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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Entrevista

“É relativo avaliar 100 dias de governo”, diz prefeito de Anápolis

Foram ativados 55 leitos no Hugol. Também ficou acertado o repasse de R$ 149 mi para Saúde de Goiás

Postado em 13 de abril de 2019 por Sheyla Sousa
“É relativo avaliar 100 dias de governo”
Foram ativados 55 leitos no Hugol. Também ficou acertado o repasse de R$ 149 mi para Saúde de Goiás

Lucas de Godoi e Rubens Salomão* 

O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB), diz não compreender a importância dos 100 primeiros dias de gestão pública. Refletindo os resultados apresentados pelo governador Ronaldo Caiado (Democratas), ele pondera a impossibilidade de apresentar grandes ações quando o gestor recebe a máquina pública com déficit. Ao falar das conquistas do município, Roberto destaca a importância de realizar parcerias apartidárias, que contribuem para melhorar a vida da população. Entre os investimentos de sua administração, o prefeito ressalta a construção da primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com perfil pediátrico do Estado de Goiás, formatação de projeto de custeio universitário e sucesso na implantação do time de vôlei que representa a cidade. Na entrevista, Naves disse ainda não pensar em buscar à reeleição, porque nesse momento mantém o foco em “trabalhar 24 horas por dia para a população e para a cidade”. Ele considera que a reeleição tem que ser consequência de uma gestão eficiente e que conte com o respeito e respaldo da população. (*Especial para O Hoje) 

O processo eleitoral de 2016 foi marcante para Anápolis. O senhor passou dois anos arrumando a casa, o que senhor fez até agora para apresentar a população? E o que pretende entregar para Anápolis nos próximos dois anos?

Primeiro, nós mantivemos tudo que funcionava e mudamos aquilo que não funcionava. Agora estamos caminhando a passos largos para implementarmos novas ações. A prefeitura de Anápolis sempre pagou os servidores dentro o mês. Estamos concedendo aumentos nos salários dos servidores desde 2017 e só foi possível graças ao dever de casa no que diz respeito a gestão colocando as finanças do município em ordem. Claro que, tomas as prefeituras do país passam por dificuldades financeiras porque o pacto federativo do país é muito injusto. De todo imposto arrecadado no país, 70% fica com a União, 20% com o Estado e apenas 10% volta para os municípios. Mas nós estamos lá com quase 100% dos nossos compromissos de campanha em andamento.

Estamos terminando de elaborar o edital de concurso da guarda municipal. Na próxima semana lançaremos a Bolsa Universitária Municipal, que vai se chamar Graduação, que é uma forma de dentro da Secretaria de Desenvolvimento Social de fornecer oportunidade de vida para pessoas que precisam. Vamos lançar também um cheque de ampliação para as pessoas que são beneficiárias do Programa Minha Casa Minha Vida.  Estamos fazendo a troca das lâmpadas do município por lâmpadas de Led. A primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com perfil pediátrico do Estado de Goiás, nós devemos estar lançando nos próximos dias, já está em fase final e recebendo os móveis. Já entregamos quatro unidades básicas de saúde que eram um problema da gestão passada que não tinha dinheiro em caixa. Temos várias escolas e Cmeis junto ao ex-ministro da Cidades, Alexandre Baldy, e ao deputado Jovair Arantes. Captamos recursos que bateram recordes na cidade de Anápolis, então agora o nosso grande desafio é entregar a população esses benefícios. 

Encontramos dois grandes problemas na cidade de Anápolis. Um deles eram as obras da Avenida Brasil, nós conseguimos concluir os viadutos e estamos terminando a terceira via com financiamentos da Caixa Econômica Federal. Estamos vendo junto ao Ministério Público soluções para o prédio da Administração Municipal que, infelizmente, transformou Anápolis em matéria nacional.

