Fim da colheita de cana causou quase 5 mil demissões no agro goiano

Segundo dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, foram 4.449 contratações no mês de novembro contra 9.678 demissões

Postado em: 26-01-2024 às 07h00
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Fim da colheita de cana causou quase 5 mil demissões no agro goiano
O setor mais afetado foi o da agropecuária, com 4.449 admissões e 9.678 desligamentos | Foto: Reprodução/ABr

No mês de novembro de 2023, o mercado de trabalho em Goiás registrou um saldo negativo nos postos de trabalho, o primeiro no ano. Segundo dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, foram 69.259 contratações no mês contra 76.332 demissões, com saldo negativo de -7.073 postos de trabalho.

O setor mais afetado foi o da agropecuária, com 4.449 admissões e 9.678 desligamentos. Os setores da Indústria, Construção e Serviços também tiveram quedas nos empregos, sendo que único setor com saldo positivo foi o do Comércio, com 18.522 contratações e 16.111 desligamentos.

Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a queda acentuada de empregos no agronegócio registrada no mês coincide com o fim da colheita da cana-de-açúcar. Com isso, milhares de trabalhadores temporários que atuavam na colheita e setores adjacentes foram desligados, movimento que seguiu tendência nacional.

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Os dados do Novo Caged mostram que, em todo o País, foram 191.348 empregos gerados no agronegócio contra 218.652 desligamentos, totalizando um saldo negativo de 27.304 postos de trabalho. Destes, 4.943 foram no cultivo de cana-de-açúcar, 4.270 na fabricação de álcool e 3.064 na fabricação de açúcar em bruto.

Informações da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontam que dos 4.666 municípios brasileiros com movimentação no mercado de trabalho do agro, 2.352 apresentaram redução das vagas e 1.997 tiveram expansão.

Panorama da produção de cana

A última estimativa sobre a safra 2023/24 de cana-de-açúcar, feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em novembro do último ano, projeta uma produção nacional de 677,6 milhões de toneladas, com aumento de 10,9% em comparação ao ciclo anterior e um novo recorde na série histórica. A consolidação dos resultados só deve ser divulgada em 18 de abril, no quarto e último boletim da Conab sobre a produção.

No estado de Goiás, terceiro maior produtor do País, a safra deve encerrar com uma colheita total de 76,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Se confirmada, a safra será 7,4% maior do que a de 2022/23, sem aumento nem queda significativa da área plantada.

“As lavouras de cana-de-açúcar se desenvolveram razoavelmente bem com as chuvas e melhorias em tratos culturais, elas estão motivadas devido aos preços atrativos dos produtos, assim, resultou em um melhor rendimento na atual temporada. Poucas adversidades climáticas afetaram as lavouras, até o momento, muitas unidades já encerraram seu processo de moagem e outras ainda vão perdurar até o final de novembro”, destacou o boletim da Conab de novembro.

Açúcar e etanol

Ainda de acordo com a Conab, a estimativa de produção recorde de cana deve fazer com que o País registre crescimento tanto de açúcar como de etanol. Para o adoçante, a expectativa é que se atinja uma produção de 46,8 milhões de toneladas, representando um aumento de 27,4% em relação à safra passada. Confirmado o resultado, o volume configura o maior já registrado na série histórica.

Para o etanol, o crescimento esperado comparado com a safra anterior atinge 9,9%, chegando a 34,05 bilhões de litros, produzidos a partir da cana-de-açúcar e do milho. Desse total, 14,48 bilhões de litros serão de etanol anidro e 19,57 bilhões de litros de etanol hidratado. Se considerarmos o combustível produzido a partir do esmagamento da cana deverá crescer cerca de 5,5%, projetado em 27,9 bilhões de litros. Já o produto fabricado a partir do milho apresenta uma alta de 36,3%, quando comparada à safra passada, estimada em 6,06 bilhões de litros.

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