Lula denuncia “genocídio” em Gaza e critica corte de ajuda humanitária
Em viagem à Etiópia, Lula critica suspensão de repasses à UNRWA e cobra ação de líderes mundiais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou veementemente, neste domingo (18), os cortes na ajuda humanitária à Palestina, classificando como “genocídio” as ações militares de Israel na Faixa de Gaza. Em viagem à Etiópia, Lula também anunciou que o Brasil fará um novo aporte de recursos para ações humanitárias na região.
“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”, lamentou Lula. “Quando eu vejo países ricos anunciarem que estão parando de dar contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio”, criticou.
O presidente brasileiro se referia aos cortes de repasses para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) anunciados por mais de 10 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Itália, Suíça, Irlanda e Austrália. A entidade, ligada à ONU, é a maior responsável por ações humanitárias na Faixa de Gaza.
Lula defendeu a importância da UNRWA e cobrou que as lideranças mundiais assumam um comportamento responsável em relação ao ser humano. “O que está acontecendo na Faixa da Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. E você vai deixar de ter ajuda humanitária? Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber porque estavam morrendo?”, questionou.
Reconhecimento do Estado Palestino
Além de garantir nova contribuição humanitária, Lula disse que o Brasil vai defender na ONU que o Estado palestino seja reconhecido definitivamente como Estado pleno e soberano. O presidente brasileiro também voltou a se posicionar a favor de uma reforma na ONU, ampliando as participações no Conselho de Segurança e extinguindo o direito de veto mantido por Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
“O que acontece no mundo hoje é falta de instância de deliberação. Nós não temos governança. Eu digo todo dia: a invasão do Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. A invasão da Líbia, a invasão da Ucrânia e a chacina de Gaza também não passaram. Aliás, as decisões tomadas pela ONU não foram cumpridas. Nós estamos esperando para humanizar o ser humano. O Brasil está solidário ao povo palestino. O Brasil condenou o Hamas e não pode deixar de condenar o que o exército de Israel está fazendo”, finalizou.