Diálogo nacional é a última cartada de Mendanha no MDB

Em meio à pressão de Daniel Vilela em Goiás, prefeito de Aparecida de Goiânia se reuniu com nomes de peso do partido em Brasília

Postado em: 26-08-2021 às 08h29
Por: Marcelo Mariano
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Em meio à pressão de Daniel Vilela em Goiás, prefeito de Aparecida de Goiânia se reuniu com nomes de peso do partido em Brasília | Foto: Reprodução

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), se reuniu, em Brasília, com importantes lideranças emedebistas, como o ex-presidente Michel Temer e o deputado federal Baleia Rossi, que preside o partido a nível nacional.

Conhecido por usar vestimentas mais leves, como camisetas e camisas polo, Mendanha até colocou um paletó para participar do lançamento do projeto “Todos por um só Brasil”.

“O documento, elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, reúne ideias para nortear os programas de governo dos candidatos do MDB em nível nacional e estadual”, escreveu o prefeito de Aparecida de Goiânia em suas redes sociais.

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Mendanha estava acompanhado do deputado estadual Paulo Cezar Martins, embora não tenha sido citado na legenda da foto. Ele é um dos principais defensores de uma candidatura própria do MDB para governador em 2022.

Outro defensor de Mendanha é o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, que, a propósito, foi assessor de Temer, despachando, inclusive, do terceiro andar do Palácio do Planalto, o mesmo do gabinete presidencial.

Pressão

Já de olho na sucessão em 2026, o presidente estadual do MDB em Goiás, Daniel Vilela, articula uma aliança, prestes a ser anunciada, para ser o candidato a vice na chapa do governador Ronaldo Caiado (DEM).

Como há uma parte do MDB que defende candidatura própria, Daniel tem buscado declarações públicas de apoio de emedebistas à negociação com o DEM, algo visto por pessoas próximas a Mendanha como uma “pressão enorme”.

O movimento mais recente foi com os vereadores do MDB em Goiânia, que formam a maior bancada da Câmara Municipal e se colocaram ao lado do presidente estadual do partido.

Vale lembrar que, em abril, época da ruptura entre Daniel e o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), os mesmos vereadores emedebistas escolheram ficar na base da Prefeitura.

A pressão de Daniel também ocorre em prefeitos e demais lideranças do MDB no interior, a ponto de Mendanha, quando visita outros municípios, dificilmente estar acompanhado de colegas de partido.

O prefeito de Aparecida de Goiânia e o presidente estadual do MDB têm, de fato, agendas paralelas. Aliás, os dois não conversam há semanas.

Última cartada

Enquanto Daniel está cada vez mais próximo de ser o vice de Caiado, Mendanha, por sua vez, não pensa em recuar da candidatura a governador, uma vez que, segundo suas pesquisas internas, aparece bem-colocado principalmente na Região Metropolitana de Goiânia e com possibilidade de crescimento no interior, onde ainda é desconhecido.

Mendanha não esconde que gostaria de ser candidato pelo MDB e sua visita a São Paulo para dialogar com lideranças nacionais do partido é vista como uma última cartada, já que, em Goiás, está isolado.

O problema é que o próprio Daniel exerce influência na executiva nacional. Ele é o 3º vice-presidente, além de ser respeitado desde os tempos em que foi deputado federal, tendo presidido a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados (CCJ), a mais importante da Casa, no final do mandato de Temer.

É mais provável, então, que essa última cartada também não tenha sucesso. Sendo assim, não restará outra opção a Mendanha além da saída do MDB.

Ainda é cedo para dizer qual será o destino do prefeito de Aparecida de Goiânia. O Podemos, por exemplo, seria uma opção. No entanto, uma coisa parece certa: apesar de o PT já ter procurado Mendanha, ele não está disposto a vincular sua imagem ao ex-presidente Lula ou a um partido que o apoie, como o PSB.

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