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quarta-feira, 30 de abril de 2025
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Centro-direita

Federação entre PP e União Brasil ameaça estratégia de Lula para 2026

Com 108 deputados e 13 senadores, novo bloco de centro-direita pode dificultar alianças do Planalto e fortalecer alternativas presidenciais como Tarcísio, Zema e Caiado

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 8 de abril de 2025
Federação entre PP e União Brasil ameaça estratégia de Lula para 2026
Ciro Nogueira é presidente do PP e Antônio Rueda do União Brasil. Foto: Reprodução

Bruno Goulart

Um movimento em curso no Congresso pode redesenhar completamente o tabuleiro político para as eleições de 2026. O Progressistas (PP) e o União Brasil (UB) estão em fase final de negociações para formar uma federação partidária que, se concretizada, se tornaria a maior força legislativa do país, com potencial para complicar os planos de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e redefinir as estratégias da oposição.

O novo bloco reuniria 108 deputados federais – superando o PL (92), atual maior bancada da Câmara –, 13 senadores, seis governadores e cerca de 1.400 prefeitos, espalhados por todos os estados. A força numérica viria acompanhada de um alinhamento ideológico de centro-direita, justamente o espectro político que Lula tenta atrair para sua base de sustentação.

Impacto direto no Planalto

A consolidação da federação representaria um revés para o Palácio do Planalto. Atualmente, o União Brasil ocupa três pastas ministeriais (Comunicação, Turismo e Integração Nacional) e mantém relações pragmáticas com o governo. Já o PP, que ocupa o Ministério dos Esportes, tem se distanciado progressivamente de Lula. A união das duas siglas tende a puxar o UB para uma posição mais oposicionista, reduzindo a margem de manobra do petista no Congresso.

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A preocupação se justifica: pesquisas recentes mostram que a rejeição a Lula já atinge 56% dos eleitores, segundo o instituto Quaest, e a oposição organizada tende a explorar esse desgaste.

Presidenciáveis em jogo

A federação também afetaria diretamente as pré-campanhas presidenciais. Dois nomes aparecem como principais prejudicados: o próprio Lula e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), que já lançou sua pré-candidatura. Dentro do novo bloco, Caiado teria dificuldade para emplacar seu nome, já que o PP avalia outras opções, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS) ou até mesmo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O próprio Caiado já admitiu que a união pode gerar “guerras internas”, mas sua resistência tem sido vista como um esforço para salvar seu projeto pessoal. O governador de Goiás tem sido um dos críticos da união entre PP e União Brasil. Ele afirmou que “forçar essa federação seria um tiro no pé dos dois partidos”, argumentando que ambas as legendas já possuem estruturas consolidadas na maioria dos estados.

Por outro lado, a federação pode beneficiar outros presidenciáveis de oposição, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o já mencionado Tarcísio. Ambos poderiam contar com a estrutura do novo bloco em diversos estados, principalmente no Nordeste, onde PP e UB têm máquinas eleitorais consolidadas.

Divisão de poder

O acordo prevê uma presidência rotativa (seis meses para cada partido), com o deputado Arthur Lira (PP-AL) assumindo o comando inicial. Os diretórios estaduais seriam divididos em três partes: nove para o PP, nove para o UB e nove sob comando da direção nacional. Apesar do avanço nas tratativas, ainda há resistências internas, principalmente no União Brasil, onde alguns setores temem perder espaço para os peemedebistas.

O Republicanos, que chegou a participar das conversas, desistiu do acordo para manter sua autonomia. “Os deputados entenderam que era melhor seguir independentes”, justificou o presidente da legenda, Marcos Pereira.

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