“Comurg acumula problemas desde 1979”, diz presidente da Companhia em CEI

Parlamentares sabatinaram, por mais de três horas, presidente do órgão. Clima ficou tenso quando vereador questionou o destino dos R$ 5 mi repassados à Comurg para reforma dos Cras da capital

Postado em: 23-03-2023 às 07h51
Por: Felipe Cardoso
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Parlamentares sabatinaram, por mais de três horas, presidente do órgão | Foto: Reprodução

O presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Alison Silva Borges, esteve, na tarde da última quarta-feira (22/3), na Câmara Municipal da cidade. Ele foi convocado para uma oitiva com os vereadores que recentemente instalaram uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a Companhia. Os parlamentares proporam a Comissão diante da insatisfação generalizada em relação à prestação do serviço, bem como as suspeitas em relação a contratos, repasses e licitações firmados pela pasta.

Durante a sabatina, que durou mais de três horas, o presidente do órgão disse ter chegado ao comando da Comurg com a pretensão de identificar os problemas. “Tenho, claro, a pretensão de resolver todos os problemas, mas eles não serão resolvidos em dois ou quatro anos. Estamos falando de problemas com mais de 40 anos. Hoje temos consolidados mais de R$ 30 milhões de débitos que atualizados chegam a casa dos R$ 160 milhões. Se a Comurg tivesse recebido esses valores, talvez ela não estivesse com a saúde fiscal como está agora”, declarou. 

Ele também assegurou que desde que assumiu o comando da pasta, repassou todos os problemas diagnosticados ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos). “A prefeitura, inclusive, tomou algumas medidas. Fizemos reuniões quinzenais com vários secretários buscando uma saída para a resolução dos problemas. Uma delas foi a terceirização de alguns serviços que são vistos como gargalos na Companhia, outra saída que encontramos foi buscar os valores que são devidos à Comurg e que nunca antes alguém se atentou para esse fato”. 

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Borges considerou como um dos maiores problemas o fato da Comurg aplicar recursos de seu próprio caixa para custeio dos compromissos de outras companhias e não ter esses valores devolvidos. “Estamos buscando um caminho para resolver isso. Esperamos que esses valores sejam devolvidos à Comurg via processo de liquidação”.

Ele assegurou que nunca antes a direção da Comurg enfrentou problemas como agora. E continuou: “Simplesmente não existe um plano de liquidação, ou seja, a Comurg continuaria cumprindo isso a de eterno. Já passamos esse problema para o corpo diretivo e estamos montando um plano de liquidação da empresa para que, ao final, possamos reaver esses valores”. E disparou, por fim, otimista: “A Comurg presta um serviço de excelência dentro de suas possibilidades. Não tenho dúvidas que ao final dessa gestão teremos uma empresa forte, pujante e que dará resultados positivos para a cidade”.

Cadê o dinheiro?

Durante o interrogatório, o vereador Paulo Henrique da Farmácia resolveu questionar o presidente sobre o pagamento de uma nota fiscal, por parte da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, no valor de R$ 5 milhões à Comurg. O vereador destacou que o dinheiro deveria ser destinado à reforma de Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e questionou o destino dos recursos uma vez que as unidades não se encontram reformadas. 

Borges disse, em um primeiro momento, que o dinheiro foi “repassado para custear o início das obras”. O vereador, por sua vez, indagou: “mas elas não foram feitas”. E o presidente retrucou: “É que diante da saúde financeira da empresa, que não tem capital de giro e historicamente acumulou déficits, pagamos, com esse dinheiro, os fornecedores que, inclusive, fornecem materiais de construção para as obras que nós executamos em nossos contratos”. 

Ele também disse que a Comurg “não pode ficar com dinheiro parado na conta”. E justificou: “Temos obrigações para cumprir, somos uma empresa deficitária”. Paulo Henrique, assim como o presidente da Comissão, Ronilson Reis, demonstraram insatisfação com a resposta. O primeiro chegou a considerar a elaboração de um requerimento para entender melhor a destinação dos recursos. Na contramão da interpretação dos vereadores, o presidente esboçou naturalidade: “todo dinheiro que entra é usado para isso”.

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