Insatisfeito, Roberto Naves deixa o PP
Prefeito de Anápolis estava inconformado com aproximação da sigla presidida por Alexandre Baldy com o petista Antônio Gomide
Por: Yago Sales

A política anapolina previa, mas não sabia que causaria tanto barulho o desembarque do prefeito Roberto Naves do Progressistas, sigla da qual “dava o sangue” há tão pouco tempo. Afinal, aliado de primeira hora do presidente da legenda, Alexandre Baldy, que é presidente da Agência Goiana de Habitação sob Ronaldo Caiado, tinha trânsito às decisões.
De repente, num movimento anômalo, a relação que rendeu alguns frutos importantes ao poderio do grupo em Anápolis começou a ficar esganiçada. E tudo parecia um destino normal: que o PP escolhesse algum nome que, como o próprio Naves, tivesse consistência no cenário político municipal para a eleição à prefeitura do ano que vem.
A escolha de Baldy foi Leandro Ribeiro, que, do PP, foi presidente da Câmara de Vereadores da cidade com histórico de críticas à gestão do atual mandatário. A escolha de Baldy, é bom lembrar, não tinha qualquer consonância com que Naves gostaria.
Com isso a definição de Baldy lançar Ribeiro como pré-candidato desagradou, e muito, ao Naves e, como já se cochichava pelos corredores da prefeitura e da Câmara da cidade, a sua saída do Progressistas estaria com os minutos contados. E veio exatamente nesta segunda-feira, dia 18 de setembro, data em que Leandro Ribeiro aparece em uma fotografia entre o deputado federal José Nelto e Alexandre Baldy. Também na foto, Joel Santana Braga – secretário de Indústria, Comércio e Serviços.
Algumas perguntas, no entanto, pairam no imaginário dos especuladores da política local. A deputada estadual Vivian Naves, que é do PP, também deve deixar a legenda? Afinal, ela é esposa de Roberto Naves e, claro, também deve entrar no estratagema para apoiar outra pessoa para o grupo. Tudo isso deixa claro que existe, na elite política anapolitana que está sob o guarda-chuva de Caiado, um racha que pode causar problemas sérios no pleito de 2024.
Desfalecidos, guerreando entre si, podem deixar o fortalecimento de nomes que já avançam rumo à vitória nas urnas. Dois nomes são constantemente citados: o deputado estadual Antônio Gomide (PT) e o deputado federal Márcio Correa (MDB).
O primeiro nome dá calafrios em Naves. E, diz-se, a possibilidade de o PP apoiar o petista para uma candidatura para a prefeitura também o deixou possesso. Antipetista, como não é nenhuma dificuldade para quem reverencia Jair Bolsonaro (com fotos, inclusive, posando aos sorrisos), seria um golpe muito grande ao prefeito.
Outro desgosto que o tirava o brio e o riso era a postura do senador Ciro Nogueira que, após a derrota de Bolsonaro, abraçou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se uma base consistente. Ciro é presidente do Progressistas. Nada no partido parecia dar gosto a Roberto Naves. Ciro, que antes era ministro-chefe da Casa Civil, há tão pouco tempo, de Bolsonaro, se entregara ao lulopetismo. Era uma corrente contra a ideologia do prefeito.
Sem perder as esperanças para conseguir fazer um sucessor, Naves tem dito que deve escolher como novo barco político-partidário uma sigla de direita, como o Partido Liberal do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Mas também está de olho no Patriota de Jorcelino Braga. Não descarta, contudo, o PDT de Flávia Morais, como ele informou a um jornalista logo depois de ter dito que deixaria o Progressistas.