De agora para frente, direita deve trabalhar por afunilamento de nomes à presidência
O sentimento pela formação de uma unidade política perpassa pelas lideranças, mas sem um cenário bem definido, projetos individuais ecoam, momentaneamente, mais alto


Com a proximidade das eleições de 2026, a direita brasileira deve trabalhar pelo afunilamento de nomes à presidência da República. A manifestação a favor do Projeto de Lei da Anistia, que ocorreu neste domingo (6), demonstra que, por voto bolsonarista, aglutinam em torno de um objetivo político/ideológico em comum. Uma vez que o comparecimento de lideranças no ato, de diversas siglas, confirmou tal fenômeno. Dentre eles, sete governadores, quinze senadores, uma quantidade não divulgada de prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais. No entanto, essa a capacidade de se juntar pode encontrar alguns desafios já definidos, que se relacionam com os projetos individuais de poder. Além disso, falas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), antes e durante o ato na Avenida Paulista, indicam uma tentativa diplomática – ou pelo menos o início – de minar possíveis nomes da direita.
Para compreender a dimensão, dentre os gestores estaduais, estavam presentes na manifestação: Romeu Zema (NOVO) de Minas Gerais, Jorginho Mello (PL) de Santa Catarina, Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo, Ronaldo Caiado (União) de Goiás, Wilson Miranda (União) do Amazonas, Ratinho Júnior (PSD) do Paraná e Mauro Mendes (União) do Mato Grosso. Desses, dois já declararam publicamente a intenção de disputar a vaga ao Planalto (Caiado e Ratinho) e um, como revelado pelo Jornal O Hoje, já contratou a equipe de pré-campanha, mas ainda não deu certeza (Zema), Tarcísio, por outro lado, nega disposição, porém aliados especulam possibilidade. O governador do Partido NOVO, em entrevistas à imprensa, não esconde o desejo de criar uma composição da direita nacional para derrotar o lulopetismo. Em complemento, o presidente do seu partido, Eduardo Ribeiro, disse que na ausência de Bolsonaro, é certo que o Zema se candidate, mas o anúncio oficial ainda não ocorreu.
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Dessa forma, o que tem sido avaliado, é que o sentimento pela formação de uma unidade política perpassa pelas lideranças, mas sem um cenário definido e uma relativa distância temporal das eleições, projetos individuais ecoam lógica do sucesso regional dos governadores mais bem avaliados em seus estados (Tarcísio, Caiado, Ratinho e Zema). Ademais, o meio bolsonarista tem examinado somente nomes como Tarcísio e Michelle Bolsonaro. Fato que tem peso na ‘decisão’ de quem será o herdeiro político do ex-presidente, que enfrenta uma condenação por abuso de poder político, portanto está inelegível até 2030, e a possibilidade de ser preso pela suposta tentativa de golpe de Estado. Uma possível conjectura, considera que Tarcísio anunciará possível candidatura somente se Bolsonaro for preso, emplacando a força da narrativa da ‘injustiça’ cometida contra o seu padrinho. Tendo em vista que oficialmente, o gestor de São Paulo aponta que sairá apenas para a sua reeleição.
Deu a entender
No decorrer do discurso na Paulista, Jair Bolsonaro disse de forma sutil que o atual estatus do governador de Goiás é “inelegível” em pleno ato. Fala foi compreendida como inapropriada, levando em consideração que a condenação foi em primeira instância e cabe recurso. Além disso, Caiado estava apoiando o ato de Bolsonaro dois dias após anunciar sua pré-candidatura à presidência. Críticos avaliam uma tentativa de minar a candidatura do gestor estadual. “O atual sistema busca cada vez mais tirar da cédula eleitoral do ano que vem as lideranças de direita. O Caiado está aqui inelegível”, disse.
Ao Ratinho Júnior, Bolsonaro afirma em uma coletiva de imprensa que vai apoiar o atual deputado federal Filipe Barros (PL) ao Senado e que “a segunda vaga é do Ratinho”. Novamente compreendido como uma fala inapropriada e uma tentativa de minar a candidatura, uma vez que o gestor do Paraná disse que iria se candidatar à presidência. O meio político avalia que só Tarcísio será o nome do ex-presidente para o Planalto.