Pesquisa aponta crescimento de 79% na abertura de lojas de conveniência nos últimos dois anos

Apesar do número de abertura de novas lojas ter sido alto, o de fechamento também impressiona.

Postado em: 15-05-2022 às 15h00
Por: Ícaro Gonçalves
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Apesar do número de abertura de novas lojas ter sido alto, o de fechamento também impressiona | Fotos: Reprodução

A busca por comodidade nas compras e a valorização dos comércios locais tem criado bons resultados para as lojas de conveniência. Entre os anos de 2019 e 2021, o setor registrou um aumento de 79% na abertura de novas lojas em todo o país. Somente entre 2020 e 2021, o aumento foi de 27% nesse segmento.

Isso é o que mostrou um estudo desenvolvido pela plataforma Datahub, com dados da Receita Federal. O estudo levantou os CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) primários relacionados ao segmento de hipermercados, supermercados e minimercados, mercearias, armazéns, hortifrutigranjeiros e lojas de conveniência.

A pesquisa mostrou que, em 2019, 1.217 lojas de conveniência estavam registradas no CNAE como atividade principal, número esse que saltou em 2021 para 2.189 empresas. Das 11.438 lojas de conveniência ativas no país, 79% se enquadram como microempresas, 26,9% dos estabelecimentos têm de um a dois anos de atividade e 24,7% delas se concentram no Estado de São Paulo.

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Em todo Brasil, São Paulo foi o município que registrou mais aberturas de estabelecimentos que têm como CNAE primário a conveniência: aumento de 111%, quando comparado entre 2019 e 2020. Outro destaque é a cidade de Brasília que, comparado ao mesmo período, teve aumento de 75%.

Para André Leão, especialista no setor e CPO da DataHub, uma explicação para o aumento na abertura de lojas de conveniência é a diversidade de produtos e serviços que elas oferecem no mesmo ambiente, gerando mais praticidade e otimização de tempo ao cliente.

“Uma das hipóteses para esse crescimento deve-se ao fato de que, em geral, este tipo de estabelecimento está ligado a outro, como, por exemplo, postos de combustíveis e farmácias no estilo Mini Mall, que vêm se popularizando e ganhando força no país”, explica Leão.

Ainda segundo a pesquisa, houve aumento também no CNAE secundário em estabelecimentos que possuem lojas de conveniência ligadas a postos de combustíveis ou serviços automotivos. Entre 2019 e 2020 houve um crescimento de 10%, e no período de 2020 a 2021 a alta foi de 9%. Atualmente, são 18.143 estabelecimentos com essa atividade secundária em todo o país.

Fechamento de portas

Apesar do número de abertura de novas lojas ter sido alto, o de fechamento também impressiona.  Entre 2019 e 2021 houve aumento de 93% no número de fechamento de lojas de conveniência como atividade principal. No ano de 2021 foram 2.053 lojas fechadas, ante 1.061 em 2019.

Já o panorama geral do estudo — considerando todos os segmentos — os números mostram alta de 86% no fechamento de empresas do comércio varejista de alimentos entre 2019 e 2021. O comparativo anual, entre 2019 e 2020, mostra queda de 53%, diferentemente do período entre 2020 e 2021, quando ocorreu um fechamento expressivo de empresas do segmento em 297%; em 2020, 49.346 empresas fecharam suas portas, contra 196.157 empresas em 2021.

Essa alta do número de empresas fechadas de 2020 para 2021 foi puxada pelo primeiro quadrimestre de 2021, auge do período de pandemia no Brasil. Além disso, o país enfrenta alta inflação, aumento no preço dos combustíveis, o que tem agravado a economia brasileira. Outros fatores também foram levados em consideração para os fechamentos empresariais, como ruídos políticos, incertezas fiscais e o fim do auxílio emergencial.

Micro e pequenos negócios

Minimercados, mercearias e armazéns representaram 71% dos estabelecimentos do segmento no Brasil e, consequentemente, foi o que teve a maior fatia dos fechamentos (74% em 2020 e 75% em 2021), público esse que 50% são MEIs e 44% são micro, perfis que estão mais sensíveis a variações econômicas, segundo o estudo.

“É interessante considerarmos que enquanto os demais segmentos ligados à hortifrutigranjeiros, hipermercados, supermercados, minimercados e mercearias sofreram com os fechamentos, sendo os fechamentos maiores que as aberturas, as conveniências se mostram um ponto fora da curva, podendo mostrar uma tendência de consumo”, analisa André Leão.

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