Aproximação de Lula a Motta e Alcolumbre impacta pré-candidaturas
Presidentes do Congresso são filiados ao Republicanos e União Brasil, partidos que Lula quer conquistar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está no Japão com ministros, mas também os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A aproximação com os líderes do Congresso é vista como um facilitador do governo e pode, também, impactar a eleição de 2026.
Os presidentes do Congresso são tão poderosos quanto os presidentes de partido. Uma aliança com Lula pode influenciar nos rumos do próximo pleito presidencial. O Republicanos, de Motta, tem o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas como pré-candidato, enquanto o União Brasil de Alcolumbre, o gestor goiano Ronaldo Caiado.
A imprensa já noticiou que Lula quer investir na relação com Motta e Alcolumbre. Inicialmente, o intuito é apontar as prioridades para o governo no Congresso e aprovar matérias que melhorem a imagem do governo, que está com a popularidade em queda. A isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil é uma delas.
Tudo pode acontecer
Para o deputado federal por Goiás, José Nelto (União Brasil), tudo pode acontecer em 2026. “Tudo depende da popularidade do presidente Lula, do movimento político e da temperatura do momento. Hoje, o Lula está em baixa e existe um cansaço do País em relação à polarização de Lula e Bolsonaro. Quer uma alternativa”, argumenta.
Ele afirma, todavia, que a movimentação de Lula junto aos presidentes do Congresso pode impactar. Além disso, existem as federações e fusões que ocorrem por sobrevivência do partido. “O União Brasil e o PP conversam. O PP já aprovou, mas existem alguns obstáculos nos Estados. Em Goiás, Caiado é contra. Mas a decisão será da maioria”, avalia Nelto.
O deputado federal afirma, ainda, que defende que o União Brasil dê aval a Caiado para disputar a eleição presidencial no primeiro turno. “Ganha o partido com isso. Partido que não disputa, não tem voto.”
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Acerca de Tarcísio, ele argumenta que o governador tem uma reeleição fácil. O gestor de São Paulo, contudo, teria capacidade de unir centro e direita do País. Ainda assim, entende que o Republicanos, assim como o PP e o União Brasil, está no governo federal por meio de ministérios. “E o Lula está no papel dele de aproximar. Além disso, entrou em pautas positivas que podem beneficiá-lo, como a derrubada da inflação dos alimentos e a isenção do imposto de renda.”
Ainda assim, Nelto lembra que a idade também pode ser fator determinante. “Existe um cansaço e pesa muito.” Hoje, Lula tem 79 anos.
Análise
O professor e cientista político Marcos Marinho vê a aproximação de Lula com os presidentes do Congresso como pragmática. Segundo ele, é crucial pautar e aprovar pautas importantes do governo nas Casas Legislativas.
“Para além disso, vejo uma tentativa de blindar de vez a influência de Bolsonaro sobre o centrão. E eles [Motta e Alcolumbre] sabem que embarcar no bolsonarismo não vale a pena, pois está desidratando”, aponta.
Assim, pelo menos no primeiro momento, ele não vê essa negociação para 2026 – para barrar Tarcísio, sobretudo. Contudo, é possível, a depender de como a situação do governo caminhar. “Eles têm influência e poder. E os partidos deles reconhecem. Mas para o Lula é importante resgatar a imagem, e se o Congresso atrapalhar, deteriora de vez. Então, vale a pena manter esse relacionamento.”
Comitiva de Lula no Japão
Lula viaja ao Japão para ampliar parcerias comerciais na Ásia, diversificando as correntes de negócios. O intuito é mostrar equilíbrio na guerra comercial de chineses e americanos, maiores parceiros do País. Confira quem foi:
Hugo Motta (Republicanos-PB); presidente da Câmara dos Deputados;
Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado;
Arthur Lira (PP-AL), deputado federal e ex-presidente da Câmara;
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), senador e ex-presidente do Senado;
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia;
Camilo Santana, ministro da Educação;
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores;
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente;
Luiz Marinho, ministro do Trabalho;
Renan Filho, ministro dos Transportes;
Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos;
Juscelino Filho, ministro das Comunicações;
Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia;
Waldez Góes, ministro do Desenvolvimento Regional;
Carlos Favaro, ministro da Agricultura e Pecuária;
Dr Luizinho (PP-RJ), deputado federal;
Pedro Lucas (União-MA), deputado federal;
Renildo Calheiros (PCdoB-PE), deputado federal.