Em discurso de despedida, Barack Obama pede união pela democracia

Durante o seu último pronunciamento como presidente, Obama afirmou que mudanças só ocorrem "quando as pessoas comuns se envolvem para exigi-la"

Postado em: 11-01-2017 às 08h25
Por: Renato
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Durante o seu último pronunciamento como presidente, Obama afirmou que mudanças só ocorrem "quando as pessoas comuns se envolvem para exigi-la"

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama fez um discurso
de despedida na noite desta terça-feira (9), em Chicago, a poucos dias de
deixar o cargo após oito anos de mandato. Durante quase uma hora de fala, Obama
pediu aos americanos que se unam para lutar contra os desafios que ameaçam a
democracia norte-americana. Em um discurso emocionado transmitido para todo o
país, ele alertou o povo americano que uma mudança nos rumos do país só ocorrem
“quando as pessoas comuns se envolvem para exigi-la”. No próximo dia
20, Obama deixará a presidência dos Estados Unidos. O presidente eleito Donald
Trump assumirá no seu lugar.

Obama falou no centro de convenções McCormick Place, o maior
dos Estados Unidos, perante 20 mil pessoas. Em alguns momentos, os aplausos
soaram tão alto que Obama teve de interromper a fala e se esforçar para
continuar.

O teor do discurso de Obama focou mais no futuro do que nos
feitos alcançados nos últimos oito anos. Em alguns momentos, Obama lembrou
conquistas alcançadas e disse que a população ainda precisa superar os desafios
raciais, políticos e econômicos existentes. O presidente norte-americano disse que
é possível vencer os desafios. “Depois de oito anos como presidente, eu
ainda acredito nisso”. E prosseguiu: “E não é apenas a minha crença,
é o coração palpitante da nossa ideia americana – a nossa ousada experiência de
autogoverno”.

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Sobre as questões raciais que ainda incomodam o povo
norte-americano, Obama disse que houve um progresso significativo nessa tema
nas últimas décadas. Mas, segundo ele, esse progresso não foi suficiente para
superar todos os problemas. Obama defendeu que acreditar na superação seria
“irrealista”.

“Temos de defender as leis contra a discriminação, na
contratação [trabalhista], na habitação, na educação e no sistema de justiça
criminal. Isso é o que exige nossa Constituição e os ideais mais elevados. Mas
as leis sozinhas não serão suficientes. Os corações precisam mudar “,
disse Obama.

Além da questão racial, Obama citou a defesa dos direitos de
outras minorias que vivem no país. “Para negros e outras minorias, [nosso
desafio] significa amarrar nossas próprias lutas pela Justiça aos desafios que
muitas pessoas neste país enfrentam – não apenas os refugiados, os imigrantes,
os pobres rurais, os transgêneros americanos, mas também os de meia-idade. O
homem branco, de fora, pode parecer que tem todas as vantagens, mas ele viu seu
mundo revirado por mudanças econômicas, culturais e tecnológicas”.

Obama falou também sobre as desigualdades econômicas.
“A desigualdade absoluta também é corrosiva para nossos ideiais
democráticos”, disse ao criticar a crescente separação entre ricos e pobres
nos Estados Unidos. “Enquanto a parte superior de um 1% acumulou uma maior
parcela de riqueza e renda, muitas das nossas famílias, nas cidades e
municípios rurais, foram deixadas para trás.  O trabalhador de fábrica
despedido,  a garçonete e os trabalhadores de saúde que lutam para pagar
as contas – convencidos de que o jogo é fixado contra eles, que seu governo
serve apenas os interesses dos poderosos – isso é uma receita para mais cinismo
e polarização em nossa política “, disse ele.

Ao citar suas filhas e a primeira-dama, Michelle Obama, o
presidente se emocionou e agradeceu o apoio da família durantes os oito anos de
mandato. Ele encerrou o discurso repetindo a frase que o consagrou em sua
primeira campanha eleitoral: sim, nós podemos (Yes, we can).

Foto: Kamil Krzaczynski (EPA/LUSA) 

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