Na área esportiva conseguimos através da parceria com o campeão mundial de vôlei, o Dante, criar o Anápolis Vôlei que levou o nome da cidade para os quatro cantos do país. E de tal forma que o Anápolis vôlei foi o time do Brasil com a maior média de público, Anápolis se transformou na capital nacional do vôlei no país. 

Quando você assumiu a prefeitura em 2017, como estava o caixa do Município?

Pegamos a prefeitura com uma dívida de aproximadamente R$ 400 milhões acumulados. Conseguimos pagar R$ 210 milhões e estamos caminhando para conseguir pagar o restante. Recebemos a prefeitura sem nenhum centavo em caixa e com a folha de janeiro para pagar. Alias, assumimos o município onde a gestão anterior havia pegado R$ 5 milhões adiantados para pagar a folha de dezembro e mesmo assim entendemos a importância do funcionário público e na importância de manter a máquina funcionando e conseguimos superar essas adversidades com o apoio da população, dos vereadores e dos servidores, e agora é colher os frutos.

Você faz gestão com diversos membros e lideranças de diversos partidos. Reconhece a importância e bons frutos da gestão do PT, chamou o Dante (MDB), ex-ministro da Cidades, Alexandre Baldy (PP) e agora temos um novo governo, Ronaldo Caiado (Democratas). O que se espera desse novo governo e parcerias que estão sendo discutidas para a cidade?

Já estive várias vezes com o governador Ronaldo Caiado, ele tem um carinho muito grande por sua terra natal que é Anápolis. Uma pessoa que quer fazer Goiás dar certo e que está com muita disposição para trabalhar. A relação que eu tenho hoje com o Caiado é muito parecida, se não igual, a que eu tinha com o governo do PSDB. Porque? Por que eu tenho pregado que é preciso que os políticos entendam as vozes que venham das ruas. A política tem que ser feita pensando nas pessoas e não pensando nas bandeiras partidárias. Eu sou um político que procuro fazer política dessa forma e por isso consigo conversar com vários partidos. Não tenho dificuldade em reconhecer aquilo que outros partidos fizeram de bom, mas tenho também a vontade e a garra de fazer cada vez mais coisas melhores para melhorar a qualidade de vida do cidadão. Não temos dificuldade de nos relacionar com nenhum partido ou com nenhum candidato. Não levamos em conta os partidos, as legendas são importantes no momento em que se disputam as eleições, passado esse período, esquece partido político. Temos que pensar na coletividade, no bem do próximo e não nas legendas. Meu governo hoje é construído por muitas pessoas que não estiveram comigo nas eleições, mas adianta eu ficar pensando só no lado pessoal? A avaliação que eu tenho que fazer é se essa pessoa pode contribuir para a nossa cidade? 

O senhor defende isso para o PTB em relação ao Caiado?

Eu defendo para qualquer partido. O que é base? O que é oposição? Eu por exemplo, não fico contabilizando minha base ou oposição. Eu faço conta de bons projetos. Se vocês os tem, naturalmente vai existir uma pressão popular e que vai ser aprovado. Agora, se você tem um projeto que não foi trabalhado, que não foi construído e que não há a consciência global, ele não vai ser aprovado. Tem que se parar com isso de pensar o que é base e oposição. A pessoa tem direito de ser base independente do partido e de ser oposição também dependendo da matéria. Eu não defendo que o partido se defina como base do governo, eu defendo a liberdade política mantendo o foco na população. 

Qual era convênio de Anápolis com o Goiás na Frente? 

Nós tínhamos um convênio de aproximadamente R$ 10 milhões e foram repassados somente R$ 2 milhões. E nós já fomos comunicados de que o Governo Estadual não repassará mais nenhuma verba. Entretanto, nós nos antecipamos, prevíamos que poderia não haver dinheiro do Estado para os convênios e, fizemos uma consultoria junto a Procuradoria porque a partir do momento que o estado não repassasse a verba a prefeitura teria que ter condições. Tranquilizamos os empresários dizendo que se o Estado rompesse com o convênio, nós iriamos pagar e aproveitar os mesmos processos licitatórios para completara as obras. A partir do momento que o Estado decretar, de fato, que o convênio está encerrado, a prefeitura vai começar a tocar as obras com recursos próprios.

