Foragido no México, Zé Trovão pede que Bolsonaro apoie os caminhoneiros, que se recusam a liberar as estradas

Embaixada brasileira encontrou caminhoneiro foragido em hotel e enviou policiais para prendê-lo; no Brasil, o presidente desagrada a classe de trabalhadores ao pedir pelo fim das manifestações

Postado em: 09-09-2021 às 16h46
Por: Giovana Andrade
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Embaixada brasileira encontrou caminhoneiro foragido em hotel e enviou policiais para prendê-lo; no Brasil, o presidente desagrada a classe de trabalhadores ao pedir pelo fim das manifestações. | Foto: Reprodução

O caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, em vídeo que começou a circular na tarde desta quinta-feira (09/09), contou que está no México, e afirmou que seria preso em breve. “Em alguns momentos eu devo ser preso, não vou mais fugir. Chega”, disse na gravação.

Na última sexta-feira (03/09), o caminhoneiro teve sua prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por incitação a ato antidemocrático nas manifestações de 7 de setembro. Desde então, ele se tornou foragido e se escondeu no México.

“Pra quem não sabe, eu estou no México e a embaixada brasileira acabou de entrar em contato com o hotel em que eu estou. Estou indo para o Brasil preso. Preso politicamente por crime de opinião”, contou no vídeo divulgado por ele em um grupo do Telegram.

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Após a repercussão, o político bolsonarista Vítor Hugo (PSL), deputado federal por Goiás, declarou apoio a Zé Trovão através de seu perfil no Twitter. “Vamos protocolar o mais rápido possível um Habeas Corpus em favor do Zé Trovão. A liberdade de expressão é um dos mais valiosos direitos fundamentais previstos em nossa CF e precisa ser defendido por cada um de nós a todo momento e a todo custo”, escreveu.

Desentendimentos

Durante a madrugada, Zé Trovão também gravou vídeos fazendo apelos a Jair Bolsonaro, sugerindo que o presidente apoie a classe dos caminhoneiros como retribuição ao suporte dado ao chefe do Executivo.

“Presidente da República, se o senhor realmente quer que a gente abra as pistas e volte a trabalhar, eu tenho duas coisas para falar ao senhor. Primeiro, a minha vida está destruída. Eu estou hoje sendo perseguido politicamente, com um mandato de prisão, passando por tudo, com risco de nunca mais ver a minha família, porque eu não vou para uma cadeia, não sou bandido. Outra coisa, nós queremos que o senhor fale para o povo brasileiro isso, que o senhor peça para nós, caminhoneiros, abrir (SIC), porque aí, sim, iremos fazer vídeos pedindo para os caminhoneiros liberarem. Sem isso, presidente, eu não vou fazer”, declarou.

Na manhã desta quinta-feira (09), o presidente pediu para que seus apoiadores liberassem as estradas, o que desagradou parte de sua base aliada.

Em resposta, manifestantes se pronunciaram afirmando que não iriam sair das ruas. “Nós viemos para rua não foi para brincar, não, nós vamos ficar ocupados. Presidente, nós não vamos acatar sua ordem, não, nós vamos ficar aqui, não vamos sair da rua não”, informa, em vídeo, uma das pessoas acampadas em Brasília desde o último dia 5 de setembro.

Os grupos que agora criticam o presidente ajudaram na mobilização para os atos do 7 de setembro a favor dele. Simultaneamente, a pressão do Congresso para que os protestos dos caminhoneiros acabem é grande e, enquanto se desentende com seus próprios apoiadores, Bolsonaro enfrenta o risco de que Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, abra o processo de impeachment. 

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