Internacionalização: a nova tendência do e-commerce brasileiro
Muitas empresas já perceberam que vender fora é mais vantajoso, pois a margem de lucro pode ser muito maior
Ricardo Onofre
Antes da pandemia, havia ainda desconfiança por parte dos consumidores em comprar produtos internacionais pela internet devido à demora para chegar, confiabilidade das lojas, receio de pagar impostos, entre outros. Contudo, a profissionalização dos mercados de logística, a redução no tempo da entrega e a qualidade dos produtos, além dos preços mais baixos do que os comercializados nacionalmente, encorajaram o brasileiro a fazer compras online em outros países.
Segundo dados do Webshoppers 45 da Ebit|Nielsen, o volume de vendas de produtos comprados por brasileiros em sites do exterior está estimado em R$ 36,2 bilhões de reais no ano de 2021, um crescimento de 60% se comparado ao ano anterior.
A disparidade entre os preços de produtos adquiridos no Brasil e no exterior tem impactado as vendas locais. Em 2020, o volume total de vendas estrangeiras por aqui passou dos R$ 22,7 bilhões, sendo que a China lidera entre os países que mais vendem. Segundo um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o Brasil é um dos países com maiores impostos e menor retorno para a população, com uma carga tributária que representa 35,13% do PIB. O contribuinte paga cerca de 73 tipos de impostos, entre tributos federais, estaduais e municipais. Dentre os mais conhecidos estão: IPI, ICMS, PIS/Cofins, entre outros.
Muitas empresas já perceberam que vender fora é mais vantajoso, pois a margem de lucro pode ser muito maior. Se está difícil concorrer com os chineses aqui no Brasil, nos EUA pode estar mais fácil. Depois que o governo americano sobretaxou os produtos chineses em 25%, as empresas brasileiras passaram a ter melhores condições de se tornarem competitivas. Com o real desvalorizado frente ao dólar, a competitividade de preço dos produtos brasileiros ganha força e é possível lucrar em alguns produtos quase o dobro em uma venda para os EUA comparada a uma venda nacional por não ter incidência de impostos como ICMS, IPI, PIS/Cofins e ISS.
O nome desta operação de venda diretamente a um consumidor final em outro país é chamada de cross border. Com a aceleração digital e o crescimento do e-commerce, essa transação tornou-se mais comum. No Brasil, essa operação também é conhecida como comércio transfronteiriço.
Esta operação pode ser realizada diretamente pelo empreendedor, sem necessidade de um intermediário. Porém é necessário conhecer muito bem os trâmites de fronteiras e circulação nos países de destino, custos de fretes internacionais, regras de devolução, aceitação dos produtos no mercado alvo, marketing direcionado ao público internacional etc. A boa notícia é que existem empresas hoje especializadas em assessorar o empreendedor nesta operação, tornando as vendas mais rápidas, o marketing assertivo e o planejamento de custos sustentável.
Começar a vender no exterior demanda análise e planejamento estratégico. Além de identificar as melhores categorias de produtos e o melhor país para suas vendas, é necessário ter um plano de internacionalização da marca.
Você vai precisar de uma companhia integradora para fazer todo o meio de campo dessa operação e garantir cobertura de ponta a ponta, desde a criação do projeto, passando pela adaptação do processo de comunicação da marca e dos produtos. A empresa precisa ter know-how na área e armazéns próprios fora do Brasil. Isso fará toda a diferença na hora de arcar com os custos do frete. Escolhendo a empresa certa, você poderá ter uma redução de até 50% do valor do frete, além de ganhar tempo e agilidade na entrega do produto.
Ricardo Onofre é diretor executivo da empresa de atendimento de full commerce e cross border