Compre um, pague dois

Especialistas afirmam que a cultura do parcelamento ainda é muito forte entre os consumidores, o que prejudica as famílias

Postado em: 09-08-2016 às 06h00
Por: Renato
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Especialistas afirmam que a cultura do parcelamento ainda é muito forte entre os consumidores, o que prejudica as famílias

Rhudy Crystian

Apossibilidade de parcelar em mais vezes e a maior facilidade de aprovação de crédito podem fazer o carnê parecer um bom negócio, mas é preciso prestar atenção às taxas de juros, que superam 110% ao ano. Como comparação, essa taxa é quase quatro vezes maior do que os juros cobrados no financiamento de veículos, de 30,8% ao ano, de acordo com os últimos dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Por isso, o especialista em educação financeira Otton Lara, afirma que o crediário deve ser a última opção. “Por mais que as parcelas pareçam pequenas, quanto maior o prazo maior os juros”, diz. Em uma grande rede de varejo, por exemplo, é possível comprar eletrodomésticos e eletroeletrônicos em até 18 vezes no carnê, ao custo de mais de 100% ao ano.
Com uma análise de crédito menos rigorosa, o carnê se torna opção para trabalhadores informais que têm dificuldade para comprovar renda, mas também atrai consumidores que já esgotaram outras formas de financiamento, como o cartão de crédito. Os níveis de aprovação do carnê chegam a ser três vezes superiores aos do cartão da loja.
A cultura do parcelamento no Brasil é muito forte e prejudica o planejamento. Se não há urgência em comprar uma televisão, a pessoa pode poupar, mês a mês, e depois comprar o equipamento à vista, com desconto. “Mas o brasileiro faz o contrário: em vez de ganhar juros em uma aplicação, gasta com juros no parcelamento”, diz.

Inadimplência
A facilidade na liberação de crédito se reflete na inadimplência. Segundo a Boa Vista SCPC, pela primeira vez desde 2012, o carnê ultrapassou o cartão de crédito como meio de calote na cidade de São Paulo.
O cartão de crédito da própria loja também é oferecido como meio de pagamento. É preciso estar atento, pois esses cartões cobram taxas e encargos, como anuidade, e os juros do rotativo – quando consumidor paga apenas o valor mínimo da fatura e rola a dívida – são altíssimos.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, essa taxa não precisa estar no contrato, mas o consumidor deve ter acesso prévio aos custos cobrados na utilização do cartão, como juros, parcelamentos ou atrasos, multas e outros encargos. (Com agências)

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