Adolescente deixa de frequentar escola após sofrer racismo, em Teresina

Após o desfile, a vitória da adolescente foi anunciada pelos jurados, desencadeando uma série de comentários racistas por parte dos estudantes da equipe adversária

Postado em: 19-09-2023 às 22h01
Por: Vitória Bronzati
Imagem Ilustrando a Notícia: Adolescente deixa de frequentar escola após sofrer racismo, em Teresina
A jovem não sai mais de casa e deixou até mesmo de frequentar a igreja | Foto: Reprodução

Uma adolescente de 16 anos, estudante de um colégio particular do centro de Teresina, deixou de frequentar as aulas após ser vítima de uma série de comentários racistas feitos por colegas de escola. O pai disse que a situação afetou todos ao redor da menina.

No dia 9 de setembro, um sábado, a jovem participou de uma gincana escolar em que sua equipe a escolheu para personificar uma representação da paz. A decisão foi que ela usaria uma fantasia de Dandara, a guerreira negra que lutou pela proteção do Quilombo dos Palmares. Após o desfile, a vitória da adolescente foi anunciada pelos jurados, desencadeando uma série de comentários racistas por parte dos estudantes da equipe adversária em um grupo de mensagens.

As mensagens chegaram até a adolescente no dia seguinte, domingo (10). Uma colega preocupada com a segurança da vítima a aconselhou a não ir para a escola na segunda-feira (11), uma vez que havia rumores de que alguns estudantes planejavam zombar dela. Ainda assim, a adolescente compareceu à escola na terça-feira (12), mas logo ligou para sua família pedindo para ser retirada antes do horário de aula ser concluído.

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Desde então, a jovem não retornou à escola, deixou de sair de casa e até mesmo de frequentar a igreja, demonstrando o impacto profundo que os comentários racistas tiveram em sua vida.

O advogado da família da adolescente, Chrystopher Luan, informou que o caso foi relatado ao Ministério Público e que as provas estão sendo reunidas para que uma denúncia seja feita à Polícia Civil. “A Polícia Civil deve identificar os autores desse fato. A informação preliminar é de que são adolescentes. Se forem, devem responder segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente”, explicou o advogado.

A escola em questão emitiu uma nota na qual informou que identificou um aluno como autor dos áudios racistas e convocou seus pais para tratar do assunto. O aluno recebeu uma punição de acordo com o regimento interno, embora os detalhes não tenham sido divulgados.

Confira:

“Desde que tomou conhecimento do ocorrido, a Escola imediatamente buscou identificar os envolvidos. Após a confirmação da identidade de um aluno como autor dos áudios, seus responsáveis foram chamados e o aluno foi penalizado conforme dispõe o regimento interno desta instituição.

Reafirmamos nossa solidariedade à aluna e nosso apoio integral à família, com quem temos mantido contato direto. Lembramos que a luta contra o racismo é diária e cabe a todos nós atuar para que episódios como esse não se repitam.

Atenciosamente,

A Direção”

A equipe adversária, de onde partiram os comentários racistas, também emitiu uma nota repudiando o caso. Veja:

“Devido aos incidentes criminosos envolvendo a aluna vencedora da prova “Garota Cidadão Cidadã” e a equipe Mirana, a organização da equipe vem por meio esta, falar que repudiamos qualquer tipo de ato ou fala racista e ofensas, não importando a circunstância.

Nada justifica o que aconteceu durante essa semana. A comissão pede perdão a aluna em nome de toda equipe e esperamos que a justiça seja feita”.

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