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terça-feira, 15 de outubro de 2024
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Aumento dos preços

Salário mínimo deveria ser 4,68 vezes maior para garantir alimentação digna

No mês de agosto, um trabalhador que recebe um salário mínimo teve que trabalhar mais de 100 horas para adquirir uma cesta básica

Postado em 11 de setembro de 2024 por Thais Teixeira

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos(Dieese), divulgou que na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (Pncba), que em cada um dos 17 capitais onde a pesquisa é realizada mensalmente, o valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu pelo segundo mês consecutivo.

Em agosto de 2024, o Dieese informou que o salário mínimo deveria ser de R$ 6.606,13, para cobrir a manutenção de uma família de até 4 pessoas. O que representa que o valor deveria ser 4,68 vezes maior que o atual salário mínimo de R$ 1.412.

Cesta básica em Goiânia 

A capital marcou o nono maior valor entre as 17 cidades em que a pesquisa aconteceu. Em agosto, o valor médio da cesta básica em Goiânia chegou a R$ 667,87, o que representa uma redução de 4,04% no comparativo com o mês anterior. Porém, se comparado com 2023, o valor obteve aumento de 4,11%. 

De julho a agosto de 2024, sete dos treze itens da cesta básica tiveram aumento dos preços médios: café em pó (13,75%), banana (12,72%), farinha de trigo (2,50%), óleo de soja (1,66%), carne bovina de primeira (1,59%), arroz agulhinha (0,91%) e manteiga (0,79%). 

Outros seis itens da cesta básica registraram queda nos preços: tomate (-40,47%), da batata (-23,89%), feijão carioquinha (-3,30%), leite integral UHT (- 1,54), açúcar cristal (- 0,72%) e pão francês (-0,62%).

Oito itens da cesta apresentaram aumentos no total nos últimos doze meses: batata (77,95%), arroz agulhinha (40,30%), banana (12,15%), café em pó (9,23%), leite integral (4,84%), açúcar cristal (4,23%), pão francês (3,67%) e óleo de soja (1,52%). 

Em contrapartida, foram registradas quedas em produtos como a farinha de trigo (-4,64%), feijão carioquinha (-4,13%), carne bovina de primeira (-2,66%), tomate (-1,91%) e manteiga (-1,56%).

O trabalhador de Goiânia, que recebia um salário mínimo de R$1.412,00, precisou trabalhar 104 horas e 4 minutos em agosto de 2024 para adquirir uma cesta básica. Isso simboliza um tempo menor do que o necessário em julho, quando o consumidor precisou trabalhar 108 horas e 26 minutos. Em agosto de 2023, com um salário mínimo de R$ 1.320, levaram 106 horas e 55 minutos para comprar uma cesta.

O trabalhador comprometeu 51,13% de sua remuneração em agosto de 2024 para comprar produtos da cesta básica, suficiente para alimentar um adulto durante um mês, considerando o salário mínimo líquido após o desconto de 7,5% da Previdência Social. Em julho, o índice de gastos foi de 53,29%. Em agosto de 2023, o trabalhador comprometeu 52,54% da renda líquida.

Visão de economistas 

A economista Adriana Pereira, explicou que diversos fatores contribuem para a discrepância entre o valor da cesta básica e do salário mínimo.

“O fato de que o reajuste do salário mínimo ao longo dos anos, não acompanhou o aumento dos preços na mesma proporção, isto é, mesmo que o salário mínimo aumente de preço, por muito tempo esse aumento esteve abaixo da inflação, ou seja, a inflação constante, especialmente nos alimentos, faz com que os preços da cesta básica subam mais rapidamente do que os salários, corroendo o poder de compra da população”, pontuou Adriana Pereira.

Adriana ainda explicou que por exemplo, problemas como políticas de juros altos podem aumentar os preços dos insumos produtivos, como combustíveis e energia elétrica, o que resulta em um aumento dos custos de produção e no preço da cesta básica.

“O problema é que essa defasagem entre o valor da cesta básica e o salário mínimo recebido pela população gera consequências como insegurança alimentar, pois grande parte da população brasileira acaba tendo dificuldade de ter acesso regular a alimentos seguros e nutritivos em quantidade suficiente para garantir uma vida saudável, por exemplo; além disso, com mais da metade da renda sendo direcionada para a aquisição de alimentos, sobram menos recursos para cumprir com outras despesas essenciais, como moradia, saúde e educação”,complementou Adriana Pereira.

A economista Adriana Pereira pontuou que essa situação não é simples de ser mudada, mas que existem medidas que podem ser tomadas. “Por meio de políticas públicas de ampliação da produção agrícola, especialmente a realizada pela agricultura familiar, que são os principais responsáveis pela produção de alimentos que abastecem internamente nosso país. Uma política de incentivo produtivo que tivesse como foco a redução dos custos da produção, também poderia trazer resultados positivos quanto à redução do custo da cesta básica.” 

“E, por fim, uma política de valorização do salário mínimo ou de ampliação da capacidade de geração de renda, especialmente para famílias de baixa renda, poderia ter como efeito a redução da discrepância entre o valor do salário mínimo e o valor da cesta básica”, pontuou Adriana. 

Cestas mais caras

– São Paulo (R$ 786,35)

– Florianópolis (R$ 756,31)

– Rio de Janeiro (R$ 745,64)

Mais baratas

– Aracaju (R$ 516,40)

– Recife (R$ 533,12)

– João Pessoa (R$ 548,90)

Obs.: Nas cidades do Norte e Nordeste a composição da cesta é diferente das demais capitais

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