Fica 2023 conta com programação variada incluindo mostras, minicursos, oficinas e sessões especiais

Festival de cinema de temática e um dos primeiros no mundo, o Fica permanece hoje como um dos principais eventos do gênero

Postado em: 15-06-2023 às 11h01
Por: Lanna Oliveira
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Festival de cinema de temática e um dos primeiros no mundo, o Fica permanece hoje como um dos principais eventos do gênero | Foto: Divulgação

A cena cultural goiana tem ganhado grandes reforços, mas são os festivais tradicionais que impulsionaram os artistas e potencializaram suas artes. Um dos maiores do Estado, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), chega a sua 24ª edição. O evento conta como tema ‘Cerrado e Amazônia: Dois Territórios, um Só Futuro’, destrinchando a ligação existente. Para quem visitar a Cidade de Goiás neste fim de semana encontra ainda mostras competitivas, programação cultural e formativa diversificada, homenagens e grandes shows musicais.

Primeiro festival de cinema de temática ambiental do Brasil e um dos primeiros no mundo, o Fica permanece hoje como um dos principais eventos do gênero nacional e internacionalmente. A cada ano, nas telas do histórico Cineteatro São Joaquim, na Cidade de Goiás, é exibido um recorte do que há de mais novo, relevante e inquietante em termos de filmes que tratam da relação entre ser humano e natureza. O evento também promove um fórum de debates ambientais de alto nível, reunindo sempre grandes pensadores e líderes.

Com o intuito de discutir o presente e o futuro do planeta e da humanidade, suas sessões de cinema e debates já receberam os mais importantes nomes do cinema e do meio ambiente no Brasil e no mundo, como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Eduardo Escorel, Nelson Pereira dos Santos, João Batista de Andrade, Marina Silva, Miriam Leitão, Washington Novaes, entre outros. O Fica tem sido também, ao longo de sua história, um lugar de desenvolvimento do cinema no Estado, exibindo filmes goianos, formando profissionais e fomentando seu networking.

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Os shows são os destaques desta edição. A cantora Maria Rita, canta na sexta-feira (16); quando também se apresentará a banda goiana Banda Madá. A noite de sábado (17) será animada por show de Criolo, mas antes haverá apresentação da cantora Maduli. No domingo (18) é a vez de Maria Eugênia, Ricardo Leão e Luiz Chaffin abrirem as apresentações da noite de encerramento. Na sequência, a Orquestra Filarmônica de Goiás promete uma apresentação especial que contará com a participação do músico Roberto Menescal e da cantora Wanda Sá.

O documentarista e escritor João Moreira Salles também é presença confirmada no Fica 2023. Ele participa da conversa ‘Arrabalde: Brasil e Amazônia’, no sábado (17), às 10h30, no Cineteatro São Joaquim. Ele fala sobre a Amazônia, a partir de uma experiência de seis meses vivendo na floresta, no estado do Pará, que resultou no livro ‘Arrabalde – Em Busca da Amazônia’. Um dos maiores nomes do documentário brasileiro, ele aproximou-se da questão ambiental nessa temporada, em 2019, quando também escreveu uma série de reportagens para a revista ‘Piauí‘. 

Além dos shows e das discussões promovidas, a organização integra a tecnologia ao tradicional. A 24ª edição do festival traz uma novidade para os cinéfilos.  O evento conta com uma plataforma de streaming pela qual pessoas do mundo inteiro podem assistir e votar nos filmes da mostra competitiva. O acesso é gratuito pelo site ficatv.com.br. Na plataforma estão disponíveis filmes premiados em edições anteriores e as produções selecionadas para o evento deste ano.

Mostras, filmes e homenagens

Curtas e longas-metragens nacionais e internacionais vão competir em três categorias no 24º Fica. Para a ‘Mostra Internacional Washington Novaes’, a principal, foram selecionados seis longas e oito curtas, sendo seis filmes estrangeiros e oito filmes brasileiros, incluindo três produções goianas. A ‘Mostra do Cinema Goiano’, que é palco de revelação de novos talentos da produção audiovisual goiana, exibe 14 filmes. E para completar, a ‘Mostra Becos da Minha Terra’, que exibe produções da cidade de Goiás, conta com dez obras. 

Além disso, um dos filmes ganhadores do Festival de Cannes deste ano, terá sua avant première brasileira no Fica. Trata-se do longa ‘A Flor de Buriti’, do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader, que retrata a resistência do povo Krahô, no norte do Tocantins, que será exibido durante sessão especial, no sábado (17), às 20h. Também merece destaque o filme ‘Mari Hi – A Árvore dos Sonhos’, exibido na sessão especial de abertura, na terça-feira (13), às 18h30, que é dirigido pelo indígena Morzaniel Iramari Yanomami.

Durante a cerimônia de abertura, também foi realizada uma homenagem ao indigenista brasileiro Bruno Araújo e ao jornalista britânico Dom Phillips, ambos assassinados no dia 5 de junho de 2022, durante uma viagem pelo Vale do Javari, segunda maior terra indígena do Brasil, no extremo oeste do Amazonas. Na ocasião, foram exibidos vídeos com os homenageados e foi lida uma carta escrita pela antropóloga Beatriz de Almeida Matos, viúva de Bruno Pereira, que também é diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados.

O artista plástico e professor da Universidade Federal de Goiás Carlos Sena é também um dos homenageados. A escultura ‘São Pedro Atendei às Nossas Preces’ foi escolhida para ilustrar a identidade visual do Fica 2023. A obra, que dialoga com a temática ambiental, pois aborda a questão da água, da escassez e da sua importância social, pertence ao acervo do Centro Cultural Universidade Federal de Goiás (UFG) e integrou a exposição individual do artista realizada, em 2004, no Museu de Arte Contemporânea de Goiás.

Durante a cerimônia de encerramento do Festival, no domingo (18), será feita a entrega de um troféu simbólico a Chico Macedo, que é maquinista e chefe de maquinária de cinema. Com cerca de 25 anos de atuação no audiovisual, ele participou de praticamente todas as produções na retomada do cinema feito em Goiás, a partir de 2000. A homenagem é um reconhecimento à atuação do profissional, mas também tem caráter simbólico no sentido de destacar os profissionais da equipe técnica, afinal audiovisual é essencialmente um trabalho de equipe.

Até domingo (18), o Fica 2023 trata de dois biomas e de dois territórios que estão umbilicalmente conectados e compartilham infinitos e complexos processos em seus ciclos climáticos e biogeoquímicos. Portanto, as mudanças no uso da terra no Cerrado afetam a Amazônia e a integridade de seus ecossistemas. Então vemos no evento que de maneira muito direta, o que acontecer com o Cerrado afetará radicalmente a Amazônia e vice-versa. A pauta principal é sempre a de equilibrar o relacionamento entre humanos e meio ambiente.

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