Lula decide manter Juscelino Filho, acusado de ter utilizado dinheiro público em compromisso particular

Interlocutores afirmam que Lula sofre pressão do União Brasil, partido do ministro que possui a terceira maior bancada da Câmara com 59 deputados

Postado em: 07-03-2023 às 12h03
Por: Rodrigo Melo
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Interlocutores afirmam que Lula sofre pressão do União Brasil, partido do ministro que possui a terceira maior bancada da Câmara com 59 deputados | Foto: Ricardo Stucker

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu manter no cargo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (UB), após reunião na tarde desta segunda-feira (6/3). O encontro ocorreu para que o ministro se explicasse sobre acusações de uso de recursos públicos para agendas de interesses particulares.

Após o encontro que classificou como “muito positiva”, o ministro ainda postou no Twitter que segue no cargo e chegou a anunciar uma agenda com a participação do presidente ainda este mês, na Região Norte. O Palácio do Planalto não se manifestou sobre o encontro.

Acusações

O ministro e deputado federal pelo Maranhão (licenciado do mandato), foi acusado de usar recursos de emendas parlamentares para a construção de estradas que dão acesso a fazendas de sua família na cidade de Vitorino Freire (MA). As emendas de mais de R$ 5 milhões foram repassadas à Prefeitura da cidade, que tem sua irmã como prefeita.

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Juscelino também está sendo questionado sobre uma viagem feita em aeronave oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), de Brasília para São Paulo, no fim de janeiro, que incluiu reuniões de trabalho e participação em leilões de cavalos. Juscelino Filho é criador de cavalos de raça no Maranhão. Ele chegou a receber diárias durante todos os dias em que esteve na capital paulista, mas afirma já ter devolvido os recursos. As reportagens foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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Nos bastidores

Interlocutores afirmam que Lula sofre pressão do União Brasil, partido do ministro. A sigla possui a terceira maior bancada da Câmara com 59 deputados. A demissão do ministro dificultaria o voto para projetos do governo.

Vale ressaltar que o presidente também não demitiu a ministra do Turismo, Daniela Carneiro (UB), também do mesmo partido que Juscelino Filho. A ministra é acusada de gastar R$ 1,092 milhão com duas gráficas que não executaram os serviços oferecidos em seu endereço declarado ao Tribunal Superior Eleitoral.

Na ocasião, Lula disse que “não havia fatos relevantes” para demitir a ministra e que “Eu mesmo já fui massacrado injustamente. Sei o que você está passando. Aguente firme”, disse Lula, garantindo a ela que permanecerá no cargo.

Explicações do ministro

Horas antes da reunião com o presidente, Juscelino publicou um vídeo em suas redes sociais para se defender das acusações de uso indevido de verba pública. Sobre o recebimento das diárias, Juscelino apontou “erro no sistema de diárias”, que acabou incluindo valores relativos aos finais de semana, quando ele não teve agenda de trabalho. Ele cita a viagem a São Paulo, nos dias 27 e 28 de janeiro, e uma viagem anterior ao Maranhão.

“O que aconteceu foi que o sistema gerou automaticamente as diárias para todo o período, um erro de sistema, sem diferenciar o final de semana”, afirmou. Em outra postagem no Twitter, o ministro exibe cópia de dois comprovantes de depósito na conta única do Tesouro Nacional. Um no valor de R$ 2.004,45, realizado no dia 28 de fevereiro e outro no valor de R$ 2.786, feito no dia 19 de janeiro. 

Sobre seus investimentos no ramo de equinos de raça, que o levou a participar de um leilão na capital paulista, Juscelino Filho diz que tudo é declarado ao fisco. “Desde sempre declaro todos os meus bens na minha declaração de Imposto de Renda [IR], inclusive os meus cavalos. E faço questão de deixar claro: a Receita Federal sempre aprovou todas as minhas declarações de IR. E mais, a Justiça Eleitoral também aprovou as minhas contas”, afirmou. “Sou ficha limpa e não respondo a nenhum processo e é importante deixar isso bem claro”, defendeu-se.

Ainda no vídeo, o ministro se refere às acusações como “ataques distorcidos” e nega que tenha usado recursos de emendas parlamentares para obras que pavimentação de estradas que levam a propriedades de sua família. “Não houve obras nas proximidades da minha fazenda nem na via de acesso. E o projeto tem o objetivo de atender inúmeras comunidades que convivem com lama e com a poeira”, argumentou.

Veja o vídeo:

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