Caiado ganha holofotes ante à crise no União Brasil
Governador de Goiás tomou a frente nos discursos após os incêndios nas casas do presidente eleito do União Brasil, Antônio Rueda
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) venceu a queda de braço com o deputado Luciano Bivar. Não só porque elegeu o nome que queria a sucedê-lo na presidência, Antônio Rueda, mas porque a expulsão de Luciano Bivar da liderança já pode ocorrer na próxima semana. A postura do governador, que tomou frente nos discursos após os incêndios na casa de Rueda, garantiram a ele novamente os holofotes e mais um passo para se viabilizar na disputa presidencial, em 2026.
Na quarta-feira (13), Bivar foi notificado a se manifestar, em 72 horas, sobre as acusações de ameaças de morte contra Rueda e outros assuntos. Depois desse prazo, ele pode ser afastado e até expulso da legenda de forma provisória – a expulsão definitiva tem prazo de até 60 dias.
Os advogados de Rueda também alegam que Bivar é suspeito de um incêndio contra a casa de Antônio e da irmã, na noite de segunda (11), dentro do Condomínio Toquinho, em Ipojuca, Pernambuco. O atual presidente chama as acusações de “ilações”.
Caiado, inclusive, aproveitou a situação das casas queimadas para ‘incendiar’ o debate. Em nota ao Jornal O Hoje, a equipe do governador disse que ele “avalia que o incêndio que aconteceu na casa do advogado Antônio Rueda, e da irmã dele, foi um crime político e um atentado contra o União Brasil. Fato inaceitável e que não ficará impune”.
Já naquele momento, ele adiantou que o partido faria uma representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o caso seja investigado e também pediria a cassação do mandato do deputado federal Luciano Bivar.
Respostas
Ao deixar o Palácio do Planalto, na terça-feira (12), Bivar respondeu às acusações sofridas. “Tudo é ilação. Tudo é ilação, é mais um factoide, ‘tá’ certo? […] São ilações. Por exemplo, a mulher do presidente [Rueda] foi ao meu apartamento e roubou meu cofre. Essas coisas também. Foi ao meu apartamento, eu cedi confiantemente um segredo e ela roubou todo o dinheiro. Eu tinha um valor significativo”, enfatizou.
À jornalista Daniela Lima, da GloboNews, Bivar respondeu às alegações de Caiado. “Ele (Caiado) é um pigmeu moral. Tudo que ele puder fazer para beneficiar as mutretas do oportunista, como Bolsonaro já disse lá atrás, ele é capaz de fazer. Não é uma palavra que se leva em consideração. Eu não tenho nada a ver com isso”, exclamou.
O Jornal O Hoje procurou a assessoria do político para ele comentar sobre o processo de expulsão e a atual situação dele. “Até o presente momento, o deputado federal Luciano Bivar não recebeu formalmente nenhuma intimação, portanto, não podemos nos pronunciar sobre o pedido”, informou por nota.
Divergências
Os desencontros ocorreriam por questões partidárias. Rueda foi eleito para suceder Bivar no comando da sigla, no fim de fevereiro. No dia 26 do mês passado, eles teriam brigado durante um telefonema.
Devido à divergência, Bivar teria enviado um áudio em que, supostamente, alegaria saber onde a filha de Rueda reside. Após esse fato, ele registrou o caso na Delegacia Especial de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Distrito Federal (DF). A investigação ainda não foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Como mencionado, a vitória de Rueda e o possível afastamento de Bivar são vitórias de Caiado. O governador de Goiás tem pretensões de disputar a presidência, em 2026, e com o atual presidente a situação seria mais complicada, uma vez que ele é mais próximo do atual governo.
Análise
Professor e cientista político, Marcos Marinho argumenta que Caiado tem conseguido emplacar o nome em situações favoráveis para ele, no momento que dão projeção e visibilidade. “A forma que entra no jogo é muito contundente, pesada. Isso obviamente gera ganhos, mas também poder gerar perdas futuras. Quem está do outro lado também está vivo no jogo.”
De acordo com o professor, o governador tem conseguido alavancar o nome dele, enquanto uma “grande liderança”. “Mas quem cresce no cenário, nessa distância toda [faltam mais 2 anos para o pleito], tem que estar atento, porque vai fazer desafetos no meio do caminho. E como a briga nacional é muito mais volumosa do que a gente está acostumado aqui, no estado de Goiás, Caiado vai ter que estar sempre de olhos bem abertos”, pontua.
A postura de Caiado, avalia Marinho, também dá a ele a possibilidade de alcançar outros nichos, então o jogo é “correto ao estilo Caiado”, garantindo visibilidade no momento. “Construir um espaço de liderança agora e manter até 2026 é o grande desafio para ele. Porque o cenário vai oscilando e não é sempre que você tem essas pautas de grande mobilização e visibilidade.”