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quarta-feira, 16 de outubro de 2024
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Polêmica

Trump culpa Biden e Kamala por incitar atentado contra ele

Suspeito foi preso no último domingo (15) e é investigado por tentativa de assassinato contra Trump

Postado em 17 de setembro de 2024 por Tathyane Melo
Suspeito foi preso no último domingo (15) e é investigado por tentativa de assassinato contra Trump | Foto: Divulgação

O ex-presidente americano Donald Trump afirmou na segunda-feira (16), que a “linguagem inflamatória” dos democratas provocou o que as autoridades estão investigando como uma tentativa de assassinato contra ele, a segunda em pouco mais de dois meses. Em resposta, o presidente Joe Biden disse que os americanos resolvem suas diferenças nas urnas.

As autoridades federais acusaram o suspeito no domingo (15). O suspeito foi avistado na posse um fuzil no campo de golfe de Trump em West Palm Beach. Isso pode resultar em até 20 anos de prisão. O Serviço Secreto confirmou que o suspeito não fez nenhum disparo antes de ser alvo de tiros dos agentes. Trump escapou ileso.

Em entrevista à Fox News, ontem, ele instou seus rivais a moderarem sua retórica, mesmo enquanto os chamava de “inimigo interno” e “a verdadeira ameaça”. Biden e a vice Kamala Harris, também candidata democrata à Casa Branca, condenaram imediatamente o episódio no domingo, dizendo que não há espaço para violência na política. Todavia, após as acusações de Trump, Biden reiterou ontem sua oposição à retórica da violência. “Sempre condenei a violência política. Sempre o farei”, disse Biden na Filadélfia. “Os americanos resolvem suas diferenças pacificamente nas urnas, não com armas.”

Posicionamento de Trump

Nesse sentido, Trump tentou, mais tarde, em uma postagem nas redes sociais, vincular tanto o incidente de domingo quanto o atentado de 13 de julho. Ele foi ferido na orelha no momento em que Kamala fez declarações sobre os quatro processos criminais que enfrenta. As autoridades ainda não apresentaram possíveis motivações do suspeito, mas o prenderam após fugir do campo de golfe. Mas Trump disse à Fox News ontem que ele “acreditou na retórica de Biden e Harris, e agiu com base nela”.

O republicano – que frequentemente usa linguagem violenta e cujas mentiras recorrentes sobre a eleição de 2020 levaram alguns de seus apoiadores a atacar o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 – previu um aumento na violência política em sua postagem online, dizendo: “Por causa dessa retórica da esquerda comunista, as balas estão voando, e só vai piorar!”.

Ele também tem expressado suspeitas crescentes sobre o atentado no comício em Butler, Pensilvânia, em julho, no qual um participante foi morto e dois outros ficaram gravemente feridos. Oficiais ainda tentam esclarecer os motivos do atirador na Pensilvânia, que foi morto por agentes do Serviço Secreto. Mas Trump recentemente apontou para Biden e Kamala. Durante seu debate com a candidata democrata, ele disse que “provavelmente levou um tiro na cabeça por causa das coisas que eles (democratas) dizem sobre mim”.

Musk

Da mesma forma, Trump não ficou sozinho em suas acusações. Horas depois do que o FBI chamou de uma segunda tentativa de assassinato contra o ex-presidente, o bilionário Elon Musk escreveu em sua rede social X – e depois apagou – uma publicação sugerindo que era estranho que ninguém tivesse tentado matar o presidente Biden ou a vice Kamala. Musk disse que a postagem no X tinha a intenção de ser uma piada.

Nesse sentido, em resposta a um usuário que perguntou: “Por que eles querem matar Donald Trump?”, Musk, que declarou apoio ao ex-presidente e comenta frequentemente sobre a campanha presidencial dos EUA, escreveu: “E ninguém está nem tentando assassinar Biden/Kamala”. Sua postagem foi capturada por usuários do X antes que ele a apagasse. A Casa Branca condenou a postagem, chamando-a de “irresponsável”.

O porta-voz da Casa Branca Andrew Bates reiterou as declarações de Biden e de Kamala dizendo que não havia lugar para violência política nos EUA. “A violência deve ser apenas condenada, nunca encorajada ou motivo de piada”, disse Bates. Além disso, o homem acusado no incidente de domingo, Ryan Wesley Routh, de 58 anos, tem um histórico político confuso. Em vários momentos, ele parece ter falado positivamente sobre candidatos de ambos os partidos.

Acusações

Ele foi acusado ontem na Justiça Federal de possuir uma arma de fogo sendo um criminoso condenado. E também, de possuir uma arma de fogo com número de série adulterado. Documentos do tribunal federal mostram que ele foi condenado por um crime em dezembro de 2002 por “possuir uma arma de morte e de destruição em massa”. O jornal Greensboro News and Record relatou que ele foi preso em 2002 em Greensboro, Carolina do Norte. O caso foi por ele se entrincheirar em um prédio com uma arma automática. Routh não tinha Trump em seu campo de visão e não disparou seu fuzil semiautomático durante o confronto com o Serviço Secreto na tarde de domingo, segundo explicou o diretor interino da agência, Ronald Rowe, em uma entrevista coletiva.

Investigações

Para o FBI, Routh agiu sozinho. Na sua primeira aparição em um tribunal federal na Flórida, o suspeito vestia um macacão azul de presidiário. Ainda de acordo com a denúncia, dados de celular indicaram que Routh permaneceu no arbusto perto do campo de golfe por quase 12 horas. Isso, antes de um agente do Serviço Secreto avistar o que parecia ser o cano de um fuzil na cerca do local e abrir fogo. A denúncia detalhou a arma encontrada como um fuzil estilo SKS que estava carregado – um semiautomático desenvolvido pelos soviéticos na década de 40 – com uma mira. No local, havia também comida e uma câmera digital.

Além disso, o episódio, particularmente as muitas horas que Routh aparentemente passou tão perto do campo, lança novas dúvidas sobre as capacidades de proteção do Serviço Secreto. Isso, após um possível assassino chegar perto de Trump pela segunda vez em cerca de dois meses. Biden disse ontem que o Serviço Secreto “precisa de mais ajuda” para cumprir suas funções. (Com agências internacionais) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Com informações da Agência Estado.