Luto pela partida de Nêgo Bispo, líder quilombola e símbolo de resistência
A perda de Nego Bispo é sentida por lideranças políticas e sociais, que reconhecem sua contribuição para o debate e a intelectualidade negra no país.
Por: Luana Avelar
Morreu neste domingo (3), no Piauí, o pensador quilombola Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo. Sua atuação em movimentos sociais e organizações de defesa de quilombolas foi amplamente reconhecida. A notícia de seu falecimento gerou lamentos nas redes sociais por parte de pensadores, políticos, artistas e ativistas.
Nascido no Vale do Rio Berlengas, Piauí, Nego Bispo faleceu poucos dias antes de completar 64 anos. Sua formação no quilombo Saco-Curtume moldou sua trajetória como líder e intelectual quilombola no Brasil. Autor de diversos trabalhos, ele abordava o conceito de “contra-colonização”, analisando as relações entre regimes sociopolíticos e cosmológicos, enxergando a colonização como um processo etnocêntrico.
Atuando na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Nego Bispo se destacou politicamente, conectando sua militância à sua formação quilombola. Sua voz se destacou nacionalmente como símbolo de resistência do povo negro e das lutas sociais, deixando um legado inspirador para as futuras gerações na busca por justiça e igualdade. Sua visão cosmológica fundamentou sua incansável defesa dos territórios tradicionais onde os povos constroem símbolos, significados e modos de vida, apesar dos desafios de invasões, expropriações e etnocídio.
A perda de Nego Bispo é sentida por lideranças políticas e sociais, que reconhecem sua contribuição para o debate e a intelectualidade negra no país. A CONAQ lamentou sua partida, ressaltando sua “contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola”, um legado que perdurará.