O senhor tem feito em Anápolis um modelo de gestão que também tem sido aplicado no Estado que é, retirar parte da administração de prédios locados para prédios próprios. 

Nós temos um problema no que diz respeito ao parque da cidade, que está em uma região de preservação. Estamos tentando construir junto ao Ministério Público Ambiental para que seja possível, mesmo em área ambiental, construir uma administração naquele parque e dar vida a ele. Realmente estamos trabalhando no parque da Matinha, no Parque da Cidade, no Parque Ipiranga, mas sempre em parceria do MP. Se você tem uma despesa que seja maior do que a sua receita, você tem que tomar as medidas necessárias para rever o caixa. Licitamos agora o GO-Taxi com o intuito de parar de comprar carros e estaremos pagando pelo transporte de cada um, gerando uma economia. Estamos implantando em Anápolis, que é uma das poucas cidades brasileiras que tem esse modelo de Uso do Solo Online e Alvará de Construção online. Todas os alvarás de construções e licenças também estarão online num curto prazo de tempo. Isso reduz custos, reduzimos alugueis de impressoras e custos com papeis. 

O senhor gostou dos 100 primeiros dias do governo de Ronaldo Caiado?

É complicado eu falar porque eu não sei quem criou essa marca de 100 dias. Provavelmente quem criou isso nunca esteve em um cargo executivo para saber que 100 dias pode ser uma eternidade ou pode ser um prazo muito curto. Imagina, se você avaliar 100 dias de uma administração que tem dinheiro em caixa, você espera uma série de coisas, lançamento de obras e de novos programas de governo. Agora, se você pega um governo sem dinheiro em caixa você só pode esperar ações para conter esse déficit. É muito relativo essa história de avaliar 100 dias de um governo. Não vou me furtar de fazer um comentário, mas queria esclarecer esse ponto. 

O Caiado quer acertar, ele arriscou muito trazendo secretários de fora e secretários técnicos, isso num primeiro momento tem um impacto político muito grande, mas em um segundo momento tem um impacto financeiro muito grande. Isso é uma escolha que o gestor tem que fazer. Eu também o fiz, no começo do meu mandato, optei por secretários técnicos, e puxei a parte política toda para o prefeito fazer. Essa é uma opção do gestor. Se vai dar certo ou não, essa avaliação não tem como fazer em 100 dias, mas eu acho que o norte do governo foi mostrado, que é um governo que tem a ideia de ser técnico e que quer trabalhar com esse Norte.

O senhor considera disputar a reeleição?

Eu sou funcionário da população Anapolina. O meu foco será trabalhar 24 horas por dia para a população e para a cidade. Reeleição tem que ser consequência. Se a população achar, no momento certo, que existe a possibilidade de eu ir para uma reeleição, nós faremos uma análise interna. É preciso saber se nós teremos saúde para disputar uma reeleição, saber se tenho o mesmo pique para ficar mais quatro anos com a mesma intensidade que fizemos nos primeiros quatro anos? Temos projetos e condições de entregar esse projeto? Reeleição não pode ser simplesmente algo automático, tem que avaliado. A reeleição só pela reeleição tem se mostrado, no nosso país, que não dá certo. É preciso avaliar as condições de entregar à cidade de Anápolis muito mais do que já vem sendo feito.

O abastecimento já foi comprometido em anos anteriores. Dá para garantir água nas torneiras de todo mundo?

Anápolis sofreu por décadas com a falta de água. Em 2018 nós conseguimos passar por toda a crise hídrica só fazendo gestão dos recursos do Piancó através da Saneago. Não houve a necessidade de usar a água do Capivari. Com os dados que eu tenho, para os próximos cinco anos, não há a possibilidade de faltar água em Anápolis.   (*Especial para o Hoje)

 

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