“Goiânia precisa de alguém que comande a cidade”

(Venceslau Pimentel e Sara Queiroz) Pré-candidato a prefeito de Goiânia, o deputado federal Delegado Waldir Soares (PR), em entrevista ao O Hoje, antecipa

Postado em: 15-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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(Venceslau Pimentel e Sara Queiroz)

Pré-candidato a prefeito de Goiânia, o deputado federal Delegado Waldir Soares (PR), em entrevista ao O Hoje, antecipa alguns itens que vão constar do plano de governo que está sendo elaborado, com a participação popular. Eleito em 2014, com 234,7 mil, tendo como lema a segurança pública, ele afirma que criará a Secretaria Municipal de Segurança Pública, que ficará a cargo da Guarda Civil Metropolitana. Ao avaliar a atual administração pública da capital, o parlamentar, que se desfiliou recentemente do PSDB, critica a decisão do prefeito Paulo Garcia (PT) em instituir meio expediente. Para ele, Goiânia tem de funcionar 24 horas por dia, e tem que ter alguém co mando. Sobre o valor da tarifa do transporte coletivo, ele diz que vai tomar as rédeas do sistema e buscar subsídios para baixar o preço para o usuário. Waldir também defende o que ele classifica de justiça tributária municipal. Veja os principais trechos da entrevista. 

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O Hoje – O senhor esteve filiado por certo tempo ao PSDB e agora está no PR, para ser candidato a prefeito de Goiânia. Até que ponto essa mudança pode prejudicar o seu discurso, já que está num partido da base aliada do governo?

Eu sofri ao longo do tempo que eu estive no PSDB, principalmente a partir do momento em que eu me tornei pré-candidato a prefeito de Goiânia. Eu sofri uma grave discriminação dentro do partido. Em nenhum momento haverá prejuízo ao delegado Waldir, porque o eleitor sabe que eu fui humilhado, perseguido e atacado. É só você pegar as matérias jornalísticas que saíram com Nion Albernaz, José Vitti, Jayme Rincón e outros políticos do partido, que foram nos jornais e me atacaram, sem qualquer motivação. No mínimo faltou respeito comigo, porque eu sou o deputado federal mais bem votado de Goiás e mais votado na história de Goiânia. Já sofri perseguições ao longo da minha carreira, não tinha promoções, era transferido para as piores delegacias. Então o PSDB, ao longo do tempo, me engoliu, e o eleitor vai entender isso muito bem. Quanto ao fato de o PR estar na base daqui do governo e na base da presidente Dilma, quando eu me filiei conversei com o presidente do partido e com o líder da bancada, na Câmara dos Deputados, que eu teria independência.

O senhor foi eleito para deputado federal batendo na tecla do tema de insegurança. Goiânia requer isso, mas tem outros problemas urgentes da cidade. O que o senhor tem de planejamento prévio para a campanha?

Nós fizemos um pré-projeto quando decidimos participar das prévias (do PSDB). Independente disso, nós temos feito um trabalho de campo desde o ano passado, para ver as necessidades das pessoas que moram em nossa capital. Não vamos fazer um plano de governo apenas em gabinete, queremos trazer um plano de governo que traga as principais necessidades dos goianienses. Já fizemos um diagnóstico, e a principal necessidade é a nossa especialidade: segurança pública.

E o que a prefeitura de Goiânia pode fazer efetivamente para colaborar nessa área?

Eu fico admirado quando alguns pré-candidatos dizem que o munocípio não tem competência na segurança pública. Estão todos equivocados. Eles não têm lido sobre as mudanças que temos feito sobre a competência da Guarda Civil Metropolitana, porque ela hoje é uma polícia ostensiva, igual a Polícia Militar. Ela tem atribuição não só de cuidar do patrimônio do cidadão, mas também cuidar da segurança pública. Então, com base nisso, um dos nossos principais projetos nessa área é criar a Secretaria Municipal de Segurança Pública. Vamos criá-la e dotá-la de equipamentos, fortalecê-la e preparar esses agentes e colocá-los para atuar em todas as áreas de Goiânia. Queremos devolver ao cidadão goianiense o direito de ir e vir. A principal preocupação do Delegado Waldir, enquanto prefeito, é reduzir a perda de vidas em nossa cidade, seja a morte violenta, no trânsito, nos postos de saúde, pela falta de UTI, etc. Queremos interferir para que Goiânia tenha o menor número de pessoas mortas e feridas.

