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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
Cuidados

Entenda a Síndrome de Eagle: sintomas, causas e tratamento

Síndrome de Eagle é uma condição crônica e, em alguns casos, os sintomas podem reaparecer mesmo após o tratamento

Postado em 2 de dezembro de 2024 por Leticia Marielle
Entenda a Síndrome de Eagle: sintomas, causas e tratamento. | Foto: Reprodução/Canva

A Síndrome de Eagle é uma condição rara, mas dolorosa, caracterizada pelo alongamento anormal do processo estiloide do osso temporal ou pela calcificação excessiva do ligamento estilo-hioideo. Localizado na base do crânio, próximo à orelha, o processo estiloide normalmente mede entre 2,5 cm e 3 cm. Quando alterado, pode atingir mais de 4 cm, provocando compressão de nervos e vasos sanguíneos na região, resultando em uma série de sintomas desconfortáveis. A síndrome foi descrita pela primeira vez em 1937 pelo médico americano Dr. Watt Weems Eagle, e desde então passou a ser conhecida por seu nome.

Embora as causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, fatores como traumas ou intervenções cirúrgicas na região do pescoço e da garganta estão frequentemente associados ao seu desenvolvimento. A síndrome também pode ocorrer devido a alterações degenerativas ou inflamatórias nos ligamentos e tecidos moles ao redor do processo estiloide. A condição é dividida em duas formas principais: a Síndrome Clássica de Eagle, que geralmente está ligada a traumas ou a remoção das amígdalas, e a Síndrome Estilocarotídea, que resulta da compressão das artérias carótidas internas ou externas, com sintomas neurológicos mais graves.

Fatores genéticos também podem desempenhar um papel, uma vez que foi observado que o alongamento do processo estiloide ocorre em algumas famílias. Além disso, alguns estudos indicam que a condição pode surgir como resultado de processos degenerativos ou inflamatórios que afetam os ligamentos e tecidos moles da região cervical.

Sintomas

Os sintomas variam conforme a gravidade da condição. Segundo a médica otorrinolaringologista, Ananda Christiny, os sintomas mais comuns é a sensação de corpo estranho na garganta. “Às vezes é dificuldade de engolir, na hora que você vai engolir parece que tem algo ali preso”. Em alguns casos é comum que os pacientes sintam dor aguda ou sensação de queimação na garganta e no pescoço, frequentemente irradiada para a mandíbula ou ouvido. Já na Síndrome Estilocarotídea, os sintomas podem incluir dores de cabeça, tontura, visão embaçada e, em casos graves, ataques isquêmicos transitórios (AIT) ou até AVC. 

O diagnóstico da síndrome pode ser desafiador, pois seus sintomas se confundem com outras condições, como problemas temporomandibulares ou cervicais. “Para diagnosticar, avaliamos a clínica compatível e podemos realizar o exame físico, tentando palpar, por exemplo, se o paciente não tem amígdalas, é possível palpar na fossa amigdaliana para verificar se encontramos o ponto agudo. Porém, isso pode ser incômodo devido ao reflexo de vômito, por isso, muitas vezes, pedimos exames de imagem, como o raio-X, mas a tomografia é preferível, pois permite medir o tamanho do processo estiloide”, afirma a médica. 

Ou seja, exames de imagem, como raios-X, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM), são essenciais para confirmar o alongamento do processo estiloide e detectar possíveis calcificações no ligamento estilo-hioideo.

Tratamento

O tratamento da Síndrome de Eagle depende da intensidade dos sintomas. Para os casos leves, as opções conservadoras geralmente são eficazes. O uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), injeções de anestésicos locais e esteroides, bem como fisioterapia cervical, são frequentemente suficientes para aliviar a dor e o desconforto. “O tratamento a gente pode tratar os sintomas, a dor, usar analgésico, relaxante muscular, fazer fisioterapia, acupultura e nos casos mais graves dá também para fazer uma cirurgia para tirar um pedacinho desse processo estiloide”, conclui Ananda. Quando os sintomas são mais graves e não respondem a tratamentos conservadores, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. 

A estiloidectomia, procedimento em que o processo estiloide é removido, pode ser realizada por duas abordagens: intraoral, através de uma incisão na boca, ou extraporal, com uma incisão no pescoço. Ambas as técnicas têm eficácia comprovada, e a escolha do método depende da anatomia do paciente e da experiência do cirurgião. A maioria dos pacientes experimenta alívio significativo dos sintomas após a cirurgia, o que pode melhorar sua qualidade de vida de forma considerável.

Muitos pacientes experimentam alívio significativo dos sintomas após a remoção do processo estiloide. No entanto, como em qualquer procedimento cirúrgico, existem riscos, como infecções, danos aos nervos e problemas na cicatrização. Vale ressaltar que a Síndrome de Eagle é uma condição crônica e, em alguns casos, os sintomas podem reaparecer mesmo após o tratamento. Por isso, é fundamental um acompanhamento regular com um otorrinolaringologista ou cirurgião maxilofacial para garantir que qualquer recidiva seja tratada de forma adequada.

Atriz é diagnosticada com a síndrome 

Recentemente, o tema da síndrome ganhou destaque após a atriz Maria Casadevall compartilhar sua experiência pessoal com a condição. Conhecida por seu trabalho em novelas e séries de televisão, a atriz revelou nas redes sociais que passou por uma cirurgia para tratar o problema. Ela contou como os desconfortos causados pela síndrome foram sendo ignorados ao longo dos anos, até que se tornou necessário realizar a intervenção cirúrgica.

Atriz Maria Casadevall é diagnosticada com a síndrome. | Foto: Divulgação

“Tenho um pouco de dificuldade com as redes, não é a coisa mais natural e fácil para mim. E quando me afasto um pouquinho, por minha escolha, sinto que tem coisas que fluem bem mais. Mas é importante voltar e dizer oi! Também passei por uma cirurgia nesse último mês, nada grave, mas gostaria de compartilhar um pouco com vocês sobre este diagnóstico, que é meio raro e difícil. Mas ele pode ser causador de uma série de desconfortos e eu percebi que vinha, há muitos anos, naturalizando um desconforto”, disse.

A experiência de Maria Casadevall, compartilhada, ofereceu a seus seguidores e pessoas que não conhecem a síndrome a importância de cuidar do corpo, de não ignorar sinais de desconforto. O alerta é necessário para buscar tratamento e informações.

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