Comerciantes reclamam de aluguéis caros

Salas comerciais de Aparecida de Goiânia custam até R$ 12 mil por mês. Comerciantes reclamam de diferença entre preços cobrados por proprietários

Postado em: 08-08-2016 às 06h00
Por: Renato
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Salas comerciais de Aparecida de Goiânia custam até R$ 12 mil por mês. Comerciantes reclamam de diferença entre preços cobrados por proprietários

Karla Araujo

Lojas de calçados, roupas, eletrodomésticos e lanchonetes intercaladas ao longo de uma longa avenida. Faixas e placas de preços com cores vivas para chamar atenção do consumidor, que anda apressadamente entre o comércio em busca da mercadoria desejada. Motoristas espremem seus veículos nas laterais dos dois lados da rua, o mais próximo possível do destino. Todas estas características poderiam ser do Centro de Goiânia ou da região mais movimentada de Campinas, mas neste caso são especificidades de importantes pontos de intenso comércio de Aparecida de Goiânia, como a Avenida Igualdade, no setor Garavelo, Avenida Rudá e Tapajós, na Vila Brasília, e longo trecho da Avenida Rio Verde.
Uma das características desses pontos é a localização em bairros residenciais. O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), José Evaristo dos Santos, lembra que os pólos citados não são novos, mas se desenvolveram ao longo dos anos. “Estes pontos cresceram por causa das residências e se fortaleceram por terem tantos moradores como vizinhos”, explica, “é diferente de Campinas e outros locais que têm comércio forte por atrair consumidores de bairros distantes e até outras cidades”, explica Santos.
Outra característica que chama atenção é o alto preço dos alugueis no comércio de Aparecida de Goiânia. Junior de Souza Batista, 25, é gerente há mais de um ano em uma loja situada na Avenida Igualdade. Ele afirma que a sala comercial tem aluguel de R$ 5 mil por mês. De acordo com Junior, outra loja do mesmo dono com tamanho igual ao da Igualdade, mas localizada em Campinas tem aluguel de R$ 3,5 mil por mês. Junior afirma que a maior parte das vendas é feita nos sábados e os pagamentos são realizados com cartão de crédito. 

Crise
Na Avenida Igualdade, o aluguel de uma sala comercial chega a custar até R$ 12 mil, de acordo com a quantidade de metros quadrados. Delma Corrêia trabalha há seis anos como gerente em um estúdio fotográfico localizado na via. Ela afirma que os clientes sempre dizem que o preço praticado pelo estabelecimento é melhor que o encontrado em outras lojas. “É isso que tem mantido o consumidor fiel, pois a crise chegou aqui. O movimento caiu cerca de 40%”, diz Delma.
Santos explica que é natural o aluguel na Igualdade ser mais caro que em outros centros de compras da Região Metropolitana de Goiânia. “Quando a Bernardo Sayão tinha mais demanda, era o local com preço maior. Na Capital, este posto foi ocupado pela Rua 44”, explica o presidente da Fecomércio. Santos afirma ainda que o aluguel incomoda e é um dos principais fatores para a fuga de comerciantes para as vias laterais. “Isso faz com que os lojistas busquem salas com preços mais baratos nas ruas adjacentes. Com isso, grandes salas ficam vazias nas avenidas e as laterais intensificam o comércio”, explica. 

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Ciclo
O presidente explica que a mudança aconteceu com a Avenida Anhanguera, onde muitas lojas fecharam por causa do aluguel caro e reabriram em salas menores nas ruas próximas. “Pode ser um ciclo. Já foi observado em pontos de Goiânia, mas não acontecerá obrigatoriamente em Aparecida de Goiânia”, acrescenta. 

Em Goiás, intenção de consumo das famílias cai, de novo 

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) goianas sofreu pequena queda de 0,1% em julho, mantendo-se quase estabilizada, em relação ao mês anterior, porém, em relação ao mesmo período de 2015 a queda foi mais acentuada, chegando a 12,9%. Os dados foram divulgados pela Fecomércio-GO, que realizou a pesquisa em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). 
Ainda segundo o levantamento, 52,3% dos entrevistados acreditam que terão uma melhora profissional nos próximos seis meses. Apesar do otimismo, os números mostram que a renda familiar está igual a de 2015 para 43% dos entrevistados e para 33,6% a renda está pior do que a do ano passado. O acesso ao crédito ou empréstimo ficou mais difícil para uma parcela de 43,7% das famílias.
Outra pesquisa revela que o endividamento do consumidor passou de 34% em junho para 33,8% em julho, registrando uma queda de 0,2%. A média nacional de endividamento foi de 57,7%. A inadimplência do consumidor, também sofreu um recuo neste mesmo período, passando de 19,4% para 18,3%. Segundo o presidente da instituição, as famílias estão com menos confiança para comprar. “O comportamento do consumidor pode mudar caso o contexto político e econômico também mude”, conclui Santos. 

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