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sábado, 23 de novembro de 2024
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O HOJE ENTREVISTA

“Não vejo crimes na administração”, afirma presidente da Câmara Municipal de Goiânia

Romário Policarpo (PROS), durante entrevista ao jornal O Hoje, revelou detalhes do pedido de impeachment do prefeito da capital, Iris Rezende

Postado em 10 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
“Não vejo crimes na administração”
Romário Policarpo (PROS)

Rubens Salomão*

O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (PROS), relata que o processo de impeachment do prefeito Iris Rezende (MDB), pedido pelo ex-vereador Alysson Lima terá um trâmite técnico. O processo será analisado pela Procuradoria da Câmara. Embora entenda que a cidade tenha problemas, ele não identifica crimes na administração da cidade que possam levar à uma eventual saída do prefeito.

Para Policarpo, a eleição para a prefeitura de Goiânia em 2020 será uma incógnita e ainda dependerá da decisão de Iris ser ou não candidato. Ele revela que o seu partido, o PROS, tem interesse na candidatura do ex-senador e secretário da Indústria e Cultura, Wilder Morais, para o Paço municipal embora trate que a definição será feita por Wilder.

Veja abaixo a entrevista.

Se preferir, leia a entrevista disponível abaixo.

O ex-vereador Alysson Lima (PRB) ofereceu um pedido de impeachment do prefeito de  Goiânia Iris Rezende (MDB). O senhor tem uma prerrogativa, como você vai tratar esse pedido? 

A ideia é tratar de forma harmônica. Diferentemente do Congresso Nacional, na Câmara há uma tramitação diferente, não é uma decisão unilateral da presidência. O pedido será encaminhado para a Procuradoria que irá emitir um parecer técnico. Por acompanhar a gestão do prefeito eu acredito que sejam críticas pontuais e não acredito que haja crimes que possam levar ao impeachment. Os procuradores são servidores de carreira na Câmara. Eu como vereador não consigo identificar crimes que possam atentar a permanência do prefeito no caso. 

Como está a articulação dos vereadores com o Paço? Você segue sendo um aliado do prefeito?

A minha relação com o Paço é diferente da minha relação com o prefeito. Sou amigo do prefeito Iris Rezende, tenho uma admiração profunda pela história política dele além de tudo que ele já fez por Goiás. Ele tem que esperar sempre em mim um parceiro para ajudar Goiânia mas, naquelas coisas que eu entender que é bom para a cidade, não sou um aliado cego. Acho que a prefeitura tem problemas no seu secretariado, respeito muito as escolhas do prefeito nas escolhas que ele fez para a cidade mas acho que ele ainda peca muito com alguns dos seus secretários. Acho que temos um problema de infraestrutura, problemas de trânsito e eu nunca escondi isso. 

De maneira geral na Câmara, essas questões são mais generalizadas ou tem muito da análise política de cada vereador? 

É complicado eu falar de outros mandatos que não o meu. Eu acho que não é só uma questão de atendimento ou não de cada vereador. Goiânia é uma grande cidade e é difícil um vereador ter apenas uma região como acontecia há muitos anos. Ela se acentua mais na Câmara Municipal que são os representantes do povo mas que não são atendidos pelos secretários, esse contexto não é só dos vereadores, a cidade reclama também. 

Você vê uma perspectiva do Paço e dos secretários que apontam que será um fim de gestão com muitos investimentos. Como você avalia?

Eu acredito que será um ano de muitas obras, como já podemos ver. A abertura da trincheira na Rua 90, que traz transtornos no começo mas que dão uma solução ao problema. Temos também o asfaltamento de 31 setores asfaltados em Goiânia. Eu vejo com bons olhos, principalmente se esse diálogo com a Câmara melhorar será um de muitos vitórias para os goianiense.

Como está a articulação do Paço com a Câmara. Tendo em vista que a prefeitura ficou sem líder por um ano e agora com a troca de liderança. Quando os vereadores querem ouvir o lado da prefeitura, quem fala?

Nesses dois anos e meio de mandato eu não sei de dar essa resposta. Eu não sei quem ainda fala pela prefeitura, não sei qual a metodologia utilizada nas votações. Tanto que o prefeito tem tido muitas dificuldades nas votações, há atores que agem nesse momento para ter uma unidade mas não conseguimos visualizar quem é a base do prefeito. Não há solidez. Na gestão passada de Marconi Perillo e Paulo Garcia, a gente sabia, antes das votações, quantos votos eles teriam. Com a prefeitura de Goiânia a gente não sente essa solidez, o que é ruim porque a cada votação a prefeitura tem que ir lá e conversar com cada dos vereadores.

