Venda de motos cresce 12%, e bate marca histórica dos últimos 11 anos

Desempenho do setor em 2024 pode ter um avanço de 7,4% da produção, apontam projeções da entidade

Postado em: 24-04-2024 às 07h00
Por: Alexandre Paes
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No embalo da migração do consumo a veículos mais baratos e econômicos, a produção de motocicletas chegou a 1,5 milhão de unidades em 2023, o maior volume em uma década. O crescimento na comparação com 2022 foi de 11,3%, superando a expectativa da indústria, que aguardava no início do ano um aumento de 9,7% da produção.

O balanço foi divulgado pela Abraciclo, associação que representa as montadoras do polo industrial de Manaus (AM), onde estão quase todas as fábricas do veículo. Junto com os resultados de 2023, a entidade divulgou projeções ao desempenho do setor em 2024, apontando um avanço de 7,4% da produção, para 1,69 milhão de motocicletas, o que, se confirmado, será o melhor desempenho em 12 anos.

Só em dezembro, foram produzidas 117,9 mil motocicletas, 38,5% acima do volume registrado no mesmo mês de 2022. Em relação a novembro, houve queda de 10,7%. Para o presidente da Abraciclo, Marcos Bento, o empenho do setor superou as expectativas, apesar das dificuldades de recebimento de peças e escoamento da produção com a seca severa que comprometeu o transporte de cargas pelo rio Amazonas e afluentes no último trimestre do ano passado.

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“Isso fez com que a gente tivesse falta de componentes e dificuldades logísticas, mas mesmo assim superamos as expectativas”, comentou o presidente da Abraciclo. Maior polo de produção de motos fora da Ásia, as montadoras de veículos de duas rodas, incluindo motocicletas, de Manaus tiveram faturamento de R$ 31 bilhões no ano passado, empregando diretamente 16,8 mil trabalhadores.

Conforme a Abraciclo, as motos representam o modal de mobilidade que mais cresce no país. Lembrando que os juros seguirão em queda, conforme sinalizado pelo Banco Central, Bento disse que a melhora, já observada, no ambiente de crédito foi levada em conta, junto com a redução do desemprego, nas previsões positivas para o ano.

Pela previsão da indústria de motocicletas, a produção deve voltar neste ano ao patamar de 2012, em decorrência de um crescimento de 7,5% previsto para as vendas, de 1,7 milhão de unidades, e de 6,3% das exportações, que devem chegar a 35 mil unidades, aumento de 6,3% sobre o volume registrado no ano passado. No auge, no entanto, o setor chegou a produzir mais de 2,1 milhões de motos, marca superada em 2008 e 2011.

Bento diz que a motocicleta tem sido cada vez mais procurada por quem busca evitar o desconforto do transporte público, sem um impacto mais significativo no orçamento. Além dos que buscam a moto como fonte de renda. De acordo com a associação, esse movimento tende a ganhar fôlego neste ano. A projeção é que o número de motos fabricadas no país cresça 7% em 2024. A expectativa é alcançar o patamar de 2 milhões de unidades anuais nos próximos anos. 

Um dos pontos que explicam essa demanda acelerada por motos é a relação custo benefício. Um modelo popular tem autonomia de cerca de 40km por litro de gasolina, bem mais do que um automóvel popular.  Assim, considerando um trabalhador que more a 10km do trabalho, ele gastará com combustível o equivalente a meio litro por dia para ir e voltar. O preço médio da gasolina no país está em R$ 5,80, com base na pesquisa semanal mais recente da Agência Nacional do Petróleo (ANP). 

Logo, o custo diário desse trabalhador com combustível seria de R$ 2,90. Já uma pessoa que use transporte público para ir e voltar do trabalho todo dia, gasta R$ 8,60, considerando o atual preço da tarifa cobrada na capital, que é de R$ 4,30. Fazendo as contas, a despesa diária com passagem de ida e volta. O cálculo não leva em consideração os gastos com a manutenção do veículo ou com imposto. 

A compra de moto também é mais facilitada para a baixa renda. Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), a modalidade de consórcio contemplou quase 697 mil unidades em 2023, cerca de 40% do número de emplacamentos registrados no mesmo ano. No ano passado, havia 2,87 milhões de cotas de consórcios em andamento, segundo a associação. O número indica alta de 10% na comparação com 2022, quando somava 2,61 milhões. É o maior patamar desde 2014.

Para o economista Diego Dias, o diferencial da modalidade é que não exige score (avaliação) de bom pagador e permite ao interessado se planejar enquanto paga as parcelas: “A liberação da carta de crédito tem análise, mas é mais simples”, pontua. Segundo ele, a inadimplência dos consórcios é baixa, de 3,5%, pois apenas quem compra uma motocicleta e não termina de quitar as parcelas pode ser considerado devedor.

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