Ataques entre Israel e Hizbullah intensificam conflito na fronteira do Líbano

O conflito deu início na manhã deste domingo, quando um míssil antitanque do Hizbullah foi lançado a partir da área de Ayta a-Shaab

Postado em: 15-10-2023 às 14h27
Por: Vitória Bronzati
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A troca de fogo, embora uma ocorrência comum na região, havia aumentado nesta semana como uma forma de ambos os lados demonstrarem prontidão em tempos de guerra | Foto: Reprodução

A tensão regional na região do Oriente Médio alcançou novos níveis de tensão neste domingo (15), à medida que a guerra entre Israel e o Hamas continua a se intensificar. O dia testemunhou o aumento da violência entre o grupo Hizbullah, aliado dos governantes da Faixa de Gaza, e Tel Aviv, que isolou a fronteira com o Líbano.

Um ataque perpetrado pela milícia do Hizbullah resultou na morte de uma pessoa na cidade israelense de Shtula, localizada no norte do país. Mísseis antitanque e foguetes foram lançados ao longo do dia, e, no início da noite, a Força Aérea de Israel bombardeou posições do Hizbullah no sul do Líbano, enquanto soldados de ambos os lados continuavam a trocar tiros.

Os ataques marcam a continuação de uma escalada que teve início após o Hamas cometer o maior ataque terrorista da história de Israel, resultando na morte de mais de 1.300 pessoas em 7 de outubro. Em retaliação, o Estado de Israel já matou mais de 2.300 palestinos na Faixa de Gaza, que é controlada pelos terroristas.

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O conflito começou na manhã deste domingo, quando um míssil antitanque do Hizbullah foi lançado a partir da área de Ayta a-Shaab, cidade que faz fronteira com Shtula, na chamada “linha azul,” uma fronteira estabelecida pela ONU desde 2000.

Uma pessoa perdeu a vida e outras três ficaram feridas no ataque. As Forças de Defesa de Israel (IDF) rapidamente determinaram uma zona tampão de 4 km a partir da linha azul, isolando a fronteira e evacuando civis. Posteriormente, iniciou-se o bombardeio de posições do Hizbullah.

As IDF relataram um total de cinco ataques com mísseis antitanque, nove com foguetes, além de diversos disparos com morteiros e armas leves. Ações militares continuaram durante a noite, com o envolvimento das forças aéreas israelenses.

Além disso, as IDF anunciaram que bloquearam o sinal de GPS em toda a região norte de Israel, o que pode causar problemas em aplicativos de celular. Essa medida visa atrapalhar a precisão de mísseis e comunicações de possíveis infiltrados na área.

A troca de fogo, embora uma ocorrência comum na região, havia aumentado nesta semana como uma forma de ambos os lados demonstrarem prontidão em tempos de guerra. O Hizbullah é um dos aliados regionais do Hamas, e ambos os grupos recebem apoio do regime teocrático do Irã, que utiliza prepostos para evitar um confronto direto com Israel, um Estado nuclear.

No entanto, a escalada deste domingo ocorre um dia após o chanceler iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, encontrar-se com o líder político do Hamas, Ismail Haniye, no Qatar. Ele também se reuniu com representantes do Hizbullah e da Jihad Islâmica, outro grupo anti-Israel que faz parte do que o Irã chama de “Eixo da Resistência,” junto com a Síria e outros aliados.

Neste contexto, a resistência se refere à oposição à existência de Israel e à normalização das relações de Tel Aviv com vizinhos árabes, como os Emirados Árabes Unidos. A principal negociação em andamento, mediada pelos EUA, é a aproximação com a Arábia Saudita, que tem sido prejudicada pela nova guerra, exatamente o que o Hamas desejava.

Neste domingo, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, se encontrou com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, em Riad. O príncipe herdeiro declarou que é necessário “parar a atual escalada, respeitar a lei internacional e levantar o cerco a Gaza”.

Os EUA têm tomado medidas sem precedentes desde que patrocinaram acordos de paz entre parte dos palestinos e Israel em 1994. O governo de Joe Biden anunciou o envio de um segundo grupo de porta-aviões para se juntar ao USS Gerald Ford, o maior navio de guerra do mundo, na costa israelense. Esta ação tem como objetivo alertar os rivais regionais de Israel sobre as consequências de interferir na guerra contra o Hamas. O Departamento de Defesa também reforçou bases na região com aviões de ataque F-15, caças F-16 e, de maneira notável, os “tanques voadores” A-10, especializados em atacar blindados.

No discurso, o Irã continua a expressar apoio à luta palestina e afirma que está pronto para a guerra. No entanto, é no norte de Israel que a dinâmica do conflito tem sido testada diariamente.

Para Israel, a eventual entrada do Hizbullah, que possui um formidável arsenal de foguetes e mísseis e que obteve um empate na guerra de 2006 com Tel Aviv, seria um grande problema militar. Além disso, a leste, há a questão da Síria, que já foi atacada duas vezes desde o início da crise, com alegações de que os aviões eram de Israel. As IDF não costumam comentar essas ações, mas elas também foram confirmadas pela Rússia, que é aliada do eixo anti-Israel e mantém relações próximas com o governo de Binyamin Netanyahu.

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