Como o senhor avalia do cenário político brasileiro? Hoje o governador Ronaldo Caiado (Democratas) e Bolsonaro (PSL), não sabe quantos votos terá em uma votação, são bases líquidas. 

É complicado, não é só uma adversidade de Goiás ou de Goiânia. Isso tem se estendido pelo país e também é assim no Congresso Nacional. Surgiu na política brasileira grandes paladinos da moralidade mas que não desceram do palanque eleitoral. Tratam as suas gestões como se ainda estivessem em campanha político. Você não pode dizer que vai acabar com o toma lá cá, não é assim que o legislativo funciona.

A Câmara passou a ter emendas impositivas. Elas estão sendo cumpridas?

Não estão sendo cumpridas e talvez seja o grande problema para se enfrentar em 2019 e é algo que eu como presidente da Câmara e representante do poder Legislativo não vou deixar passar.É lei, e não cabe a prefeitura questionar aonde essas emendas estão sendo investidas como foi a resposta da prefeitura de que não iria investir o dinheiro em um posto de saúde porque ele havia passado por uma reforma recente, o que não se justifica, porque se ele passou por uma reforma, pode passar agora por uma ampliação. Na verdade ele não tem feito o orçamento impositivo que está na lei orgânica do município. Tenho conversado muito com o secretário de finanças do município e com o próprio prefeito para que as emendas desse ano sejam cumpridas. A prefeitura vetou 50% das emendas, mas como é muito novo, há a possibilidade dos vereadores que tiveram as emendas rejeitas corrigir as emendas em até 40 dias para devolvê-las para o Paço e elas sejam executadas. Esse foi um mecanismo que nós criamos para que, se de fato ela tenha sido feita de forma equivocada ela possa ser corrigida.

Como a Casa tem tratado o código tributário? Tem muitas emendas sendo apresentadas e aprovadas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Isso não descaracteriza o projeto?

De fato descaracteriza o projeto. Mas como o projeto ainda não saiu da CCJ eu ainda não tenho ideia do que foi feito lá, foram mais de 60 emendas apresentadas ao projeto. O que eu pedi à presidente da CCJ foi uma celeridade da votação na Comissão para que o projeto chegue ao plenário. Vamos votar cada uma das emendas do código tributário. Mas não tenho uma definição tomada sobre o projeto porque eu não sei o que vai sair da CCJ, porque entrou um projeto e vai sair um outro diferente. Acredito que vamos ficar esse mês tratando apenas de código tributário, são 60 emendas e será um tempo exaustivo. 

Você está satisfeito no PROS? 

Bastante, eu tenho grandes amigos no PROS e foi o partido que abriu as portas para mim. A vinda do Wilder Morais para o partido é muito importante. A bancada na Assembleia está crescendo, podendo chegar, caso as negociações se acertem, a maior banda na Assembleia de Goiás, junto ao PSDB. Na Câmara Municipal também temos grande representatividade perdendo apenas para o Patriotas.

A chegada do Wilder Morais ao PROS é ventilada para uma candidatura para a prefeitura de Goiânia em 2020. O partido já lida com isso? É algo definido?

Tanto os deputados quanto os vereadores querem o nome do Wilder para prefeitura de Goiânia na próxima eleição, inclusive o presidente nacional tem essa vontade. Mas é claro que passa por uma própria definição do Wilder. A expectativa é de que ele seja o nosso candidato. 

Qual a relação que o senhor tem com o vice-governador Lincoln Tejota. Já está definida a saída dele do partido? Houveram divergências dele com o cenário nacional e também com o municipal. Como fica?

Com certeza faltou diálogo e muitas coisas que aconteceram dentro do partido vieram a tona e eu acho que não é a forma correta de fazer isso. Ele é a maior referência no partido no Estado de Goiás, inclusive eu gostaria que ele permanecesse no partido porque nós trabalhamos muito para que ele fosse vice-governador e ele também trabalhou muito para que o PROS tivesse três deputados. Gostaria que ele ficasse no partido, mas a decisão não é minha, no que eu puder interceder para que ele permaneça, eu farei. 

A eleição de 2020 passa pelo protagonismo de Iris Rezende. A liderança dele é importante para as eleições mas ele tem descartado essa possibilidade. Você acredita que ele será candidato?

É complicado falar se ele será ou não porque eu não vivo o cotidiano dele. O Iris é uma referência para Goiânia, a sua história se confunde com a história de Goiânia. Se ele decidir ser candidato com certeza muda todo o cenário político. Caso ele não seja candidato, eu vejo um cenário aberto para qualquer pessoa ser candidato. Com ele na disputa, o cenário e as próprias figuras mudam. (*Especial para O Hoje) 

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