencial para a cadeia produtiva. Embora as exportações tenham começado o ano aquecidas, a desvalorização do dólar frente ao real deu um forte baque na indústria no mês de julho, fazendo com que o volume recuasse 9,2%, alcançando o pior desempenho para o mês desde 2011.
Mesmo com a situação desfavorável, a abertura do mercado americano para exportação de carne bovina in natura do Brasil e o possível aumento do volume de compras da Rússia, após a resolução de problemas políticos, podem ser a luz no fim do túnel da indústria.
“O segundo semestre é, tradicionalmente, um período de maior volume de vendas do que o primeiro. Acredito que ainda é possível amenizar ou até mesmo reverter a situação. O acordo com os EUA, com embarques começando nos próximos 90 dias, podem ajudar muito”, prevê um dirigente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo).
De acordo com o executivo, as exportações aos EUA não devem ficar restritas aos grandes frigoríficos e podem também ser alcançadas por pequenas e médias indústrias. “As exigências nos EUA para habilitação de plantas são menos severas que na Europa, o que pode fazer com que mais indústrias consigam acessar esse mercado”, destaca.
Embora também acredite que as exportações cresçam até o fim do ano, Lygia Pimentel, da Agrifatto, afirma que apenas uma alta no dólar faria com que os embarques aumentassem de maneira significativa. Caso isso ocorra, apenas os grandes frigoríficos poderão se beneficiar. “Essa deve ser a salvação das grandes indústrias. Já nas pequenas a situação é mais complicada, apenas o improvável aumento no consumo interno conseguiria estancar a ferida”, afirma a consultora, ressaltando que apenas 20% da carne produzida no Brasil é exportada.
O analista de mercado da Scot Consultoria, Alex Lopes, afirma que todas as projeções até o fim do ano esbarram na definição do impeachment. “Além do dólar, a definição na presidência deve impactar também a confiança da população local, o que pode afetar o consumo interno”.
Tradicionalmente, o consumo de carne vermelha cresce no último trimestre do ano, em função das festividades e por ser também o período em que a população recebe bônus salarial. No entanto, outubro e novembro são os picos de preços da arroba e o momento em que os bovinos em regime de confinamento chegam ao mercado.
Recentemente o grupo JBS anunciou a paralisação de uma unidade em São Paulo. O que acelerou o cenário de crise para o setor, conforme adiantou o jornal O HOJE. 

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