Escoliose: problema que afeta 6 milhões de brasileiros
Especialista explica os sintomas e como prevenir o agravamento da doença
A escoliose, um desvio na coluna vertebral que pode afetar tanto crianças quanto idosos, é uma das condições ortopédicas mais comuns no Brasil. De acordo com dados recentes, mais de 6 milhões de brasileiros convivem com essa doença, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge cerca de 2% da população mundial. Popularmente conhecida como coluna em S ou C, a escoliose se caracteriza por uma curvatura anormal da coluna vertebral, podendo ter diversas origens e complicações associadas.
Existem três tipos principais de escoliose: a idiopática, a neuromuscular e a congênita. A escoliose idiopática, que é a mais comum, representa mais de 80% dos casos, sendo geralmente observada durante o período de crescimento, entre 10 e 16 anos, principalmente em meninas. Esse tipo de desvio não tem uma causa definida, mas é associado a alterações genéticas que afetam o desenvolvimento da coluna.
Já a escoliose neuromuscular tem sua origem em problemas neurológicos, como a paralisia cerebral ou distrofias musculares, e a congênita é decorrente de deformidades presentes desde o nascimento. Independentemente do tipo, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão da doença e possíveis complicações.
Tratamentos e diagnóstico precoce
O tratamento da escoliose pode variar conforme a gravidade e o tipo de desvio. Em casos mais leves, é possível que a escoliose seja controlada com o uso de coletes ortopédicos. Segundo especialistas, o uso do colete deve ser feito com cautela e apenas em situações específicas, geralmente quando a curvatura da coluna atinge ângulos entre 20 e 40 graus.
Além do uso de coletes, a fisioterapia também desempenha um papel crucial no tratamento da escoliose. Exercícios específicos, como os realizados por fisioterapeutas especializados, podem ajudar a fortalecer os músculos da coluna e melhorar a postura. Uma outra alternativa é a Reeducação Postural Global (RPG), que visa corrigir desvios posturais por meio de técnicas de alongamento e fortalecimento muscular.
Escoliose e seus impactos na saúde
A escoliose, além de afetar a coluna vertebral, também pode prejudicar o funcionamento de outros órgãos internos. O ortopedista Maxwell Rodrigues, especialista na área, explica que curvaturas mais acentuadas podem levar a alterações respiratórias e cardíacas, uma vez que a compressão dos pulmões e do coração pode dificultar o seu funcionamento adequado. “Quando a curvatura é significativa, o problema pode comprometer não só a estética, mas também a saúde geral do paciente”, alerta Rodrigues.
É por isso que a detecção precoce é fundamental. Se não tratada, a escoliose pode evoluir para uma curvatura mais severa, tornando os tratamentos mais complexos. Em casos extremos, a cirurgia pode ser necessária para corrigir a curvatura da coluna, proporcionando uma melhora na qualidade de vida do paciente. No entanto, a cirurgia é indicada apenas quando a curvatura é superior a 40 graus, e o tratamento conservador já não é eficaz.
Como identificar e prevenir
Os pais e cuidadores devem estar atentos a sinais de escoliose, como assimetria nos ombros ou quadris, presença de uma “giba” (protuberância) nas costas, e alterações na postura. A avaliação médica, feita por meio de exames de imagem como a radiografia, é essencial para confirmar o diagnóstico. “A análise da simetria dos ombros, escápulas, cristas ilíacas e costelas pode indicar a presença de escoliose”, afirma Maxwell.
Para quem já tem o diagnóstico de escoliose, a prática de exercícios físicos é essencial. O fortalecimento muscular do tronco, principalmente, pode ajudar a manter o equilíbrio da coluna e prevenir a progressão do desvio. A escolha dos exercícios deve ser orientada por um fisioterapeuta especializado, que poderá indicar as melhores práticas para cada caso.
Aumento nas buscas
Nos últimos anos, a conscientização sobre a escoliose tem aumentado, como demonstra o gráfico de buscas no Google. O ano de 2022 teve um pico significativo de interesse pela doença, indicando que mais pessoas estão buscando informações sobre o problema. Esse aumento nas buscas reflete uma tendência crescente de diagnóstico precoce e tratamentos eficazes.
A prevenção e o tratamento da escoliose são possíveis, desde que o diagnóstico seja feito de maneira rápida e eficiente. A atenção aos sinais e sintomas, o acompanhamento médico regular e a adesão a tratamentos como o uso de coletes e fisioterapia são fundamentais para garantir que a condição não evolua para complicações mais graves. O cuidado com a postura e a realização de exercícios específicos são atitudes que podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes que convivem com a escoliose, proporcionando mais saúde e bem-estar ao longo da vida.