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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Mirando o governo

Haddad vira bode expiatório do governo Lula em meio a crise e desgaste político

Críticas internas e externas ao ministro da Fazenda aumentam, enquanto aliados e oposição pressionam por mudanças no comando da economia

Postado em 31 de janeiro de 2025 por Bruno Goulart
Haddad vira bode expiatório do governo Lula em meio a crise e desgaste político
Foto: Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tornou-se o principal alvo de críticas dentro e fora do governo Lula, assumindo o papel de bode expiatório em meio ao desgaste político e às dificuldades econômicas que o Palácio do Planalto enfrenta. Nos últimos meses, Haddad tem sido responsabilizado por setores do próprio governo, aliados e oposição pelos desafios fiscais, pela falta de clareza na condução da economia e por polêmicas que afetaram a imagem do governo, como a recente confusão envolvendo a fiscalização do Pix pela Receita Federal.

A situação do ministro se agravou após declarações públicas de figuras influentes, como Gilberto Kassab, presidente do PSD, que em evento com empresários na última quarta-feira (29) classificou Haddad como um “ministro da Fazenda fraco”. Kassab comparou a gestão de Haddad à de nomes como Malan, Palocci, Meirelles e Paulo Guedes, que, segundo ele, comandaram a economia com mais firmeza em governos anteriores. “Um ministro da economia fraco é sempre um péssimo indicativo”, afirmou Kassab, em um claro sinal de que aliados de conveniência começam a se distanciar do governo.

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Dentro do próprio PT, Haddad também enfrenta resistência. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, têm sido críticos velados de sua gestão. Rui Costa, cada vez mais poderoso no governo, é visto como um rival direto de Haddad, e a relação entre os dois vem se deteriorando. Enquanto isso, Gleisi Hoffmann, cotada para assumir um ministério, tem pressionado por mudanças na equipe econômica, sugerindo que Haddad pode não ser o nome ideal para conduzir a Fazenda em um momento tão delicado.

A crise em torno de Haddad reflete um cenário mais amplo de desgaste do governo Lula. A popularidade do presidente vem caindo, e a economia, embora mostre sinais de recuperação em alguns indicadores, ainda enfrenta desafios como o controle da inflação, a geração de empregos e a manutenção do equilíbrio fiscal. Para muitos, Haddad tornou-se o rosto dessas dificuldades, mesmo que parte dos problemas seja herdada de gestões anteriores ou decorra de fatores externos, como a instabilidade global.

Pressão do Centrão

A ala pragmática do PT tem buscado apoio no Centrão para tentar reverter o cenário de desgaste, mas líderes de partidos como PP, Republicanos e PSD têm sido claros em suas demandas: uma simples reforma ministerial, trocando “seis por meia dúzia”, não será suficiente. Eles defendem mudanças mais profundas, como a substituição de Haddad na Fazenda e sua transferência para a Casa Civil, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin assumiria o comando da economia.

A proposta tem como objetivo renovar a “carta-compromisso” do governo Lula, trazendo Alckmin, um nome bem-visto pelo mercado e que simbolizou o apoio do Centrão na campanha de 2022. Já Haddad, apesar de seu prestígio entre empresários, enfrenta resistência para avançar em sua agenda, inclusive dentro do próprio PT. A mudança, segundo aliados, poderia fortalecer a imagem do governo e melhorar a interlocução com o Congresso, onde a crise das emendas e a falta de diálogo eficiente com o Planalto têm gerado atritos.

No entanto, convencer o presidente Lula a promover essas mudanças não será fácil. O presidente tem grande apreço por Rui Costa e, até o momento, não deu sinais de que cogita substituí-lo. Além disso, Lula costuma postergar decisões, preferindo aguardar o momento político ideal para agir. Enquanto isso, Haddad segue no centro das críticas, acumulando o papel de bode expiatório em um governo que tenta, a todo custo, recuperar a credibilidade e se preparar para a disputa eleitoral de 2026.

 

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