Donald Trump e Bolsonaro se aliam em outra comparação
Candidato à presidência dos EUA Donald Trump escapou de disparos durante comício
13 de julho de 2024. A data adentra, com susto e comparação, o calendário já sangrento da política americana: desde o século 19, o país registru ao menos 16 atentados diretos contra presidentes ou candidatos.
Com forte comoção popular, o candidato à presidência do Partido Republicano, Donald Trump, de 78 anos, discursava neste sábado (13) enquanto um jovem de 19 anos, cabelos louros compridos, mirava à cabeça do candidato. Ao mesmo tempo, um repórter-fotográfico do maior jornal do mundo, New York Times, clicava o instante em que o estalo acompanhava o corte em uma das orelhas de Trump. Vários tiros acertaram ao menos três pessoas que apoiavam o candidato. Um morreu.
O resultado: o mundo ficaria encabulado com o fio de sangue escorrendo pela orelha de um dos homens mais ricos do mundo que já ocupou o posto de presidente do país. Trump ergueu o punho, em sinal de que estava vivo. O atirador, conforme fontes oficiais, foi morto.
A disparada, classificada como ataque a tiros, ou tentativa de homicídio, ergueu outra vez o alerta acerca da violência política que invade, de maneira preocupante, os corredores da democracia de um país que gaba-se de tê-la como prioridade.
Candidato da direita, ou direita radical, Donald Trump trava, nas últimas semanas, uma disputa eleitoral com o atual presidente, Joe Biden, de 81 anos, o nome do Partido Democrata.
Enquanto o mundo assistia, por telejornais ou em vídeos pelas redes sociais, à tentativa de assassinato e às irmagens do atirador, Thomas Matthew Crooks, sendo “abatido” pelo Serviço Secreto americano, no Brasil logo lembrou-se de outro fato histórico.
Era tarde de quinta-feira, dia 6 de setembro de 2018. A menos de um mês das eleições presidenciais daquele ano. O candidato da direita, Jair Messias Bolsonaro, então do PSL (que juntou-se ao Dem e tornou-se União Brasil),era carregado no colo por uma multidão durante um dos atos lotados pelo país Ali perto, Adélio Bispo, segurando, tinha uma intenção: matar o candidato.
Bolsonaro foi esfaqueado durante passeata em Juiz de Fora, Minas Gerais. Assim como ocorreu nos Estados Unidos neste momento, no Brasil, a oposição se manifestou. Emitiu-se diversas notas de repúdio e, principalmente, de condenações à violência. E houve silêncio nos embates.
Algo que se pode comparar é o efeito eleitoral: o candidato agredido, tanto no Brasil, quanto, agora, nos EUA, fica liberado de ser atacado em debates – ou até de comparecer. No caso de Bolsonaro, o ferimento foi grave, profundo, que teve consequências até hoje. Nos EUA, o tiro, de raspão, arrancou sangue de uma das orelhas do candidato. Trump está bem. Não se sabe o que se sabe no emocional. Embora manifeste-se com franqueza, aos 78 anos, teme pela própria vida. Não deverá deixar barato: irá dar continuidade à disputa para retornar ao posto de presidente mais clicado e ouvido do mundo.
Casos
A morte também era a ferramenta que o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel queria usar para se livrar da então vice-presidente da Argentina Cristina Kirchner no dia 1° de setembro de 2022. Ele apontou a arma para o rosto dela, a um palmo de distância, mas a arma falhou. Ela estava cumprimentando apoiadores em frente à sua residência em Buenos Aires.
Depois, também na América Latina, o candidato a presidente do Equador, Fernando Villavicencio foi assassinado aos 59 anos
no dia 9 de agosto de 2023. Repórter investigativo no país, líder sindical, Villavicencio saía de um comício em Quito quando foi cercado e alvejado diversas vezes na cabeça. Cinco acusados foram condenados em julgamento na sexta-feira, dia 12, um dia antes dos tiros que mancharam de vermelho-sangue a corrida eleitoral americana. Os cinco envolvidos no assassinato do jornalista candidato não passaram de 34 anos de prisão.