Obras de arte vandalizadas durante atos do 8 de Janeiro foram restauradas
As obras serão o foco central do evento denominado ‘Ato Democracia Inabalável’
Desde o dia 8 de janeiro de 2023, uma equipe de profissionais se empenhou na restauração das obras de arte vandalizadas nas sedes dos Três Poderes. Um exemplo é o trabalho de Nonato Nascimento, um experiente restaurador que atua no Senado Federal. Ao longo de aproximadamente duas décadas, ele tem trabalhado nas duas Casas do Congresso.
O artista pontua que a restauração das obras de arte danificadas se transformou num símbolo do fracasso dos atos antidemocráticos. A recuperação de itens do patrimônio artístico e cultural das sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário será uma parte central do Ato Democracia Inabalada, que ocorre nesta segunda-feira (8), a partir das 15h, no Salão Negro do Congresso Nacional, com a presença dos chefes dos Três Poderes da República entre outras autoridades.
A democracia não se representa naquelas obras que foram danificadas, mas agora ela vai ter um significado. Quando a pessoa chegar pra olhar essa obra vai ver o que aconteceu, que foi um ataque que não teve resultado para eles a não ser o resultado negativo. Elas vão chamar muito mais atenção do que antes. É o caso da tapeçaria do Burle Marx. Todo visitante quer saber exatamente qual é a obra que foi danificada. Isso é o lado positivo. As pessoas não tinham tanto conhecimento. Afirma Nonato em entrevista à Rádio Senado.
Para Nonato, o trabalho feito nas obras danificadas se diferencia de restaurações anteriores. A gente já teve várias obras danificadas por acidente, por outras coisas. O que eu notei de diferente foi a raiva das pessoas. Eles não estavam com raiva das obras, eles estavam com raiva da democracia. Eles extravasaram o sentimento nas obras, pontuou.
A coordenadora do Museu Histórico do Senado, Maria Cristina Monteiro, explica que, por conta do que as obras de arte nos corredores das sedes dos Três Poderes representaram no ataque à democracia, a entrega de uma delas, a tapeçaria de Burle Marques, já restaurada, terá papel relevante no evento que marca um ano dos atos de vandalismo.
Foram 21 peças danificadas e dessas 21 faltam apenas duas peças. As outras 19 obras de arte já foram restauradas e devolvidas aos seus lugares. No evento, nós vamos dar destaque à tapeçaria de Burle Marx, que foi vandalizada, foi arrancada da parede, rasgada, contaminada por urina e pó de extintor de incêndio. Essa obra vai estar em destaque representando o retorno dessas peças e o fortalecimento da democracia, finaliza Monteiro.
Entre as peças que ainda serão restauradas e devem ser entregues este ano está um painel de Athos Bulcão que tem arranhões provocados por estilhaços de vidro e marcas de tiro de arma de pressão.