Crimes em Wineville: conheça a história de Walter Collins, que desapareceu e foi substituído por um filho ‘impostor’

Na década de 1920 - considerada como "os anos loucos" - o estado da Califórnia, nos Estados Unidos foi o epicentro de um grande ataque. Os crimes do galinheiro foram uma série de sequestros e assassinatos de meninos que ocorreram na cidade de Los Angeles.

Postado em: 01-07-2022 às 18h00
Por: Ana Bárbara Quêtto
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Um caso em particular ganhou muita notoriedade em torno do assunto: o sumiço de uma criança, de 9 anos, chamada Walter Collins, na cidade dos anjos. | Foto: reprodução

Na década de 1920 – considerada como “os anos loucos” – o estado da Califórnia, nos Estados Unidos foi o epicentro de um grande ataque. Os crimes do galinheiro foram uma série de sequestros e assassinatos de meninos que ocorreram na cidade de Los Angeles.

Gordon Stewart Northcott abusava sexualmente, torturava e assassinava as crianças as quais sequestrava. Os crimes aconteceram entre 1926 e 1928. A quantidade exata de vítimas nunca foi descoberta.

No entanto, um caso em particular ganhou muita notoriedade em torno do assunto: o sumiço de uma criança, de 9 anos, chamada Walter Collins, na cidade dos anjos.

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Sua mãe, Christine Ida Dune, nasceu em dezembro de 1888, em Los Angeles e casou-se com Walter J. Collins, um ex-presidiário. Em 1918, o casal teve seu primeiro e único filho, Walter. Mas, em 1923, o marido foi preso, novamente, por assalto a mão armada e faleceu na prisão.

Collins foi criado em Los Angeles e, naquela época, era comum que os pais dessem liberdade às crianças para passear sem a companhia de um adulto. Com isso, no dia 10 de março de 1928, Christine deu dinheiro a Walter para que ele fosse ao cinema. Foi a última vez que ela viu o filho.

Sumiço de Walter

Ao perceber a demora da criança, a mãe começou a sair em busca dele. Alguns vizinhos alegaram tê-lo visto em um posto de gasolina, outros disseram que o menino estava em ruas acima do limite imposto pela mãe. Sem sucesso, cinco dias após o desaparecimento ela ligou para a polícia.

Logo após ter informado as autoridades, o rosto do menino estampava todas as capas dos principais jornais da cidade. A busca se estendeu por cinco meses. Apesar de encontrarem algumas pistas, nenhuma levava à Walter. Além disso, os policiais acreditavam que a crianças teria fugido.

Mas, depois de meses investigando o caso, uma das vizinhas de Christine revelou ter visto a criança no banco traseiro de um carro, com outras duas pessoas que pareciam estrangeiras, e que Walter gritava, implorando para sair. A partir desse testemunho, a mãe teve certeza de que o filho havia sido sequestrado.

Assim, a pressão pública para que o caso fosse solucionado começou a crescer. No dia 28 de agosto de 1928, Christiane recebeu a notícia que tanto aguardava. Autoridades da Califórnia receberam um telefonema da polícia de Illinois que confirmava o paradeiro de Walter.

O impostor

Os policiais organizaram um encontro público entre a mãe e filho. Ao descer do trem, Christiane logo notou uma diferença física entre aquele menino e seu filho. A mulher gritou que estavam confundindo seu filho, mas o capitão da polícia, J.J. Jones, afirmou que os meses distantes haviam mudado o garoto.

Para evitar a humilhação em público, J.J. pressionou Christiane para que ela levasse a criança para casa. Durante a interrogação, o menino contou uma história sem conexões, mas que acabou sendo aceita para que o caso fosse encerrado.

Christine passou 3 semanas com o impostor, até ter uma forma de provar que ele não era Walter. Com registros dentários de Walter e do garoto que se dizia seu filho, ela conseguiu evidências de que os dois não eram a mesma pessoa. E, ainda, não foi o suficiente.

O capitão acionou o Código 12 – termo utilizado pela polícia para prender, sem julgamento prévio, pessoas “difíceis” – e ordenou que a mãe fosse presa na ala psiquiátrica do Hospital Geral de Los Angeles. Acusada de estar em negação parental, ela ficou semanas internadas até, finalmente, o menino confessar que não era Walter.

O nome do impostor era Arthur Hutchins, ele tinha 12 anos, e havia se passado por Walter para ir a Los Angeles, onde queria conhecer seus ídolos de cinema e tentar uma carreira em Hollywood. Após admitir seu sonho, Christine foi liberada do hospital, mas continuava sem Walter.

Crimes em Wineville

Christiane processou a polícia de Los Angeles e, pressionado pela mídia, o capitão J.J. Jones insistiu que Walter poderia ter sido uma das vítimas de Gordon Stewart Northcott. Além de dever 11 mil dólares a Christine, como indenização. Ela nunca recebeu o valor.

Mas, sem nunca perder as esperanças de um dia encontrar seu filho, Christiane Collins se tornou a primeira mulher americana, em mais de três décadas, a visitar um assassino em série na véspera de sua execução.

Cinco anos após a execução de Gordon, uma de suas vítimas foi encontrada viva. David Clay revelou que Walter era uma das crianças que estava com ele em Wineville. Ele contou que eles tentaram escapar, mas acabaram se perdendo um do outro.

Essa notícia deu mais esperança à mãe e ela nunca parou de procurar por Walter. Christiane faleceu em 1964. Em 2008, o filme ‘A troca’, baseado na história real, estreou nos cinemas com a interpretação de Angelina Jolie como Christiane Collins.

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