Microempreendedores fortalecem a economia goiana

Pequenos empresários aquecem a economia, geram empregos e acreditam na perspectiva de se tornarem grandes empresários - Foto: Wesley Costa

Postado em: 09-11-2019 às 06h00
Por: Leandro de Castro Oliveira
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Pequenos empresários aquecem a economia, geram empregos e acreditam na perspectiva de se tornarem grandes empresários - Foto: Wesley Costa

Higor Santana*

Um levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Goiás, (Sebrae – GO), com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), revelou que só no mês de Setembro deste ano, cerca de 4.503 novas vagas de trabalho foram criadas através de micro e pequenos empreendedores (MEI) em Goiás. Algo que não acontecia desde 2013. Ainda segundo os dados, Goiás é o primeiro da lista na região Centro-Oeste que mais cresceu nesse tipo de mercado. Foram mais de mil novas vagas em relação ao segundo colocado, Mato Grosso com pouco mais de 3,4 mil.

Mesmo com a forte crise econômica enfrentada pelo país nos últimos anos, o Sebrae acredita que o crescimento desses novos empreendedores, se dá por conta da vontade de abrir o próprio negócio. Para o órgão, os MEI´s acabaram sendo atraídos pelos benefícios do registro de ter uma empresa formal, pelas possibilidades de emitir nota, poder fazer compras mais baratas, pelos benefícios previdenciários e por outros motivos diversos.

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É o caso do estudante e pequeno empresário, Luan Brendon, de 25 anos. O jovem conta que decidiu ser empresário em um momento difícil. “Eu sempre tive essa vontade de ter meu próprio negócio. Trabalhei muito tempo em uma confecção e passei a observar o que eu poderia levar de aprendizado quando saísse dali. Foi quando meu patrão passava por um momento difícil, teve que mandar alguns funcionários e me mandou embora junto. Então peguei o entendimento que tinha de linhas de costura e resolvi investir o acerto da loja no meu próprio negócio. Foi quando abri minha loja de linhas”, explica.

De acordo com o calculo do Sebrae, a renda obtida como microempreendedor individual (MEI), assim como o exemplo do jovem Luan, é a única fonte de recursos de outras 1,7 milhões de famílias em todo o Brasil. De acordo com a pesquisa, isso significa que 5,4 milhões de pessoas no país, considerando quatro pessoas por família, dependem da renda de um MEI. Os dados mostram ainda que a renda média familiar desse segmento alcançou R$ 4,4 mil, o equivalente a pouco mais de quatro salários mínimos.

“Tem pouco mais de dois meses que abri a loja. Sei que no início é complicado por ainda não ter reconhecimento, não ser muito visto. Mesmo assim, hoje sobrevivo apenas com o dinheiro que sai da loja. Não tenho um lucro alto por conta de ter que investir muito na compra dos produtos mas, graças a Deus, consigo me manter com o dinheiro da loja”, afirma o jovem empresário.

Em setembro deste ano, os pequenos negócios geraram 119 mil empregos formais, superando em 20% o saldo de agosto e em 23% o do mesmo mês de 2018. Com isso, as micro e pequenas empresas ultrapassaram a criação de mais de 670 mil vagas com carteira assinada no acumulado deste ano, segundo levantamento feito pelo Sebrae, com dados do Ministério da Economia.

Já as médias e grandes empresas (MGE) geraram 37,7 mil empregos e a administração pública contribuiu com 492 postos de trabalho. No total, foram gerados no país 157.213 vagas, com as MPE respondendo por 75,7% desse total, o maior saldo de um mês de setembro, desde 2013.

Serviços

De janeiro a setembro de 2019, os pequenos negócios já acumulam um saldo de 670 mil novos empregos, nove vezes maior que as MGE e 10% acima do igual período do ano passado em todo o país. Por setor, sobressaíram-se na geração de empregos, uma vez mais, as micro e pequenas empresas da área de Serviços, com a criação de praticamente 53 mil postos de trabalho, com destaque para aquelas que atuam na comercialização e administração de imóveis (21,2 mil empregos) e de alojamento e alimentação (16 mil vagas).

No acumulado deste ano, os pequenos negócios do setor de serviços continuaram a puxar a geração de empregos no país, criando mais de 382,5 mil novas vagas, o que representa 57% do total de postos de trabalho com carteira assinada somente em 2019. Merecem destaque também as MPE que atuam na construção civil, com 109,6 mil novas contratações, sinalizando uma recuperação da economia.

“O saldo de empregos criados pelos pequenos negócios no acumulado deste ano até setembro já supera o saldo de todo o ano de 2018 e retoma os saldos verificados nos anos anteriores à recessão econômica, ocorrida em 2015 e 2016. Os números comprovam que o Brasil está avançando economicamente e as pequenas empresas são protagonistas nesse processo”, analisa o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Trabalhando em casa

De acordo com o Sebrae, mais de dois em cada cinco microempresários goianos têm a própria residência como local de trabalho, mas isso vem caindo nos últimos quatro anos, o que demonstra um gradativo processo de profissionalização, principalmente em municípios com menor  IDH, Índice de Desenvolvimento Humano.

A pesquisa revela ainda que, diferentemente do esperado, nos municípios mais carentes, é mais comum o MEI atuar em um estabelecimento comercial. Essa opção, no geral do país, soma 28%, enquanto os MEI atuante na casa ou empresa do cliente são 17%. Os ambulantes são 11% e os que atuam em feiras, shopping popular e outros locais representam 4%.

“Como já teria que gastar muito com a compra dos produtos, decide que começaria em casa. Meu pai já tinha uma sala comercial aqui na frente que estava vazia. Foi onde eu juntei a necessidade e a oportunidade. Aproveitei da sala e de quebra não vou precisar pagar aluguel até que eu tenha um lucro melhor”, esclarece o jovem Luan Brendon.

Goiás Empreendedor

Desde julho de 2019, empresários goianos de todos os perfis passam a contar com novas linhas de crédito para impulsionar seus negócios. Com o objetivo de fomentar o empreendedorismo, o Governo de Goiás e a Secretária de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), lançaram o Goiás Empreendedor.

Nessa fase inicial, o Goiás Empreendedor conta com cerca de R$ 150 milhões disponíveis para operações a partir de um convênio firmado com a Goiás Fomento. Paralelo a isso, a SIC prepara uma caravana que percorre o interior do Estado com especialistas e estrutura completa para atender o cidadão que atua ou deseja abrir o próprio negócio. São oferecidos cursos de capacitação técnica e direções sobre investimentos, ou seja, um suporte para que o empresário se sinta seguro para abrir ou ampliar o seu negócio. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor interino de Cidades Rafael Melo)

 

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