Como apoiar mulheres no ecossistema de startups?
No que tange à liderança e iniciativa de empreender, apenas 12,6% das startups foram fundadas por mulheres
Érika Garcia
Sabemos dos desafios que as mulheres atravessam no mercado de trabalho. Quando se trata do ambiente tecnológico, os percalços surgem desde a época escolar, quando as meninas escutam que determinadas matérias e profissões são melhores para homens, por serem masculinas, enquanto outras, melhor ao universo feminino. Puro preconceito: talentos e afinidades acontecem independente do gênero, basta o estímulo.
No ecossistema de startups, ainda somos a minoria: estamos presentes em apenas 15% das inúmeras que existem. No que tange à liderança e iniciativa de empreender, apenas 12,6% das startups foram fundadas por mulheres, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), fundada para promover e representar as startups brasileiras.
Ainda segundo a pesquisa, o Centro-Oeste e o Nordeste são as regiões que mais têm startups iniciadas por mulheres. Contudo, em todo o País, 26,9% delas não têm mulher alguma no quadro. Outro dado, divulgado pelo Crunchbase e pelo Latin America Business Stories (LaBs), também mostra a disparidade quando o assunto é investimento: dos R$ 4,4 bilhões aportados em startups latinoamericanas em 2020, nenhum centavo foi destinado a startups fundadas por mulheres.
Diante de tal realidade e sendo uma mulher de 28 anos fundadora de uma startup que democratiza o acesso à energia solar, vejo-me motivada a fazer diferente no nosso meio. Por isso, elenco algumas ações que irão colaborar com o avanço da mulher no mercado.
Fortaleça a rede
Indicar o trabalho de outras mulheres é bom começo. Sair do mito de competição e entrar na mentalidade de cooperação é um grande salto na construção da igualdade que queremos. Coisas simples, como recomendar, elogiar e comentar nas redes sociais dão visibilidade e estimulam quem está do outro lado.
Além disso, apoiar iniciativas já existentes é um bom caminho para fortalecer a comunidade. O próprio Google tem um programa, o Women Techmakers, que é focado em fortalecer a rede e incentivar a participação das mulheres na tecnologia.
Facilite o desenvolvimento profissional das mulheres
Promover capacitação às mulheres, especialmente àquelas que não têm recursos ou oportunidades é fundamental. Apenas por meio da educação conseguiremos equidade no mercado de trabalho.
Há programas, como a PrograMaria e o Reprograma, que ensinam programação às mulheres, na maioria das vezes com auxílio e bolsas, diminuindo a disparidade de gênero no mercado de trabalho. Nesse sentido, também há B2Mamy Aceleradora, que capacita e conecta mães no meio de inovação e tecnologia.
Promover o empreendedorismo feminino e promover políticas de empoderamento feminino
A busca por um ambiente igualitário deve estar em todos os processos da empresa, a começar pela liderança. É inspirador e efetivo ter mulheres na gestão, dando exemplo e oportunidades. Além disso, a empresa pode priorizar profissionais, fornecedores e prestadores de serviços mulheres ou que são lideradas por mulheres. Também há de se ter atenção às questões de raça, orientação sexual e origem socioeconômica mais vulnerável.
Há um entendimento, dentro do empoderamento feminino, de “enviar o elevador para baixo”, numa analogia à mulher que vai subindo, manda o elevador para baixo para que mais mulheres possam subir. Assim deve funcionar o empreendedorismo feminino: com consciência, conquistas e abrindo caminho para mais mulheres avançarem.
Érika Garcia é diretor executivo da startup do setor de energia