À espera de cirurgia para operar cataratas
Procedimento para corrigir catarata é o mais procurado no Estado, e o que mais acumula pessoas
na fila de espera
Marcus Vinícius Beck*
A fila de espera para cirurgias eletivas em Goiás neste ano chegou a 55.192. Levantamento obtido pelo Conselheiro Federal de Medicina (CFM), por meio da Lei de Acesso à Informação, estima que a maior demanda por procedimentos cirúrgicos em Goiás é por parte de quem sofre de cataratas – doença que pode causar cegueira. Nos onze meses de 2017, por exemplo, foram procuradas 14.777 cirurgias de catarata, mas a fila de espera ainda é um pesadelo para milhares de pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, os dados não consideram os números de pacientes, e sim de procedimentos estabelecidos por meio da tabela SUS. O mesmo paciente, por exemplo, pode constar em mais de uma solicitação e em mais de uma localidade. Isso porque as listas divulgadas compreendem pacientes que entraram na fila de espera no ano de 2017, e não nos anos anteriores.
Atualmente, em Goiás e São Paulo, a maior procura é por correções de opacidade do cristalino, que são correções relacionadas à visão. No momento, são aproximadamente 15 mil e 24 mil cirurgias pendentes, respectivamente, nos dois estados. De acordo com o presidente do CFM, Carlos Vital, apenas no ano passado foram feitos algo em torno 1,9 milhão de cirurgias pelo Brasil. Vital ressalta que, pela primeira vez, o Conselho dimensiona o tamanho real da fila de espera, que acomete a população Brasil a fora há anos.
Para o secretário do CFM, Hermann Von Tiesenhausen, o órgão vem buscando exercer um papel de cidadania. Além disso, a intenção é divulgar em compartilhamento com outros órgãos de fiscalização, como o Ministério Público, casos em que o paciente não foi atendido, ou que lhe foi negado.
No âmbito nacional, a fila de espera atinge níveis chega a 904 mil procedimentos em todo o País. No entanto, esse número foi fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde de 16 estados e 10 capitais, cuja quantidade de atendimento está na casa de 801 mil e 103 mil procedimentos cirúrgicos.
Itumbiara
Um caso para lá de chocante aconteceu em Itumbiara, na região sul do Estado, no último dia 21 de novembro. O médico oftaolmologista Júlio César Leão, ao ser questionado por uma repórter sobre a demora em realizar um procedimento cirúrgico em sua clínica – que é conveniada ao SUS -, respondeu que faria a operação quando “bem entendesse”.
No entanto, alguns dias depois da história correr pelo Brasil, o médico afirmou que faria a cirurgia na dona de casa Cirena de Souza, que estava cega do olho direito por conta de um glaucoma. Ela estava em fila de espera no SUS para uma cirurgia de urgência, mas após mais de um ano de espera o procedimento nunca chegou a ser feito. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)