Banco Central eleva Selic a 11,25% ao ano
Selic atingiu o maior nível desde março deste ano, quando também estava em 11,25% durante um ciclo de cortes nas taxas de juros
O Banco Central optou, na quarta-feira (6), por intensificar o aperto monetário, elevando a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade pela diretoria da instituição, que, no entanto, não revelou detalhes sobre os próximos passos da política monetária. O BC reiterou, contudo, a necessidade de o governo adotar reformas fiscais estruturais capazes de impactar de forma positiva a política monetária.
Em meio à expectativa pelo anúncio de um pacote de contenção de despesas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central destacou que a percepção dos agentes econômicos sobre a situação fiscal tem influenciado significativamente os preços de ativos e as expectativas, especialmente em relação ao risco e à taxa de câmbio. O Comitê de Política Monetária (Copom) reafirmou que uma política fiscal sólida e comprometida com a sustentabilidade da dívida pública, por meio de medidas estruturais, ajudaria a ancorar as expectativas de inflação e a reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros, com impacto direto sobre a política monetária.
Em suas declarações, membros da diretoria do Banco Central têm sublinhado os efeitos negativos das incertezas fiscais no mercado. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, tem repetido que o Brasil precisará de um “choque fiscal positivo” para permitir a redução das taxas de juros.
No cenário internacional, embora o Copom não tenha se referido diretamente à possibilidade de Donald Trump retornar à presidência dos Estados Unidos, o Comitê assinalou que o ambiente econômico global continua desafiador, especialmente devido à incerteza que marca a economia norte-americana.
O Copom, no entanto, não indicou qual será sua postura na reunião de dezembro, que ocorrerá antes da troca de comando no Banco Central, quando Roberto Campos Neto passará a presidência para Gabriel Galípolo. O Comitê reforçou que o ritmo de futuras elevações da taxa de juros e o tamanho do ciclo de aperto monetário dependerão do compromisso contínuo com a convergência da inflação à meta.
As próximas decisões sobre a Selic, conforme o comunicado, estarão atreladas à evolução da inflação, ao nível de ociosidade da economia, e à análise das expectativas e projeções de preços para os próximos anos. Desde a última reunião, as expectativas do mercado para a inflação em 2025 ficaram mais desancoradas, com a previsão para o IPCA passando de 3,95% para 4,03% entre setembro e a última semana.
O próprio Banco Central ajustou para cima suas projeções de inflação na quarta-feira (6), passando de 4,3% para 4,6% em 2024 e de 3,7% para 3,9% em 2025, em linha com o cenário de referência que segue as expectativas do mercado quanto aos juros. Para o primeiro trimestre de 2026, a projeção de inflação foi mantida em 3,6%.
Considerando o cenário de referência, o Copom baseou suas estimativas em uma taxa de câmbio de R$ 5,75, superior à usada na reunião de setembro (R$ 5,60). A meta contínua de inflação permanece em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Com a alta desta quarta-feira, a Selic atingiu o maior nível desde março deste ano, quando também estava em 11,25% durante um ciclo de cortes nas taxas de juros. O ciclo de aumento da Selic foi retomado em setembro, com um ajuste de 0,25 ponto percentual.