O Hoje, O melhor conteúdo online e impresso - Skip to main content

segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Gastos

Folha de pagamento custa ao Estado 58% do orçamento

Impacto do tamanho da folha de pagamento de servidores públicos já impactam negativamente os serviços oferecidos pelo governo de Goiás

Postado em 26 de novembro de 2018 por Sheyla Sousa
Folha de pagamento custa ao Estado 58% do orçamento
Impacto do tamanho da folha de pagamento de servidores públicos já impactam negativamente os serviços oferecidos pelo governo de Goiás

Raphael Bezerra*

Os gastos com a folha de pagamento do governo de Goiás estão próximas do limite constitucional que é de 60%, é o que diz o secretário da Fazenda de Goiás, Manoel Xavier Ferreira Filho. O alto custo da folha de pagamento do funcionalismo público gera impactos negativos que já são sentidos pela população goiana, como o caso da paralisação e falta de insumos básicos do Hospital de Urgência de Goiânia e Trindade, corte nas bolsas universitárias e atrasos no pagamento da folha. Em 2017 o estado de Goiás irá gastar 58,9% da sua receita com pessoal.

Manoel Xavier Ferreira Filho admite a situação desastrosa que o estado se encontra e justifica que elas se acentuaram porque, como este ano é o último do mandato, o governo não pode deixar restos a pagar para 2019. A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê detenção de seis meses a dois anos em caso de descumprimento. “Há um paredão em dezembro. Temos de empenhar, liquidar e pagar todas as contas, o que não aconteceu nos anos anteriores. Isso provoca um ajuste no fluxo de caixa. Não dá para adiar despesa que poderia ser paga em janeiro ou fevereiro”, afirmou o secretário.

O secretário da Fazenda de Goiás não confirmou o pagamento da folha de dezembro e segundo disse em entrevista a folha do mês de novembro deve começar seu cronograma de pagamento no dia 05/12 e conforme foi no mês anterior sofrer atrasos. ”Não sinalizamos que não vamos pagar. A folha de outubro foi paga até dia 22, estava faltando uns 7% (dos recursos) porque tive de jogar um pouco para a saúde. A de novembro, vamos iniciar o cronograma de pagamento dia 5 (de dezembro). A de dezembro já é do novo gestor, porque a receita do Estado está prevista para dia 10 de janeiro”, afirma o secretário ao Estadão. 

Serviços afetados 

A Organização Social Instituto Gerir que administra os hospitais de urgências de Goiânia e Trindade devem encerrar sua atuação na gestão dos dois hospitais na madrugada de domingo para segunda exatamente à 00hr. As alegações da OS são os constantes atrasos no repasse da verba para a empresa, os atrasos ou a falta deles tem levado transtornos aos moradores das duas cidades que necessitam do hospital para atendimentos. O governo de Goiás afirma que deve R$ 16 milhões à organização responsável pela gestão do Hugo e diz que pretende quitar o valor até o fim do ano.

Em Trindade, funcionários do HuTrin temem não receber o salário e dizem que as negociações não são claras entre o Instituto Gerir, a Secretaria de Saúde do Estado e a nova OS. Preocupados com a falta de repasses às OS, os funcionários temem ficar mais outro mês sem pagamento. A reportagem tentou entrar em contato com a Gerir e com a Secretaria de Saúde do Estado mas até o fechamento desta edição não conseguiu um posicionamento.

Os salários dos funcionários públicos do estado também foram afetados com a crise do governo em seus últimos dias de mandato. O salário de outubro, por exemplo, só vieram a ser quitados no último dia 22, o pagamento se deu através de cronograma divulgado pelo poder do estado. A previsão é que o salário de novembro também siga esse perfil de atraso, segundo o secretário da fazenda, o cronograma de pagamento deve sair no dia 5 de dezembro. A folha de dezembro deve ficar para a próxima gestão de Ronaldo Caiado que assume em janeiro, isto porque, segundo o secretário, a receita do Estado está prevista para dia 10 de janeiro.

Até a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás foi afetada com as tentativas de cortes para alcançar a meta fiscal do estado. No começo do mês o governo anunciou cortes nos combustíveis dos veículos internos da secretaria buscando retorno de R$ 1 milhão na busca pelo equilíbrio. José Eliton e equipe precisam correr para alcançar o equilíbrio das contas do estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal prevê detenção de seis meses a dois anos em caso de descumprimento. “Há um paredão em dezembro. Temos de empenhar, liquidar e pagar todas as contas, o que não aconteceu nos anos anteriores. Isso provoca um ajuste no fluxo de caixa. Não dá para adiar despesa que poderia ser paga em janeiro ou fevereiro”, afirmou o secretário.

Segundo ele, o crescimento da folha de pagamento e o número de aposentados são dois grandes responsáveis pelo déficit do orçamentário do estado. Entre 2011 e 2017, Goiás passou de 36,8mil para 53,3mil servidores inativos, um crescimento de 45%.  “O déficit previdenciário de Goiás hoje supera os R$ 2,5 bilhões. Esse valor daria para cobrir duas vezes o total de investimentos de 2016 (ano em que o Estado aplicou R$ 935,8 milhões)”, diz o secretário. (*Especial para O Hoje) 

Veja também