Esse projeto requer uma parceria com o Estado ou seria independente?

Toda gestão em segurança pública você não pode pensar nela de forma isolada. Você tem que ter um núcleo de inteligência, uma central de monitoramento, onde você tenha parcerias entre Municípios, Estados e União, como acontece em todas as entidades. Hoje a visão de Goiânia, em relação à segurança pública, está ultrapassada.

Como avalia a atual gestão na prefeitura de Goiânia, como um todo, e, em particular, a decisão de reduzir o expediente para meio período?

Inadmissível. Goiânia tem que funcionar 24 horas, não meio período. Mas não tenho conhecimento que nossa capital tenha algum gestor e administrador, porque, pelo abandono que temos hoje, parece que estamos sem gestor, como o país que está sem rumo. Esse prefeito que está ai só vai deixar um legado: o que tem a cidade mais suja do país, a cidade insustentável que derruba suas árvores, a cidade alagada, a cidade insegura… É esse legado que nós vamos mudar.

É por falta de recursos?

Não, não é por falta de recurso. Na verdade é por falta de gestor. Eu também não tenho recursos na Câmara Federal. Abri mão da verba indenizatória e privilégios, e nem por isso eu deixei de ser o 16° melhor parlamentar. Nós não podemos reclamar que nós não temos recursos, temos falta é de ações. Na verdade se você quer ser uma pessoa pública e sabe das dificuldades que se tem na administração, então não entra nela. Se você vai para o serviço público, você sabe que são desafios. Por que eu quero ser prefeito? Porque quero ajudar a mudar a vida das pessoas. Não suporto mais viver em uma Goiânia suja, feia, insegura. Deixamos de ser uma das melhores cidades para se viver para ser a pior. Eu já mudei da história de Goiás ao fazer uma eleição sem recursos, agora posso mudar a história de Goiânia fazendo a melhor administração que a cidade teve até hoje.

Em relação à mobilidade urbana, hoje nós temos dois projetos, um do VLT e outro do BRT, em andamento. Daria continuidade a esses projetos?

As grandes obras de infraestrutura de Goiânia, nós vamos rediscuti-las para se saber qual é a real necessidade. Macambira-Anincuns, marginais Cascavel e Botafogo, VLT, BRT. Então, temos que estudar e ver o que é mais viável. Mas nós não podemos deixar as obras que já começaram inacabadas. Aquelas obras que tenham viabilidade técnica nós temos que buscar recursos ou economizar para concluí-las. Elas estão dentro do planejamento inicial da nossa cidade, é isso que foi planejado? Então vamos concluí-las. Não vamos deixar dinossauros intermináveis.

Qual é a saída?

Eu diria que eu não posso interferir na vida das pessoas. Eu tenho que dar opções, como um transporte coletivo de qualidade, mas se você quiser ir de carro você tem essa escolha, e eu tenho que permitir um meio de transporte seguro e rápido para você ir de carro. Mas temos que dar transporte de qualidade também. Um dos modelos que queremos implantar em Goiânia é o “ligeirinho”. São os ônibus que só se deslocam de terminais em terminais, saindo, principalmente, dos locais de periferia para ir até os locais de trabalho e ao centro. E tem ainda os interbairros, que você circula toda a cidade rapidamente. O ligeirinho é um meio de transporte que você faz em tubos, mediante plataformas, e que hoje existe em Curitiba, e que vamos implantar aqui. É um absurdo a forma como as pessoas são tratadas dentro do transporte coletivo aqui em Goiânia, é humilhante e vergonhoso.  

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