Janones pode perder mandato por suposta rachadinha

O deputado federal André Janones (Avante-MG) pode perder o mandato por suposta prática de rachadinha em seu gabinete na Câmara dos Deputados. Nesta quarta-feira (13), o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara instaurou um processo contra o político a fim de investigar o caso. Os membros do Partido Liberal (PL) realizaram o pedido de abertura do procedimento após a divulgação de áudios em que o parlamentar cobra parte dos salários de seus assessores para pagar despesas pessoais.

De acordo com Cefas Luiz, a prática de rachadinha era comum entre vários funcionários no gabiente de André Janones, em Brasília. Além disso, o ex-assessor do parlamentar também disse que a atual prefeita de Ituiutaba, em Minas Gerais, era ex-assessora e também namorada de Janones na época. Por fim, Cefas informou que ela era responsável pelo dinheiro entregue por funcionários no gabinete. Nas redes sociais, o deputado federal negou todas as acusações. “EU NUNCA fiz rachadinha”, defendeu-se.

Para Janones, a gravação é “clandestina e criminosa”. E, conforme afirmou, também é um áudio que está fora de contexto para acusá-lo de um crime que não cometeu. Ademais, a prefeita Leandra Guedes emitiu uma nota à imprensa, dizendo que “não tem conhecimento do conteúdo divulgado nesta segunda-feira (27/11) e jamais presenciou ou participou de qualquer conduta ilegal”. Contudo, a oposição acionou o Conselho de Ética, que investigará se Janones realmente fez a suposta rachadinha.

Áudio de Janones

No dia 5 de fevereiro de 2019, Cefas Luiz gravou um áudio de 49 minutos no anexo 4 da Câmara dos Deputados, quando André Janones se reuniu com funcionários e explicou como funcionaria a rachadinha. Na gravação, o parlamentar afirma que alguns de seus assessores receberiam uma quantia maior de salário a fim de ajudá-lo no pagamento de despesas pessoas. “E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi 675 mil reais na campanha”, disse.

Além disso, o deputado federal destaca que, para ele, não considera que a rachadinha seja corrupção. “Isso são simplesmente algumas pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016 e acho que elas entendem que realmente o meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de 380 mil, um carro, uma poupança de 200 mil e uma previdência de 70 [mil]. Eu acho justo que essas pessoas também hoje participem comigo da reconstrução disso”, justificou André Janones no áudio.

Abertura do processo

Na representação que resultou na abertura do processo contra Janones, o PL avalia que o repasse de parte dos salários teria sido uma “solicitação verdadeiramente impositiva” aos funcionários públicos presentes no momento. Além disso, o pedido também destaca que os salários dos servidores seriam para “proveito do deputado André Janones”, conforme os áudios que os jornais divulgaram.

“Trata-se do famigerado esquema de ‘rachadinha’ – prática ilegal e odiosa que pode configurar, em tese, crime de peculato”, diz o documento. De acordo com o presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Junior, ele escolherá o relator do processo a partir de três nomes que o colegiado sorteou. São eles: Sidney Leite (PSD-AM),Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT) e Guilherme Boulos (PSOL-SP).